segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

POR QUE FRACASSAM AS VÃS TENTATIVAS GOLPISTAS DOS ENERGÚMENOS E TRESLOUCADOS? – 1

dalton rosado
O IRRACIONAL PERMANECE?
É incrível como o ser humano formatado na matriz fetichista da forma-mercadoria se comporta socialmente de modo irracional. 

Tal modo de relação social transforma os indivíduos sociais em cidadãos que contribuem, via pagamento de impostos ao Estado, para a opressão por eles sofrida; ou seja, em seres esquizoides que agem sob um comando externo que conspira contra eles próprios.

Há uma inconsciência do cidadão sobre a natureza da relação social sob a qual ele vive, daí seguir, como mero integrante da manada, em direção ao abismo. 

Podemos citar como exemplos disso, os comportamentos de irracionalidades estrutural e consequencial. 

São comportamentos irracionais estruturais próprios à lógica fetichista da forma-mercadoria:
— as agressões ecológicas que destroem a vida natural, colocando em risco a própria sobrevivência da espécie humana;
— a busca de uma riqueza individual a partir de um modo de produção social que segrega e empobrece a maioria;
— a aceitação passiva de um poder político vertical que serve a uma ordem de relação social segregacionista, como se ele fosse a resultante de um processo pseudo-democrático, e isto aceitando-se a definição de democracia como governo do povo (*);
— a formação de um caríssimo poder armado (sustentado pelo cidadão), que mantém, mediante a coação implícita ou explicita das armas, o poder político instituído e a exploração social característica do modo de produção social segregacionista acima referido. 

Mas, existe a irracionalidade consequencial a esse modo de organização social e de produção social, pois, afinal, uma coisa leva à outra. 

Caso, p. ex., de uma circulação de veículos pra lá de vagarosa nas grandes metrópoles, lembrando até as carroças que se arrastavam por ruas enlameadas do final do século 19. Ademais, tais veículos emitem o gás carbônico causador do efeito estufa, uma séria ameaça à humanidade. 

Poderíamos, contudo, dispor de um sistema unificado e eficiente de transporte urbano com energia limpa (hoje facilmente acessível), que reduzisse o tempo de trajeto e aumentasse a comodidade para todos, salvo os privilegiados já escapam da precariedade atual por usarem helicópteros.

Eis algumas evidências de irracionalidade chocante: 
— há quem acredite que as vacinas contra a covid possam transformar os vacinados em jacarés, cobras d’agua, ou fazerem nascer barbas em mulheres e mamas em homens;
— há quem creia que a terra seja plana;
— há quem acredite na existência de raças inferiores e superiores, devendo os primeiros apenas servir aos segundos (tais supremacistas raciais pregam uma limpeza étnica, a ser efetuada inclusive por meios violentos);
— há quem creia que os cidadãos tornados supérfluos para a produção social mercantil por absoluta falta de empregos (o desemprego estrutural) sejam párias sociais que representem um peso para a economia do país, e que eles sejam culpados por suas próprias tragédias pessoais, daí merecerem morrer, seja numa pandemia ou numa guerra genocida;
— há quem acredite que todos os protestos racionais contra a irracionalidade dos retrocessos civilizatórios representem uma conspiração comunista contra a boa fé cidadãos de bem; 
— há quem creia que o atual processo político-eleitoral possa ser imune à influência do poder econômico e que a vontade popular seja livre para exercer suas escolhas;
— há quem considere que o exercício do poder político possa ser imune à corrupção sob as suas mais variadas formas, e que existiriam políticos fora da órbita desses variados tipos de corrupção;
— há quem acredite que haja dinheiro bom (bem ganho) e dinheiro ruim, e que possam existir práticas éticas sob uma lógica de relação social moralmente decomposta, que incita o cidadão a levar vantagem sobre o seu semelhante em todas as situações; 
— há quem creia ser sustentável no longo prazo a pirâmide do lucro meramente especulativo da criptomoeda bitcoin, que no ano de 2020 foi de 200% sobre o capital investido, sem produzir uma só mercadoria, sem auferir juros e sem gerar empregos e impostos; 
— há quem acredite em tudo que é divulgado nas redes sociais, as quais as propagam como verdades absolutas e as introjetam nas mentes dos crédulos;
— há quem creia que o pobre seja culpado por sua pobreza, e o rico, merecedor de sua riqueza;
— há quem veja no empreendedor um benemérito social e no trabalhador que o enriquece,  um beneficiário da faina do primeiro;
— há quem creia que o escravo tenha nascido para ser escravo, e que o escravizador mereça elogios por oferecer oportunidade de vida, ainda que miserável, ao escravizado;
— há quem pregue a tal da resiliência (palavra perigosa e que ultimamente foi incorporada como virtuosa no imaginário popular) vá ser recompensada futuramente, ainda que não na Terra mas numa vida espiritual eterna, desde que o otário pague o dízimo pontualmente);
— Há quem more em palafitas (dentro do rio, portanto) na cidade de Manaus, embora seja uma região com baixíssima densidade demográfica – ocorre que a terra urbana por lá anda muito cara para um trabalhador assalariado;
— há quem acredite que a mulher seja frágil e, portanto, dependente da força do homem, daí merecer menos em todas as circunstâncias;
— há quem creia que homossexualidade seja doença a ser submetida à cura religiosa ou médica;
— há quem acredite que mulher feia esteja, por isto mesmo, imune ao direito do macho alfa de estuprá-las, enquanto que no caso das bonitas tal direito seria factível; 
— há que acredite que a tortura (e o assassinato) de um preso, seja por questões políticas ou outras, seja algo natural, não merecedor de punição; 
— há quem aprove a tese de que bandido bom seja bandido morto (bem na cabecinha...), tudo dependendo de uma avaliação pessoal e intransferível;
— há quem creia que golpe militar seja medida saneadora;
— há uma amnésia coletiva com relação a acontecimentos trágicos do passado, sejam os do Holocausto (hoje negado por muitos, apesar de constituir-se em verdade histórica inquestionável), os das ditaduras militares dos anos de chumbo ou os da assombrosa quantidade de processos inquisitoriais e de assassinatos sistemáticos que marcaram o totalitarismo stalinista na URSS); 
— há quem veja como correto uma pessoa física ou jurídica ser proprietária de 1 milhão de imóveis e que um ancião desempregado, sem casa para morar, acabar despejado por falta de pagamento, graças a uma decisão judicial cegamente submissa àquilo que é legiferado como cânone legal consentâneo com os princípios do direito; 
— há quem creia que a palmatória e o ajoelhar sobre grãos de milho sejam os melhores remédios para as peraltices ou a preguiça das crianças, e que defender o retrocesso civilizatório nas escolas contribua para a volta a um passado virtuoso, livre da praga dos ensinamentos comunistas. (por Dalton Rosado – continua neste post)
*
tal definição, vale dizer, é um equívoco em si, de vez que nem na terra de origem da dita cuja, a antiga Grécia, o governo estava nas mãos do povo: os demos eram apenas os citadinos aptos a exercerem a sua opinião, diferentemente dos escravos e outras castas sociais que nem este direito possuíam. (DR)

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