celso lungaretti
MOBRAL PARA OTORIDADES – lição 1
Já que o presidente e seus ministros prezam tanto a ditadura militar, vou ensinar-lhes, à maneira do Mobral (programa que visava principalmente à educação básica de adultos e foi lançado pela dita cuja em março de 1968), aquilo que qualquer cidadão brasileiro que não fugiu da escola sabe, menos eles. Mas, nunca é tarde para aprender.
Começarei esclarecendo uma dúvida do advogado geral da União André Mendonça: o Guilherme Boulos estava sugerindo que alguém deveria cortar a cabeça do Jair Bolsonaro ao tuitar a seguinte frase, em abril de 2020: "Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina..."?
Dá pena constatar como a crassa ignorância pode levar alguém às conclusões mais disparatadas!
Não, Mendonça! É que seu amo e senhor, durante uma manifestação golpista na frente do QG do Exército, em Brasília, ousou afirmar que ele próprio era a Constituição (aquele livro do qual Bolsonaro certamente jamais leu uma única página, pois não vem ilustrado com figurinhas).
E isto, para quem conhece o bê-a-bá da História Mundial, trouxe logo à lembrança a afirmação atribuída ao rei Luís 14, da França, que teria dito: "O Estado sou eu", frase-síntese do absolutismo, em que o poder político era concentrado todo na figura do monarca.
Com idêntica arrogância, Bolsonaro pretendeu ser superior à Constituição brasileira, daí ter sido então muito ridicularizado por chargistas e articulistas, que o compararam sarcasticamente ao chamado rei sol.
E Boulos, zombeteiro, lembrou que, após a morte de Luís 14 (1643-1715), o segundo monarca a sucedê-lo, Luís XVI (1774-1792), foi guilhotinado durante a Revolução Francesa.
Ou seja, 77 anos depois da morte do rei mais poderoso da Europa, seu descendente era executado em desonra, depois de haver sido destronado. As voltas que o mundo dá...
Aprendeu, Mendonça? Boulos não estava sugerindo que Bolsonaro fosse privado daquilo que jamais demonstrou ter (cabeça), mas, apenas, fazendo alusão ao que o inesquecível Billy Blanco magistralmente resumiu neste verso: "mais alto o coqueiro, maior é o tombo do tonto".
E o fato de o tonto não ter gostado da comparação é insuficiente para tentar enquadrar um desafeto na Lei de Segurança Nacional, mesmo porque o absolutismo ficou bem lá pra trás, no século 19. (por Celso Lungaretti)
"A vaidade é assim, põe o tonto no alto, retira a escada/ Fica por perto,
esperando sentada/ Mais cedo ou mais tarde, ele acaba no chão/ Mais
alto o coqueiro, maior é o tombo do tonto/ Afinal todo mundo é
igual, quando o tombo termina/ Com terra em cima e na horizontal"
Um comentário:
Bolsonaro é um mentecapto mesmo sem guilhotina ( Orinho Ferreira)
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