segunda-feira, 14 de setembro de 2020

O BOZO VETA A MAMATA DAS IGREJAS, MAS SÓ PARA ILUDIR IDIOTAS; UM DIA A CASA CAI

Espremido entre o fiscalismo de Paulo Guedes e o oportunismo da bancada da Bíblia, Jair Bolsonaro refugiou-se no equilibrismo. Criou uma nova modalidade de veto: o veto com fé. 

Assim, barrou o perdão das dívidas tributárias das igrejas, como queria o ministro da Economia. Mas expressou sua fé na disposição do Congresso de remover a montanha que oprime a cristandade da sonegação. 

De olho no voto evangélico, Bolsonaro tratou seu próprio veto como um pecado. Estimulou os congressistas a castigá-lo, derrubando o veto. Esclareceu que, se pudesse, infligiria a penitência a si mesmo:
"Confesso. Caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto, que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo"
O passivo dos irmãos nasceu de autuações da Receita Federal. Embora disponham de imunidade tributária, certas igrejas realizaram uma distribuição incerta de resultados financeiros entre pastores e líderes religiosos. 

Algo muito parecido com a distribuição de lucros de uma empresa. O fisco decidiu cobrar a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido e a contribuição previdenciária. Coisa de R$ 1 bilhão. 

O projeto que anistiou o débito das igrejas foi aprovado no Congresso sob aplausos dos líderes do governo, que foram ao microfone para recomendar voto a favor. Bolsonaro sinalizou que avalizaria o perdão. 

Vetou sob a alegação de que havia um "obstáculo jurídico incontornável". Anotou nas redes sociais que o veto evita "um quase certo processo de impeachment", por irresponsabilidade fiscal. Bolsonaro não se deu conta. Mas seu estímulo à derrubada do veto não prestigia os evangélicos. Homenageia apenas a esperteza de líderes religiosos. 
Todo brasileiro de bem deve orar para que o veto seja mantido. Sob pena de os brasileiros serem separados em dois grupos: os idiotas e os espertos. 

Os idiotas —crentes e ateus, pessoas físicas e empresas— pagam em dia os seus tributos. Os espertos levam o fisco no beiço. Quando autuados, cavam anistias no Legislativo. 

Para a bancada da Bíblia, o apelo de Bolsonaro em favor da derrubada do próprio veto talvez seja apenas mais uma evidência de que Deus existe. 

Paulo Guedes e sua equipe também acreditam que Ele existe. Mas receiam que o Todo-Poderoso já não dá expediente full-time. (por Josias de Souza)
TOQUE DO EDITOR Essa coisa que passa por presidente do Brasil não só vetou um projeto imoral apenas para idiota crer, pois está careca de saber que seu veto será derrubado na Câmara Federal; mas finge que o fez por medo de um processo de impeachment, quando tal risco simplesmente não existe.

A abertura do processo de impeachment presidencial precisa ser autorizada por nada menos que 66,67% dos deputados federais, mas com que cara o fariam, se 73,1% deles votaram a favor da irresponsabilidade fiscal em questão?!  

Os motivos foram outros: jogar nas costas dos deputados a culpa por tal mamata e dar a Paulo Guedes uma desculpa para nem desta vez proceder como um ministro minimamente digno o faria, depois de ser mais traído pelo governante a quem serve do que il magnifico cornuto da comédia clássica italiana. (CL)  

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