domingo, 15 de dezembro de 2019

TEMOS DE ACREDITAR QUE O AMOR PREVALECERÁ SOBRE O ÓDIO

Quanta coisa me passou pela cabeça neste domingo, ao ver minha filha mais velha colando grau no ensino médio!

Em meio a todas as decepções do Brasil atual, será um reconfortante contraponto acompanhar as batalhas que a Luana começará agora a travar por seu lugar ao sol. 

Tem tudo engatilhado para começar uma promissora carreira no mês que vem e coloca o ingresso na faculdade como grande objetivo para 2021. 

Ao mesmo tempo, sinto crescer a minha responsabilidade, pois, quando resolvi ser pai idoso, projetava um cenário bem diferente para a criança que tanto posterguei. Espero viver o suficiente e poder dar uma boa contribuição para que sua fase adulta transcorra num país de verdade, e não num circo de horrores.

Por uma ironia do destino, até o ano 2000 eu hesitava em trazer mais gente a um mundo tão injusto e desigual. 

Naquele final de século e de milênio, acreditei que, pelo menos, períodos terríveis como o da ditadura militar haviam ficado definitivamente para trás; e pesou na minha escolha um súbito sentimento de que perderia algo de muito precioso se não passasse pela experiência da paternidade. 
It's a long way...

Talvez um atavismo de minha ascendência italiana, sei lá. De um momento para outro este se tornou um imperativo, algo que faltava para me completar como ser humano. Como se já não bastasse colocar no papel as lições aprendi a duras penas mergulhando fundo nas contradições do meu tempo; deveria também transmiti-las diretamente a um ente querido. 

"Vou ensiná-lo a viver onde ninguém é de ninguém: vai ter que amar a liberdade, só vai cantar em tom maior, vai ter a felicidade de ver um Brasil melhor", eu sonhava, inspirado pelos belíssimos versos de Martinho da Vila.

Quem leu o Náufrago da Utopia sabe que tal guinada iria desestruturar toda a minha existência. O preço que paguei foi altíssimo e em dois anos (2004 e 2005) envelheci uns dez. 

Mas, acabei dando a volta por cima. E as emoções de hoje reforçaram a minha certeza de que aquele salto no escuro, tão impulsivo e temerário, foi melhor do que qualquer outra decisão que eu pudesse ter tomado. (por Celso Lungaretti)

2 comentários:

Marcelo Roque disse...

Sucesso pra sua filha, meu caro ! O amor prevalecerá !

Abraço !

Marcelo Roque

Anônimo disse...

Êita, como um cabra feio desses, foi gerar um princesinha ?! Mistérios da natureza.

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