segunda-feira, 30 de março de 2020

PANDEMIA E CAPITALISMO: MISTURA LETAL!

A epidemia de coronavírus não trouxe apenas o medo da contaminação, mas também o medo da falência, da miséria e do caos social. 

Enquanto a contaminação possui uma lógica biológica, a possível destruição financeira de famílias, países e indivíduos possui uma lógica claramente social. 

Não é possível ignorar o fato de que haverá, sim, efeitos econômicos nefastos para o mundo, pior para países periféricos e miseráveis, mas igualmente assolador para os países do centro capitalista. 

Porém, neste momento não é possível assumir uma posição genocida, como a adotada pelo presidente brasileiro, e simplesmente defender a economia frente à vida humana. 

E isto não apenas por ser eticamente execrável tal posição, mas também porque ela de nada adiantará para salvar a economia. Ou alguém realmente acredita que, com milhares de mortos pelas ruas, a economia se manterá aquecida? Ora, morto não trabalha nem compra. 

Os capitalistas ao redor do planeta, mesmo os mais desumanos e fascistas, entenderam bem a natureza do dilema e escolheram o caminho menos doloroso: impor o isolamento e oferecer mecanismos econômicos para mitigar os impactos negativos. No Brasil, p. ex., até a Globo, emissora que fez campanha pela virtual extinção da aposentadoria, saiu em defesa do isolamento e de medidas de mitigação econômica. 

No entanto, é inegável que a longa paralisação econômica da sociedade poderá mesmo levar a um colapso do sistema. Mas isto é apenas prova da irracionalidade do sistema capitalista.  

Trata-se da forma de reprodução social sob a qual mais se produziram riquezas ao longo da história humana, mas que hoje não consegue suportar poucos meses de paralisação produtiva.

Vale ressaltar que o problema não é o isolamento social, mas o sistema econômico irracional no qual a vida humana vale pouco. 

Empresários do comércio mostram isso claramente quando vão às redes e às ruas pedindo o fim do isolamento social por temerem a falência de seus negócios, mesmo que tal medida venha a acarretar milhares de mortos. 

De forma clara, a natureza vampiresca do capitalismo se manifesta neste momento de crise sanitária aguda: tragam para ele milhões de vidas para que o sangue seja sugado, pois o Drácula precisa continuar chupando sangue continuamente. 

Se, ao final, não houver mais ninguém para entregar seu sangue, Drácula morrerá, mas ainda querendo mais. Para ele não importa matar milhões, porque ele mesmo já é um morto-vivo. 

Há no capitalismo um nítido pathos suicidário. Ele traz morte ao ser humano, mas também para si mesmo.

Neste momento abre-se um horizonte histórico fundamental para os seres humanos. É hora de discutirmos em profundidade a viabilização de um novo mundo, mostrando que uma sociedade efetivamente humana, não controlada pelas necessidades do capital, deixou de ser um sonho utópico de jovens idealistas ou uma conversa empolada de velhos militantes, tornando-se uma necessidade vital para a humanidade. 

Mais do que nunca, a opção será entre revolução ou barbárie —isto, claro, se nossa espécie tiver a sorte de continuar existindo... 
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(por David Emanuel de Souza Coelho) 

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