A listagem das pessoas mais ricas do mundo, elaborada anualmente pela revista de negócios estadunidense Forbes, dimensiona bem quão iníquo e anti-humano é o capitalismo: num mundo devastado por uma terrível tragédia humanitária (a pandemia), o número de tais biliardários aumentou escandalosamente, de 2.095 para 2.775 (660 a mais).
As fortunas desse pelotão de elite da desigualdade econômica totalizaram US$ 13 trilhões em 2020, contra US$ 8 trilhões em 2019.
Ou seja, quando mais o mundo padece, mais essa corja enriquece.
A mesma tendência se verificou com relação aos nababos brasileiros: eram 45 e, ao todo, possuíam R$ 710 bilhões; agora são 65, com um patrimônio total de R$ 1,225 trilhão.
A pergunta que não quer calar: confiscando-se a grana de míseros 65 ricaços, quantos milhões de brasileiros pobres e vulneráveis poderiam ser salvos da morte pelo vírus ou pela fome e males da miséria que a atual depressão econômica maximizará?
Pelos meus cálculos, seguramente tal quantia faria a diferença entre a vida e a morte para, no mínimo, 6,5 milhões de brasileiros.
Ou seja, para cada um desses 65 cidadãos Kane que vai continuar desfrutando de uma riqueza excessiva ao extremo e quase sempre mal ganha, 100 mil compatriotas sofrerão mortes horríveis.
E, antes que entulhem minha caixa com mensagens vituperando meu comunismo, quero lembrar que solução semelhante para encher os cofres de uma nação em graves dificuldades econômicas foi adotada pelo rei francês Felipe, o Belo no século 14, quando usou de todo o seu poder para fabricar um processo contra a ordem dos templários, como pretexto para confiscar-lhe suas consideráveis riquezas.
Detalhe: para que admitissem crimes e perversões que, em sua maioria, não tinham cometido, foram barbaramente torturados e vários deles executados, inclusive o grão-mestre, condenado à fogueira. Naquele tempo, os poderosos também sofriam tais injustiças. Agora, são os coitadezas que suportam todo seu peso.
Até quando? (por Celso Lungaretti)
7 comentários:
Celso admiro seu fervor em ver solucionado o problema da pobreza e da inclusão e, na sua faina de jornalista, é lógico propor soluções, mesmo que inviáveis.
Todos estamos angustiados e fazemos o mesmo que você em nossas elucubrações íntimas.
Concordamos que o nível atual de desigualdade social é abjeta e imoral.
Posso estar errado, mas o fato é que a "fortuna" dos bilionários está computada em dinheiro, títulos do governo, títulos diversos (inclusive imobiliários), ouro, ou seja, é tudo tutelado pelo estado.
Então, é lógico pensar que o estado já confiscou tais bens, embora conceda a esses bilionários o direito de gerir, a sua maneira, a riqueza que aparentemente possuem.
Isso é tão verdade que Eike já foi bilionário pela Forbes.
Critério zero.
Pois bem, se tudo o que eles possuem é riqueza abstrata e que pode ser confiscada, como você mesmo sugere, para distribuir aos pobres então, por que não se faz isso?
É tão simples acabar com a pobreza!
Contudo, pode ser que não seja possível confiscar as qualidades intelectuais e morais que fizeram deles bilionários e, tenho observado isso, parece que o povo não está muito interessado em tê-las.
Se não, por que ganhadores de prêmios milionários acabam invariavelmente pobres de novo?
A proposta deveria ser apelar para as qualidades superiores desses seres humanos muito especiais. O que se sabe é que Bill Gates investe muito em filantropia. Warren Bufett entrega para o Bill bilhões de dólares, pois ele diz que Bill e Melinda sabem fazer filantropia.
O estado tem dois únicos objetivos: usar a violência sem punição e arrecadar impostos.
Não se pode acreditar que quem está com a arma na mão e quer obter apenas coisas materiais, pensando que isso é riqueza, seja o mais indicado para fazer a justiça social.
Que qualidades morais? Ganância desmedida, desumanidade extrema e berço de ouro? Não farão falta nenhuma. Sou mil por cento Balzac: "Atrás de toda grande fortuna há um roubo".
O qual, como sabemos, é a extração da mais-valia. Afora aqueles capitulados no Código Penal e que são fartamente cometidos por essa corja, que difere dos bandidos assumidos porque estes, pelo menos, correm os riscos inerentes ao seu ofício. Os ricaços até disto são poupados.
