domingo, 26 de julho de 2020

PREJUÍZO COM DESPERDÍCIO CRIMINOSO DE VERBAS EM REMÉDIOS MILAGROSOS É MAIS OUTRO ESCÂNDALO DA ERA BOLSONARO

jânio de freitas
A PANDEMIA E OS CABEÇAS CIVIS E MILITARES
DO GOVERNO MOVEM-SE NA MESMA DIREÇÃO
Se restar um mínimo de respeito pelas leis e pela chamada coisa pública, Jair Bolsonaro será processado para ressarcir o desvio e desperdício de altas verbas. 

É a resposta legal às ordens abusivas e conscientes de sua improbidade, para a produção, compra e distribuição injustificáveis, e suspeitas, da substância hidroxicloroquina.

O argumento de que a ineficácia de cloroquina/hidroxicloroquina contra a Covid-19 provinha de pesquisas estrangeiras e duvidosas esvaiu-se em definitivo. Está divulgada a pesquisa em 55 conceituados hospitais brasileiros com duas confirmações: a da ineficácia e a dos efeitos colaterais indesejáveis daqueles produtos.

Já mais do que consolidada a inutilidade da hidroxicloroquina para os contaminados pela pandemia, por determinação de Bolsonaro os laboratórios do Exército fabricaram ao menos 2,5 milhões desses comprimidos. 

Somadas outras encomendas, como a de 4 milhões ao Farmaguinhos, o jornalista José Casado chegou a 9,5 milhões de doses produzidas e compradas por decisão de Bolsonaro, além dos 2 milhões de doses doadas pelo excedente dos EUA.

O próprio ​Bolsonaro tornou-se uma contrapropaganda ambulante da droga que apregoa. Logo disse, quando forçado a admitir sua queda na contaminação, estar se medicando com hidroxicloroquina. Mas os 14 dias da persistência do vírus se passaram e Bolsonaro só agora fala em teste negativo.
O montante de gasto perdulário e deliberado de Bolsonaro não está revelado. Dois ex-ministros da Saúde são testemunhas da improbidade insistente para se comprometerem também, ou saírem. [Mandetta e Nelson Teich preferiram sair.]

Seja qual for o gasto a que outros cederam, inclusive no Exército, está coberto com dinheiro público. E a legislação prevê que gastos por improbidade, contrários a pareceres autorizados, sejam reconhecidos como crimes e sujeitos a ressarcimento às contas públicas.

Bolsonaro foi mais longe na improbidade. Acompanhado, nessa extensão, por Paulo Guedes, pelo general do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, e pelos dois chefes que se sucederam no Tesouro Nacional.

Em paralelo ao gasto previstamente inútil com cloroquina/ hidroxicloroquina, indica o Tribunal de Contas da União que aqueles figurantes retiveram 71% da verba disponível para combate à pandemia e socorro aos vitimados —sobretudo aos carentes, que, mais uma vez, fazem a maioria dos mais atingidos. O dinheiro aplicado não chegou a um terço do existente.

Aproximam-se os 100 mil mortos. O general especialista em organização de abastecimentos faz faltarem até analgésicos, tão vulgares, para os contaminados. 

Bolsonaro passeia de moto, programa atos reeleitoreiros, faz indecente compra-e-venda de apoio no Congresso, bate papo com a claque. 

A pandemia e os cabeças civis e militares do governo movem-se na mesma direção, associados.

Mais do que senso de justiça, é um saldo de senso de vergonha que pode impedir a perpetuação dessa impunidade vagabunda. Covarde. Apátrida. 

Mas o saldo é incerto, para dele dizer pouco. (por Jânio de Freitas)

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