"Os publicitários são filhos de Goebbels"
(José Celso Martinez Corrêa)
Um dos melhores amigos que tive na vida inteira foi o Apollo Natali, que conheci nos anos 80 como meu colega na Agência Estado e de quem os leitores devem lembrar-se por sua longa colaboração com este blog, excelente cronista que era!
Sua morte, em julho/2019, foi uma perda irreparável para todos tivemos o privilégio de receber suas iluminações.
Ele sempre me dava um conselho: como o cidadão comum dificilmente sabe como (e dispõe de ferramentas e tempo disponível para) denunciar as injustiças que sofre no cotidiano capitalista, nós, jornalistas, temos a obrigação de cumprir incansavelmente tal papel, nunca deixando passarem batidas as artimanhas dos exploradores da boa fé da coletividade das quais venhamos a tomar conhecimento.
O Apollo raramente atravessava uma semana sem enviar carta às seções de defesa do consumidor da grande imprensa. Eu, um tanto preguiçoso, só denunciava ocorrências e procedimentos de muita gravidade.
Lembrei-me de tudo isso por ter ficado realmente indignado com uma prática das empresas que anunciam seus produtos em portais da web neste período que antecede o Dia dos Namorados.
Protesto contra publicidade abusiva em 2017 |
Com meu celular no bico do corvo e precisando urgentemente adquirir um novo (é a única forma de contato urgente que possuo e não posso arriscar-me, morando sozinho, a ser surpreendido pela quebra definitiva), encontrei nesta 6ª feira, 29, uma tentadora oferta da Americanas, anunciada em vários portais e no próprio site da empresa: o smartphone Motorola Moto G7 Play 32GB por R$ 699.
Mas, ao tentar adquiri-lo, a resposta foi de que a oferta estava indisponível para meu CEP. Tentei o CEP de amigos, nada! Comecei a pesquisar CEPs na busca do Google para testá-los, e também estavam invariavelmente indisponíveis.
Ou seja, tratava-se de uma oferta extremamente vantajosa (o menor preço de concorrentes era superior em pelo menos R$ 300), mas impossível de ser aproveitada por quem quer que fosse.
Liguei para o canal de vendas da Americanas, expus a situação e a atendente deu a justificativa que decerto foi instruída a fornecer: o produto estaria esgotado mas não houvera tempo hábil para retirar o anúncio do site e dos portais em que estava sendo veiculado.
Verifiquei novamente neste sábado e tudo permanece na mesma: os anúncios estão em todo lugar e a compra é impossível em qualquer lugar.
Seguindo à risca a exortação do Apollo:
— postei uma queixa no Fale Conosco da Americanas (empresa que nem sequer ouvidoria possui!);
— alertei a assessoria de imprensa da dita cuja (cortesia de jornalista para com os colegas que talvez venham a ter de defender a imagem desse cliente) de que tomaria providências se a oferta não fosse honrada; e
— fiz uma queixa formal ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (o site do Conar é este aqui).
Se algo resultará ou não, é impossível prever. Mas, não fui condescendente com a prática de fazerem ofertas boas demais como iscas para atraírem a atenção de possíveis clientes e tentarem empurrar-lhes outros itens no lugar do supostamente indisponível.
Por último: a Vivo, do qual sou cliente de telefonia celular há pelo menos duas décadas, me venderá o mesmo aparelho pelo mesmo preço... desde que eu aceite trocar meu plano atual por outro.
Presumo que tal sutil chantagem também seja irregular, mas terei de verificar antes de tomar alguma providência. (por Celso Lungaretti)
"Laranja madura/ na beira da estrada/ 'tá
bichada, Zé/ ou tem marimbondo no pé"
bichada, Zé/ ou tem marimbondo no pé"
2 comentários:
https://youtu.be/amNmFr5jq_M
Valeu a dica, companheiro! Incorporei sua sugestão ao post, apenas escolhendo a versão do Quarteto Novo porque a do Itamar Assumpção me pareceu meio difícil de compreendermos a letra (nesses casos nunca sei se é por causa da voz pouco nítida do intérprete ou de minha audição precária).
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