quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

POR QUE FRACASSAM AS VÃS TENTATIVAS GOLPISTAS DOS ENERGÚMENOS E TRESLOUCADOS? – 2

(continuação deste post)
E
sses são apenas alguns dos muitos exemplos de irracionalidade próprios à natureza fetichista do ser humano formatado na subtrativa relação social capitalista, que ora se encontra no seu limite histórico existencial e que provoca a ebulição hoje claramente fervescente. 

Diante disso, o que está a acontecer?

A falência do modo social capitalista, tido como eterno e para o qual, segundo os seus defensores, cabem apenas ajustes institucionais e econômicos que sejam próprios à sua natureza e continuidade, está a provocar movimentos em sentidos pretensamente contrários, mas, infelizmente, dentro da imanência do dito cujo. 

Assistimos, estupefatos muitos, exultantes outros, à volta recente de conceitos e práticas que haviam sido aparentemente banidos da história da humanidade após os horrores da 2ª Guerra Mundial.

Quem poderia ostentar uma suástica em 1946, sem ser linchado pelos que ainda amargavam as perdas humanas e materiais recentemente sofridas? Contudo, atualmente até partidos políticos se formaram sob os mesmos estatutos criminosos do nazi-fascismo. 

Os defensores de uma ordem social belicista, que propaga a necessidade de armar o povo para a defesa dos seus direitos, escondem, sub-repticiamente, desejos inconfessados do direito à formação de milícias populares induzidas ao crime praticado oficialmente, sob o beneplácito do poder armado, tal como correu durante o totalitarismo populista de Hitler, que ascendeu ao poder pelo voto, para depois se afirmar como ditador. 

A volta ao passado, no entanto, dependeria não apenas do apoio militar, mas de um modo de produção que lhe fosse consentâneo, e isto já não é possível. Tal é a razão do fracasso da onda ultradireitista que hoje escoa para o ralo.

O processo dialético histórico se encarregou de mostrar que o capitalismo, quando parecia definitivamente vitorioso com a queda do muro de Berlim em 1989, estava é virando a curva história rumo à sua autodestruição.

Mas, ainda não se observam iniciativas no sentido da superação do capitalismo falimentar e sua substituição por um modo de produção social racional: ele se debate tentando não afundar de vez e assim gera movimentos aparentemente contraditórios, mas que embutem, na sua essência, uma pretensão de continuidade. 

Está claro que os movimentos de ultradireita e seus conceitos retrógrados não recebem apoio substantivo, nem popular, nem institucional-militar (os militares estão ressabiados com essa história de assumir o poder decrépito, e entendem que basta tutelá-lo à espreita), daí o fracasso dos energúmenos e neófitos tresloucados nas suas vãs tentativas golpistas ou de manutenção no poder político institucional pelo voto. 

O presidente Destrumpelhado pecou nos dois aspectos e terminou ridiculamente derrotado: perdeu no voto e na porrada. O piorado congênere tupiniquim terá o mesmo desfecho. 

Diante das ameaças, o capitalismo mais econômico e menos politicista ensaia providências que visam conservar os dedos, mesmo que tenham que se desfazer de alguns anéis.

A recente tomada de decisão do G20 (grupo de países ricos ou em desenvolvimento que, como o Brasil, majoritariamente seguem as regras da democracia burguesa, ainda que inclua ditadores ou governantes com DNA totalitário, mas eleitos pelo voto), no sentido de aprovar a moratória da dívida pública dos países pobres até julho de 2021, insere-se nesta tendência. 

A denúncia da economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, de que
o cenário capitalista mundial é insustentável, confirma o que os esquerdistas mais consequentes vêm dizendo há anos. 

No mesmo diapasão segue o secretário-geral da ONU, António Guterres, quando afirma que os US$ 11 trilhões (dinheiro sem valor, injetado na economia dos países pobres como forma de evitar-se o colapso das relações mercantis internacionais e sobre os quais incidem juros pesados) estão sendo tomados de empréstimo das gerações futuras.

Joe Biden apresenta uma proposta democrático-burguesa da pretensa solução do problema, uma espécie de reprodução do New Deal, série de programas com que o presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt procurou, em 1933/37, recuperar e estimular a economia daquele país, atenuando os efeitos da Grande Depressão

Vale lembrar que, apesar do New Deal e de vários programas de ajuda social lançados pelos governos estaduais,  a pior recessão estadunidense em todos os tempos, iniciada no segundo semestre de 1929, estendeu-se por toda a década de 1930, só sendo superada graças às encomendas de vários itens que passaram a chegar de países envolvidos na 2ª Guerra Mundial, e, a partir de dezembro de 1941, da entrada dos EUA no conflito.   

Juntamente com França, Alemanha e Reino Unido, os Estados Unidos pretendem firmar uma convergência na qual haja um consenso sobre os investimentos que devem ser feitos na produção de energias alternavas limpas, e que se constitua numa forma de concentração de investimentos que promovam a melhora nos níveis de empregos graças aos recursos daí advindos. A conservação da Amazônia está no foco dessa intenção, conforme afirmado por Biden em campanha.

Tal iniciativa visa, ao mesmo tempo, combater os efeitos catastróficos da emissão de gases poluentes na atmosfera e promover uma retomada dos empregos capaz de realimentar a economia. Esta é a pretensão.

Entretanto, como em economia tudo tem efeito colateral, a substituição da energia fóssil em grande escala pelas energias limpa, implica uma perda de empregos que a primeira promove.

Desaparecerão, p. ex., os postos de gasolina (que empregam uma infinidade de trabalhadores em transporte, abastecimento, escritórios, espaços físicos a serem conservados, etc.), se for oferecida a alternativa de abastecer-se o veículo de modo mais simples e duradouro com energia elétrica. 

As indústrias que consomem óleo diesel passarão a contar com fontes energéticas limpas (fotovoltaicas e eólicas, principalmente) que dispensarão o combustível fóssil;  como consequência, um importante setor da economia petrolífera sucumbirá. 

Tudo que se relaciona à extração, beneficiamento e transporte do petróleo sofrerá uma paralisia, levando de roldão tão setor da economia. 

Ou seja, o capital está com um problema enorme a ser resolvido para a sua própria sobrevivência e, como vemos, a partir dos seus próprios fundamentos contraditórios que agora tornam explícitas tais condições. 

Sob a lógica da imanência capitalista, a socialdemocracia, que pretende dar uma face humana ao capital e assim fazê-lo sobreviver, terá uma tarefa inglória pela frente. 

Na nossa visão de emancipacionistas, trata-se de um programa bem difícil de ser compreendido e implantado. 

Por que não partirmos para a opção inversa, e perfeitamente viável, que é a de passarmos a viver fora dos agonizantes pressupostos da imanência capitalista, superando-a? 

Como recentemente dissemos, o futuro flerta conosco. (por Dalton Rosado)

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