GOVERNO TRATA COMO 'ANTECIPAÇÃO' A
CHEGADA TARDIA DE DOSES DA VACINA PFIZER
Depois que o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) apresentou como boa notícia a antecipação da entrega da primeira leva de frascos da vacina da Pfizer, ficou todo mundo desobrigado de fazer sentido.
Se o Brasil de Bolsonaro fosse um país lógico, o imunizante da Pfizer já estaria sendo aplicado nos braços dos brasileiros em dezembro do ano passado, época em que ainda dava expediente na pasta da Saúde o general Eduardo Pazuello.
Os primeiros contatos de representantes da Pfizer com autoridades brasileiras ocorreram em julho de 2020. Em agosto, a farmacêutica formalizou a proposta de fornecimento de 70 milhões de vacinas. As doses inaugurais chegariam antes do Natal.
Pazuello e Bolsonaro deram de ombros. O ministro disse que o contrato continha cláusulas leoninas. O presidente declarou que os vacinados correriam o risco de virar jacaré.
As vacinas da Pfizer foram finalmente adquiridas apenas no mês passado: 100 milhões de doses. Pazuello rubricou o documento quando já estava a caminho da porta de saída. Na última 4ª feira (14), o sucessor Queiroga acionou o bumbo para transmitir uma boa notícia aos repórteres:
"A antecipação de doses da vacina Pfizer, fruto de uma ação direta do presidente da República, Jair Bolsonaro, com o executivo principal da Pfizer, que resulta em 15,5 milhões de doses já no mês de abril, maio e junho".
O ministro soou didático:
"Ou seja, conseguimos antecipar no calendário anteriormente previsto das 100 milhões de doses — 2 milhões de doses da vacina da Pfizer, que vão fortalecer o nosso calendário de vacinação".
Nesta 6ª feira, o Ministério da Saúde esclareceu que 1 milhão de doses desembarcarão no país no próximo dia 29. Seria parte da antecipação.
Conversa fiada. A coisa já estava prevista no cronograma alardeado por Pazuello em 15 de março. Vai abaixo a tabela:
— abril: 1 milhão de doses;
— maio: 2,5 milhões;
— junho: 10 milhões;
— julho: 10 milhões;
— agosto: 30 milhões;
— setembro: 46,5 milhões.
.
Fica entendido que a crise no Brasil não é apenas sanitária, mas semântica. No tempo em que as palavras ainda faziam sentido, inépcia governamental ornava com pedidos de desculpa, não com celebrações.
No país que se desobrigou de fazer nexo, o Ministério da Saúde adiciona ao suplício da escassez de vacinas a tortura da intubação a seco, sem sedativos. (por Josias de Souza)
Um comentário:
O JOSIAS AJUDARA E COLABORARA NO FRONT A MATERIALIZAR ESSE BRASIL QUE NÃO FAZ NENHUM SENTIDO E É LETAL. DIRIA USTRIANO NÃO É MESMO JOSIAS DE SOUZA?..
Postar um comentário