eliane cantanhêde
MINISTRO DA DEFESA FOI DEMITIDO APÓS RECUSAR
ALINHAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS AO GOVERNO FOLSONARO
O presidente Jair Bolsonaro pediu o cargo do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, seu amigo de décadas.
Motivos: ele se recusava a garantir um alinhamento automático e a manifestar apoio das Forças Armadas a posições do presidente que caracterizariam o envolvimento direto dos militares com a política.
A crise agravou-se com os sucessivos vexames do general da ativa Eduardo Pazuello na Saúde e se deteriorou de vez quando Bolsonaro disse que o meu Exército não iria para as ruas obrigar o povo a ficar em casa.
Além de Azevedo e Silva, também podem entregar os cargos os comandantes do Exército, general Edson Pujol; da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior; e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez. Enquanto o ministro apresentava uma nota à imprensa anunciando sua saída do cargo, os três comandantes se reuniram para tomar uma posição conjunta.
A relação entre Bolsonaro e Azevedo Silva vinha se deteriorando havia meses e na semana passada o ministro avisou aos comandantes e a assessores diretos que estava se tornando insustentável.
No domingo (28), a gota d’água foi uma entrevista do chefe do Departamento Geral de Pessoal do Exército, general Paulo Sérgio, ao jornal Correio Braziliense, comparando as ações efetivas do Exército na pandemia ao desastre produzido por Bolsonaro. O índice de letalidade por covid na população é de 2,5%, no Exército fica em 0,13%.
Na expectativa do Planalto, a Defesa e o Comando do Exército deveriam ter tomado alguma atitude, repreendido de alguma forma o general, que, inclusive, defendera a Organização Mundial da Saúde, o isolamento social, o home office, as máscaras e as vacinas, sem uma única manifestação de aprovação ao uso da cloroquina ou do tratamento precoce propagandeado pelo presidente.
"nomear Pazuello para transformá-lo em bode expiatório" |
Nesta 2ª feira, 29, Bolsonaro chamou Azevedo e Silva ao Planalto e os dois tiveram uma conversa rápida e decisiva. O presidente pediu o cargo ao ministro e tentou lhe oferecer um prêmio de consolação, fosse num conselho de estatal, fosse em algum instituto com sede no Rio de Janeiro, Estado do general, que não aceitou.
Sua única concessão foi combinar que ele faria a nota e assumiria que a decisão de sair tinha sido dele. Não foi. Objetivamente, o general foi demitido pelo presidente.
Marinha e Aeronáutica sempre fizeram questão de manter distância da política, do Planalto, do governo e do próprio Bolsonaro e também são as mais críticas aos rumos do governo e às falas do presidente na pandemia.
Assim, a Força mais afetada pela chegada do capitão da reserva ao poder foi o Exército. Além de encher o Planalto de militares do Exército, ele também nomeou muitas centenas de militares em estatais, conselhos, Saúde, Meio Ambiente – áreas que têm manchado a imagem do Brasil no exterior.
O Exército, p. ex., nunca engoliu que Bolsonaro tenha participado de manifestação golpista com o Quartel-General ao fundo, nem que tenha levado Azevedo num helicóptero militar para sobrevoar uma outra manifestação desse tipo.
Altos oficiais desaprovaram ato pró-intervenção militar diante do QG do Exército |
Também houve um mal estar, nunca resolvido, por Bolsonaro ter jogado no lixo um detalhado estudo da inteligência do Exército defendendo o isolamento social no início da pandemia. Jogou no lixo e não pôs nada do lugar, além de ter nomeado o general Pazzuelo para executar suas ordens absurdas e transformá-lo em bode expiatório.
A reação de Pazuello – um manda, outro obedece – mexeu com os brios militares, virou uma espécie de marco.
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Almirante Rocha – O vazamento do nome do almirante da ativa Flávio Rocha para o Itamaraty também estremeceu ainda mais as relações do presidente com as três Forças, que sentem-se traumatizadas pelo desastre da gestão Pazuello na Saúde e já não gostavam de um almirante da ativa no Planalto, quanto mais numa área sensível como política externa.
Na Marinha, a reação foi instantânea: se Rocha quisesse assumir o cargo, teria de automaticamente passar para a reserva, o que ele não pretende fazer. (por Eliane Cantanhêde, n'O Estado de S. Paulo)
7 comentários:
As FA são governo e com ele estão envolvidas até o pescoço.
