Em Mato Grosso, o número de cabeças de gado é dez vezes o de seres humanos (30 milhões de bois contra 3 milhões de pessoas). Unido à produção de soja e milho, a região é irrigada com dinheiro vutuoso, o qual ajuda a erguer prédios, aras, comprar pickups e patrocinar shows e mais shows sertanejos no vetor norte do estado.
No entanto, há filas de pessoas para receber doações de ossos...
Este é um exemplo eloquente da contradição intrínseca do capitalismo, entre a geração titânica de riqueza de um lado e a miséria escrachante do outro.
Já no século 19, Marx apontava que, quanto maior a produção de riquezas pelo capitalismo, maior é a miséria do trabalhador.
Tal lição foi esquecida pela esquerda, não apenas brasileira. Em seu lugar, entrou a crença mítica de que o crescimento econômico e a geração de empregos são a rota para a prosperidade social. Não são.
O capitalismo é essencialmente um sistema de espoliação e transferência de riqueza.
Ele funciona como se fosse uma convecção amputada, indo apenas de baixo para cima: transfere riqueza da base para o o topo, de modo que o topo fica cada vez mais inchado e a base cada vez mais raquítica.
Mas ficou no senso comum a ideia do crescimento econômico enquanto fim para a superação da pobreza e das mazelas nacionais. A ponto de FHC e Lula celebrarem o projeto econômico da ditadura e transformarem um desacreditado Delfim Netto em um gênio da economia.
E agora que a crise brasileira se acentua, com miseráveis tomando conta das ruas do país e a fome a instalar-se no dia a dia, a mídia glorifica o crescimento do PIB, esquecendo-se que ninguém se alimenta, se veste ou mora num PIB. (por David Emanuel Coelho)
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