(continuação deste post)
Os atuais partidos ditos marxistas deveriam envergonhar-se de propor a retomada do desenvolvimento econômico, e os chineses de continuarem se pretendendo marxistas. O velho barbudo se reviraria no túmulo caso estivesse vendo a deturpação dos seus ensinamentos e análises, cujos acertos são hoje comprovados.
Segundo os economistas Emire Tiftin e Khadija Mahmood, do Instituto de Finanças Internacionais, no final de 2020, a dívida pública mundial ascendia a 335% do PIB mundial, orçada em US$ 281 trilhões, que em nossa moeda correspondem a R$ 1,4 quatrilhões.
Considerando que há uma previsão de aumento de cerca de US$ 100 trilhões em face do crescimento da dívida em 2021, facilmente se conclui que a dívida pública mundial é impagável e causará miséria profunda se continuamos vivendo sob a lógica do capital em fase de fim de festa.
À dívida pública, podemos ainda acrescentar a dívida privada, contraída por empresas e indivíduos junto ao sistema de crédito bancário. Aí a coisa vai para números estratosféricos.
O impasse atual advém de que, se houver estímulos à economia baseados em emissão de mais moeda sem lastro (como vem sendo feito como forma de suprir os déficits do orçamento público), a inflação e o descrédito da moeda podem inviabilizar a vida econômica, ou seja, é capaz de o remédio matar o paciente.
Por outro lado, não havendo tais estímulos, poderá ocorrer um processo de falências em cadeia. Não existe saída dentro dessa lógica; a saída está fora dela, e somente fora dela.
Assim, o expediente adotado pelo capital tem sido o de tentar sobreviver (temporariamente) empurrando com a barriga e impondo aos miseráveis do mundo o pagamento do pesado ônus da manutenção sofrível do capitalismo.
Não raro admite (em off) a eliminação dos que consideram como supérfluos (que são, sob a lógica do capital, todos os que não produzem valor mas consomem valor), seja pela contaminação de rebanho ou por qualquer tipo de guerra que deixemvivos apenas os operadores de máquinas e computadores, além de poucos serviçais úteis e ainda necessários ao escravismo indireto do trabalho abstrato.
A verdade é que, desde a terceira revolução industrial da microeletrônica (iniciada na década de 1970), a economia mundial vem sendo solapada pela contradição dos pressupostos capitalistas de viabilidade.
A confirmação da debacle continuada da economia encontra-se inclusive nas análises do próprio Banco Mundial, que chegam a conclusões bem próximas às nossas, ainda que por análises diferenciadas de causa e efeito, além, é claro, de não admitirem a necessidade de um novo modo de relação social.
E, como pagamos juros diferenciados daqueles cobrados aos países do G7 (às vezes até juros negativos no caso deles), podemos entender bem por que qualquer governo, a partir de 2022, arcará com o ônus da administração da falência capitalista ora em curso, e em particular das difíceis consequências do descalabro administrativo do governo atual.
A nós, os verdadeiros críticos da lógica do capital, não nos cabe administrar o aparelho estatal inadministrável, sob a desculpa de o fazermos para evitar um mal maior e, assim, minimizar o sofrimento do povo.
Quando se administra sob a lógica do capital não se pode ferir os pressupostos constitucionais de engessamento econômico-jurídico que predeterminam o que priorizar e o que não priorizar, sob pena de cometimento de crime de responsabilidade fiscal.
A deposição política é a resultante inafastável de uma administração que:
— não faça concessões aos donos do poder (principais agentes financeiros; grande empresariado industrial, do agronegócio e dos serviços; agentes políticos como o centrão; o poder judiciário, e os guardiões militares da constituição burguesa);
— que administre o erário salvando vidas ao invés de sacrificá-las para salvar as contas públicas e seus credores nacionais e internacionais;
— que, ao invés de incentivar a retomada do impossível crescimento econômico (construção de estradas e pontes, energia, incentivos fiscais, juros subsidiados à produção de mercadorias, etc.), use os recursos do erário para o atendimento prioritário das demandas sociais mais candentes; e
— que denuncie a inviabilidade do capital e seus pressupostos contraditórios.
Quando se administra a máquina pública numa sociedade mediada pelo capital, admite-se, implicitamente, obediência aos seus cânones constitucionais capitalistas opressores (isto, aliás, acontece também com Cuba e Coreia do Norte).
Só poderemos concretizar nosso objetivo de emancipação humana negando o capital no campo econômico e, fora da máquina burguesa, no campo político-institucional, contestando-os com todas as nossas forças! (por Dalton Rosado)
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QUESTÃO DE ORDEM DO DALTON LEVOU 47 MINUTOS.
AÍ O APRESENTADOR CONCLUIU: "OK, VOCÊ VENCEU!"
Nosso colaborador Dalton Rosado voltou à TV Assembleia/CE para falar não só sobre seu último lançamento literário (Era uma vez o Brasil... 1928/1968), mas também sobre toda sua trajetória política e musical – pois ele é também compositor, e dos bons!
Foi no último dia 16, com apresentação de Renato Abreu, no programa Questão de Ordem.. Assistam à entrevista, que vale muito a pena. E se quiserem saber mais a respeito do livro, inclusive sobre como adquiri-lo no papel ou em e-Book, está tudo aqui.
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