Estas últimas movimentações não passam de encenação do plano B para salvaguardar a imagem das FA.
É insano imaginar que o bozo tem ascendência sobre os generais e não o contrário.
E o plano B é deixar registrado na história que genocida é o bozo e isentar as FA.
Pessoal, boa noite. Ou melhor, como dormir a meio a percepção q tds estamos chegando a limites bastante perigosos. A exemplo do q vemos nos EUA de ataques inusitados e violentos contra asiaticos - coisa p mim chocante, a cada dia vejo amigos discutindo suas ignorâncias. A Catanhede é pessoa nada confiável e representante da direta radical. Ela diz o q interessa p o jogo, não necessariamente informação. Outro ponto q me toca é q o governo é composto por militares lembrem-se: ha quase 11.000 mil militares no governo federal! Portanto, há estratégia, método e missão. Eles estao no jogo, há uma estratagema q os expertos deverão decifrar a despeito de minha (nossa) impotência em face dos acontecimentos. Esse aposentado das forças armadas q saiu da defesa foi o mesmo q operou toffoli enquanto presidente do STF e apoiou o moribundo Villas Boas na ameaça contra o mesmo. Tds - pazuelo, Santos cruz e qq outro q carregue insígnias sobre o casaco estao em missão, o executivo federal é ordem militar e não civil onde o tecnocrata entra e sai no calor de seus pp interesses. Por isso, gostaria de crer q o eminente Editor e demais respeitados leitores busquem nas entrelinhas o verdeiro roteiro desse teatro de horror q somos constrangidos a acompanhar. A matéria da Folha faz parte do enredo.
Me perdoem,tlv insônia, e divago, p terminar gostaria de acrescentar q o generalato do primeiro escalão do governo é a turma do Haiti q estao juntos ate hj p o bem e p o mal tendo como unico interesse GRANA. Lembrem-se q muitos deles ja estavam abrindo seus espaços no COB durante as olimpíadas, ou seja, as mesmas credenciais: incompetência, acumulos de proventos e descaso c a coisa pública - sito como exemplo o gal Heleno. Democracia p eles é problema do Houaiss...
Tudo indica que amanhã não haverá a grande comemoração de aniversário da revolução de 31 de março de 1964, pois o ambiente na caserna não está muito amigável.
Repete-se às avessas a mesma cena de 12 de outubro de 1977 quando da demissão do general Silvio Frota.
Cássio,
quem predomina sobre todos é o poder econômico.
O Bozo cairá como consequência da mudança de presidente dos EUA e da constatação dos poderosos da economia de que a utilidade dele acabou e agora está sendo só estorvo, expressa na Carta dos Economistas.
O alto oficialato aproveitou a onda para resgatar a imagem da corporação, mas você não pode imputar-lhe todas as lambanças que o Bozo tem feito, porque ele é meio louco e totalmente despreparado.
Se seguisse a orientação dos milicos, jamais se enterraria até o pescoço sabotando o combate à pandemia. Os altos comandos militares não são tão estúpidos assim. As chances de dar errado eram de 99,99%.
Menos, Nadja, menos. Os altos comandantes militares, os realmente importantes, não são mendigos nem se venderiam tão barato. Quem participou da farra do Bozo é gente tipo Pazuello.
Quanto à Eliane, só por não ser petista não quer dizer que seja direitista. Mesmo porque, bem vistas as coisas, o PT neste século vem sendo mera força auxiliar da direita.
A Eliane é a jornalista no Brasil que melhores acessos tem aos bastidores da cúpula militar, tem acertado todas as previsões. Leio-a com atenção porque amiúde traz informações que ninguém mais tem.
E deu um banho nos colegas desta vez. Enquanto o Reinaldo Azevedo não sabia ainda o que tinha realmente ocorrido quando o ministro da Defesa foi demitido, a Eliane já colocava no ar a história completa. Em seguida, outros comentaristas foram na cola dela, apenas acrescentando um ou outro detalhe.
Fui colega da Eliane no Estadão e afianço que o preconceito contra ela é injusto.
Correto, Henrique. Só que a operação articulada pelo Hugo Abreu foi perfeita. Já a exoneração do ministro da Defesa foi um completo desastre, o Bozo perdeu definitivamente os quartéis.
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