quinta-feira, 30 de abril de 2020

AO ARRANCAR A MÁSCARA DO CAPITALISMO, A PANDEMIA TORNA VISÍVEL PARA TODOS SUA MONSTRUOSIDADE INTRÍNSECA

Como os leitores poderão constatar ouvindo a canção lá embaixo, a inspiração para este post me veio de uma música de 1966 – "O anúncio", que César Roldão Vieira compôs para o espetáculo musical A criação do mundo segundo Ary Toledo e chegou a ser apresentada no programa O fino da bossa (é da Elis Regina a voz que se ouve chamando-o para o palco).

Mas, a indignação é toda minha, neste festival afrontoso de iniquidades de 2020.

É que acabo de ler no UOL a notícia do lançamento de três modelos de um novo iPhone da Apple por 3.700, 4.000 e 4.500 reais. Em meio a tanta desgraça, ainda há quem se interesse por tais futilidades?!

Quantas vidas não seriam salvas se as necessidades (e, desta vez, as emergências) coletivas prevalecessem sobre a insensibilidade egoísta que o capitalismo martela dia e noite na cabeça das pessoas! 

Veem o irmão estrebuchando na sua frente, mas nunca abrirão mão dos seus privilégios, do seu status e do sagrado direito de desfrutar as geringonças em troca das quais se desumanizam até se tornarem caricaturas de seres humanos.  

E as empresas de planos de saúde, quando grassa a peste, recusam uma compensação governamental para não deixarem imediatamente sem cobertura os inadimplentes, pois a consideraram insuficiente para contrabalançar o que perderão.

Os que neles confiaram perdem a vida, mas os Strooges da medicina mercantilizada não abdicam de um centavo de suas receitas. Torço para que, após serem abandonados à própria sorte no momento  de maior aflição, os cidadãos aprendam a prescindir desses traidores do juramento de Hipócrates, condenando-o o máximo deles à falência!

E os hospitais particulares que estão demitindo profissionais de saúde porque, com a necessidade de atender aos doentes da Covid-19, não estão podendo realizar as cirurgias eletivas que custam os olhos da cara e lhes garantiam a fatia principal de seus lucros! 

Fico imaginando seus dirigentes à testa de campos de extermínio nazistas, cuidando de obter os melhores preços para o sabão fabricado com a gordura corporal dos prisioneiros exterminados...  

A saúde sendo encarada como mercadoria é uma das aberrações mais repulsivas do capitalismo.

Enfim, deprime-me muito que só mesmo um vírus assassino tenha conseguido abrir um pouco os olhos da humanidade para a verdade sobre o capitalismo: ele nos conduz insensivelmente para a morte e, se não começarmos a reagir, morreremos como moscas. Como estamos morrendo agora. (por Celso Lungaretti) 


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