Como profissional de comunicação empresarial, conheci muitos dessa fauna. Escrevia para eles os discursos inteligentes que jamais seriam capazes de criar sozinhos. E nem de longe foram os melhores seres humanos com quem travei contato na minha jornada.
E, como sou bom em matemática, para mim nunca um equivalerá a 100 mil.
Bom domingo, meu caro.
Pensando melhor, resolvi acrescentar algo à resposta que acabo de dar ao caro SF.
Eu até conheci um ou outro grande empresário dotado das qualidades morais e intelectuais que ele supõe existirem na elite econômica. Mas, tais personagens, lá pela década de 1980, eram espécimes em extinção.
Também como profissional de comunicação empresarial, coube-me prestar as últimas homenagens a vários deles que estavam saindo de cena. Escrevi enormes matérias-de-capa para revistas e jornais de empresas, relembrando suas trajetórias. E nelas dava para perceber alguns talentos diferenciados, pelo menos dentro do foco deles, que era o de ganhar dinheiro (que sempre considerei um objetivo menor para o ser humano).
Aventureiros, ousados, visionários, tinham histórias interessantes para contar. Com eles eu não me entediava.
Mas, cabia-me também apresentar aquela nova fornada que os substituía. Eram intragáveis, parecendo clones: tinham feito a mesma graduação em determinada faculdade de elite, a mesma pós noutra, todos jogavam tênis, todos tinham a mesma opinião, todos atuavam dentro do conceito de liderança participativa (ou seja, sempre tinham com quem dividir a culpa quando as coisas dessem errado), enfim... todos eram chatos de galocha.
Percebi que os antigos, apesar de alguns serem piratas como os contrabandistas de bebida na lei seca que tornaram rico e poderoso o clã dos Kennedys, tinham algum valor pessoal. Os novos, nenhum.
Bill Gates é mera exceção.
Viu o que o Lulinha "paz e amor quero ser centro" disse sobre o Battisti ontem? Pediu desculpas aos italianos por não extraditar o Cesare, haja vista a confissão. Pqp. Cala a boca, magda.
Fico tocado e, cada vez mais, admirado com as suas qualidades.
Sim, lembrar do seu estilo e da sua prosa que flui tão serena e dá conta de transmitir as ideias mais complexas.
Talvez eu seja naif, mas continuo certo de que o bem, o bom, o belo e o verdadeiro são os valores humanos fundamentais.
Companheiro,
o Lula não deveria ter tocado jamais nesse assunto, pois apenas mostra que péssimo ser humano ele é.
Foi sempre contra a luta armada, aqui, na Itália, na Cochichina, seja lá onde for.
Mas, sabendo que logo ficaria sem mandato, não podia contrariar petistas influentes que consideravam ponto de honra a solidariedade ao Cesare.
Chegou a mandar recado ao Gilmar Mendes: caso o Supremo decidisse sozinho a extradição do Battisti, ele não moveria uma palha.
Caso a última palavra coubesse a ele, Lula, então não extraditaria.
Quando o Aires Britto votou a favor de que se mantivesse a tradição de delegar ao presidente da República a palavra final, Gilmar Mendes o pressionou de forma contundente ao extremo, chegando a ser indelicado. Mas, o Aires se manteve firme: ele noutras vezes votara em favor da prerrogativa presidencial e não mudaria seu entendimento.
Tamanha era a má vontade do Lula que, ao invés de anunciar imediatamente sua decisão de não extraditar o Cesare, deixou o assunto em stand-by, se bem me lembro, por nove meses.
E quase encerrou seu mandato sem tomar decisão nenhuma. Mas, alguém do PT deu o alarme e a edição do último Diário Oficial da União foi recolhida na gráfica, uma notícia foi retirada e o espaço preenchido com a decisão do Lula. Aí o jornal foi impresso.
Ou seja, ele pediu perdão ao povo italiano por uma decisão que jamais pretendeu tomar e tomou a contragosto, porque precisava da ajuda de aliados importantes dentro do partido para atravessar os quatro anos sem mandato que viriam a seguir.
Ele deveria é pedir desculpa aos brasileiros por sua falta de firmeza e de caráter.
De Luiz Carlos Barbosa
Expresso minha concordância com o que foi dito pelo editor do blog há poucos dias respondendo a um leitor. Que 80% dos políticos profissionais no Brasil são sem caráter e que Lula está incluído entre eles.
Acrescento, sem caráter e desumano pois Battisti está preso numa masmorra da Itália e de lá não sairá vivo. Portanto,Battisti está impossibilitado de responder a essa covardia.
Gerações futuras julgarão Lula pelo o que ele foi nefasto na desorganização, desmobilização, deseducação política do povo.
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