quinta-feira, 24 de setembro de 2020

UNIDOS, O DRAGÃO ENDINHEIRADO E O URSO ARMADO ATÉ OS DENTES MUDARÃO CORRELAÇÃO DE FORÇAS INTERNACIONAL

Rodolfo e Eleonora de Lucena
A ALIANÇA ENTRE CHINA E RÚSSIA
É INÉDITA E TREMENDA
.
"A aliança da China com a Rússia é sólida, vai se firmar e ter muita força no cenário internacional. Vai ser uma força que não teve nunca. 

As duas juntas são uma coisa tremenda. Tem a população chinesa que é imensa. A população russa não é desprezível –é um pouco menor que a do Brasil.

E a Rússia tem um território enorme, com riquezas naturais, inclusive petróleo. E com um grande poder militar. No curto prazo, é uma aliança no momento natural.

Simplificando muito, uma tem o dinheiro e outra tem as armas. É natural que as
duas procurem se coordenar. E elas estão se coordenando, inclusive no setor de
armas bastante também em política externa."
A
análise é do ex-ministro Celso Amorim (foto ao lado). Para ele, essa coordenação acontece agora, p. ex., com a Rússia apoiando a China nas questões do Mar do Sul da China e com a China apoiando a Rússia em relação ao Belarus. 
"Há uma visão que se criou em torno da Rússia que é totalmente absurda. Não contentes em expandir a Otan para os países do leste europeu, isso passou a entrar nos países da antiga União Soviética. As pessoas falam em império soviético. 
Mas esses países eram parte da Rússia czarista. Esses países eram parte da antiga Rússia, e agora há uma determinação de avançar até a fronteira. Não é à toa que houve todas as manifestações na Ucrânia, na Geórgia Ocidental. Não é à toa esse barulho torno da Belarus. 
Não sei o governo de lá o que é que é. Provavelmente não é bom. O cara é presidente há 20 anos; não é coisa boa. Não vou defender o governo. Mas não tenho a menor dúvida que esse interesse todo pela democracia da Belarus, que não havia se manifestado, p. ex., pela democracia na Arábia Saudita, tem tudo tem a ver com o assunto estratégico. Isso leva a Rússia a se aproximar mais da China".
Já a C
hina, continua o ministro, vai sendo fustigada:
"Hong Kong, Mar da China Taiwan. Pela primeira vez, um funcionário de altíssimo nível dos EUA vai a Taiwan, contrariando uma política de mais de 40 anos. Rússia e China têm sido muito atacadas pelos EUA, com ênfases e maneiras diferentes, de acordo com o partido no poder. 
O inimigo do meu inimigo é o meu amigo. Essa é uma das frases mais faladas quando se trata das alianças." 
A aliança inédita, explicitada em documento divulgado no último dia 11 de setembro, é baseada em interesses nacionais, não em similitudes ideológicas, de acordo com Amorim. “Putin não tem nada de marxista. O principal partido de oposição ao Putin é justamente o Partido Comunista”, lembra o embaixador. 
TOQUE DO EDITOR De uma longa entrevista do Celso Amorim ao site Tutaméia estou reproduzindo a parte inicial, sobre a aliança sino-russa, que certamente impactará fortemente a correlação de forças na cena mundial. Os outros temas abordados por Amorim e a íntegra do documento firmado pelas duas nações podem ser acessados aqui. (CL) 

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