NEOLIBERAIS E KEYNESIANOS EVIDENCIAM IDENTIDADE IDEOLÓGICA
"O novo deficit spending estatal já não poderá acorrer a grandes investimentos, mas apenas acorrer, por meio de empréstimos e emissão monetária, à administração de emergência desta massa falida... Daí que não se vê donde possa vir uma nova reforma conjuntural após a crise. Estão à vista não só os limites do crescimento financeiramente induzido, mas os limites do crescimento em geral – incluindo o crescimento supostamente real, que há muito deixou de existir..." (Robert Kurz, em 2008)
Já se disse que nada mais keynesiano do que um neoliberal na administração da crise do capitalismo; e nada mais liberal do que um keynesiano no período de ascensão capitalista.
A teoria de John Maynard Keynes está na ordem do dia. Segundo ele, nos ciclos de depressão econômica os governos têm de gastar o que não possuem, nem que remunerem pessoas para cavar buracos e depois os tamparem.
Ambas as teorias (liberal e keynesiana) se situam dentro do desiderato maior de manter saudáveis as relações sociais mediadas pela mercadoria, inclusive num momento como o atual, quando as suas contradições foram expostas por uma pandemia que paralisa as relações econômicas.
A teoria de Keynes, adotada pela social-democracia, é tão furada quanto a teoria liberal de Adam Smith, e contra elas se posiciona, com solidez, a teoria marxiana da crítica da forma-valor como forma de mediação social permanente.
A História está a comprovar o acerto da teoria de Marx, tão deturpada ou proibida como doutrina herética (até mesmo pelos que se dizem marxistas!).
Tanto a direita, geralmente liberal e adepta das regras de mercado e da sua pretensamente infalível mão invisível (Smith), como a esquerda keynesiana, adepta da indispensabilidade do Estado extrator de mais-valia e da pretensa humanização do capital, mostram a sua similaridade na hora da crise econômica sistêmica em fim de festa.
O governo nacionalista-liberal (uma contradição desde o seu enunciado) do capitão Boçalnaro, o ignaro, e do seu ministro da Economia Paulo Guedes, vê-se agora obrigado a rasgar a sua cartilha neoliberal na tentativa de salvar a economia capitalista.
Salvar a economia e o capital é o pressuposto fundamental do governo. Mas não salvar o povo, principalmente se esse povo for de velhos aposentados que não produzem valor e consomem sem produzi-lo, sacrificando a saúde da contabilidade da previdência social pública, cujo déficit contamina as contas públicas estatais já tão combalidas mundo afora.
O povo (ou parte dele), em tal contexto, é apenas a galinha dos ovos de ouro a ser mantida viva dentro de determinados balizamentos, pois, afinal, é esse mesmo povo, como trabalhador e produtor de valor do qual é extraída a mais-valia, que é instrumentalizado para a geração do lucro e da riqueza abstrata segregacionista que faz a alegria do capital e dos capitalistas.
As hostes do governo se desesperam com a paradeira na economia, pois o Estado tem de cumprir a contento suas funções como gestor da manutenção dos poderes institucionais e das regras capitalistas de extração de mais-valia, subvencionado que pela arrecadação de impostos em dinheiro.
[No mesmo caso, aliás, estão as sociedades marxistas-leninistas, que têm o Estado, dono do capital, como patrão pseudo-proletário, o qual também não pode durar muito tempo sem produzir valor.]
[No mesmo caso, aliás, estão as sociedades marxistas-leninistas, que têm o Estado, dono do capital, como patrão pseudo-proletário, o qual também não pode durar muito tempo sem produzir valor.]
É por isso que há governantes perplexos, como Boçalnaro, o pato Donald destrumpelhado e outros que flertam com a manutenção das relações de produção de mercadorias até que a possibilidade do genocídio causado pela velocidade da contaminação social infecciosa obrigue todos a uma quarentena isolacionista sem prazo para terminar.
Caso a paralisia das relações de produção de mercadorias permaneçam por um período duradouro, sem que sejam substituídas por uma produção social de bens de consumo para distribuição gratuita, isso representará uma escassez e morte de milhões de pessoas mundo afora (o que não queremos), e os danos serão mais devastadores do que os ocorridos na 2ª Grande Guerra.
A abrangência e simultaneidade mundial da paralisia não destrói prédio com bombas, como na guerra, mas mata as pessoas dentro de suas casas em escala maior do que na célebre batalha de Stalingrado, cuja brutalidade do combate urbano e número desmedido de mortes não encontrava paralelo na História até agora.
O coronavírus pode superar os números bárbaros das duas guerras mundiais juntas, e não apenas pela infecção bacteriológica, mas pelo fato de que se não forem admitidos modos de produção e apropriação dos meios de subsistência fora da lógica do valor, chegaremos a um momento de escassez insuportável. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)
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