sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

ONDE NAPOLEÃO E HITLER FRACASSARAM, TRUMP FOI VITORIOSO: CONSUMADA A RENDIÇÃO BRITÂNICA AOS EUA!

Napoleão não derrotou os britânicos
david emanuel coelho
O BREXIT VAI SAIR, MAS OS PROBLEMAS SÓ COMEÇARAM
Get the Brexit done (Concluam o Brexit!), slogan da campanha vitoriosa do primeiro-ministro Boris Johnson, expressa o motivo da vitória acachapante dos conservadores nas eleições parlamentares desta 5ª feira, 12. 

O Brexit paralisou o Reino Unido nos últimos três anos. Desde a vitória no plebiscito de 2016,  já se foram três primeiro-ministros e três eleições, com uma série de votações frustradas, tentativas de golpes e prorrogações de datas. Nada acontece entre os britânicos e o próprio dia-a-dia da população está travado devido à luta contínua no parlamento. 

Por isto, não é preciso ser muito inteligente para adivinhar quão cansada a população está da lengalenga da saída da União Europeia e o quanto ela quer, de uma vez por todas, uma solução definitiva para o impasse. 

Johnson é mais um filhote do neofascismo internacional, agindo até mesmo como uma espécie de cosplay de Trump. Foi um dos principais impulsionadores da campanha pelo Brexit à época do plebiscito e trabalhou arduamente para torpedear a antiga primeira-ministra Theresa May quando esta tentava encontrar uma saída menos traumática para o caos instalado. 

Diante de um parlamento fraturado e cheio de oponentes do Brexit, Johnson manobrou até onde pôde, tentando até mesmo um golpe de Estado com o fechamento da casa legislativa. 

Sem sucesso, o jeito foi apelar às eleições gerais, o que acabou obtendo o consentimento de seu principal oponente, Jeremy Corbyn, o qual também apostava em ampliar sua maioria na casa. 

Corbyn, no entanto, acabou traído por suas próprias ambiguidades e vacilações. Comandando um partido tão fraturado quanto o próprio país, não foi capaz de firmar com clareza uma posição quanto ao Brexit sem, com isso, melindrar os sentimentos de algum apoiador importante.
Hitler também fracassou nesse intento

Não podia se dizer a favor da saída, pois arriscaria perder apoio dos defensores da continuidade britânica na Europa Unida. Nem se posicionar a favor de uma permanência no bloco, pois isto o indisporia com aqueles simpatizantes do Brexit. 

Enfim, ficou numa sinuca de bico e acabou adotando a pior opção de todas: tentando agradar a todo mundo, não agradou a ninguém e preferiu o muro, ignorando solenemente a questão durante a campanha. 

Este foi o erro crucial de Corbyn e de seu partido. O tema fundamental do país, o tema que paralisa o reino há três anos, simplesmente foi escanteado. 

Os trabalhistas acreditaram que poderiam falar de coisas mais palpáveis ao cotidiano da população, como a questão da saúde, da falta de segurança ou do transporte público. No entanto, a população sabe que nenhum destes temas poderá ser debatido enquanto não se der um fim definitivo à questão do Brexit. 

Corbyn perdeu graças à ambiguidade em relação ao maior problema dos britânicos. Perdeu por não ter conseguido assumir lado. Perdeu por falta de radicalismo. 

Já o bufão Johnson se atentou bem ao que estava em jogo. Respaldado pelo fato de o Brexit ter sido vitorioso há pouco mais de três anos, não pestanejou em centrar toda sua artilharia num único ponto: a questão é completar o Brexit e sair de uma vez por todas da União Europeia.

Se os trabalhistas emudeceram sobre isto, os conservadores fincaram terreno desde o começo. 

Por óbvio, o programa econômico e social de Johnson para o pós-Brexit é devastador e poderá muito ser pior para os britânicos. Para quem se indignava em ser escravo de Bruxelas, muito mais intolerável  será tornar-se escravo de Washington. 

Sim, pois a elite britânica visou pôr fim à sua união com a Europa – na qual, aliás, nunca acreditou 100%, – porque esta impunha restrições ao avanço destrutivo sobre a classe trabalhadora e o meio ambiente. 
E não é que eles foram render-se ao Trump!

Livre das regulações europeias, ela pode agora mirar os dólares de seus ex-súditos. 

O fato de eventualmente se tornar um híbrido de México e Canadá não a intimida. 

O problema, no entanto, é que o eleitor deu a Johnson a missão de fazer o Brexit. O que virá depois não consta no pacote e é aí que a porca torce o rabo. 

Podemos estar assistindo ao fim definitivo do outrora imenso Império Britânico, o qual chegou a cobrir todo o planeta e agora arrisca-se a ficar circunscrito aos arredores de Londres. 

Na Escócia e Irlanda do Norte o Brexit foi derrotado; ambas agora juram reivindicar suas independências em caso de saída definitiva da União Europeia. No plebiscito escocês, a independência perdeu por pouco e um dos argumentos contra ela era o fato do Reino Unido ser parte da União Européia... 

O partido vencedor na Escócia é contra o Brexit e os norte-irlandeses foram os principais atravancadores das votações no parlamento. 

Para completar, mesmo dentro do partido conservador o Brexit nunca foi unanimidade. Talvez Johnson não consiga tudo o que queira, no final das contas. 

No entanto, se conseguir, o fim do impasse do Brexit será apenas o preâmbulo de uma longa novela, agora sobre o futuro social, econômico e político do que hoje conhecemos por Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. (por David Emanuel de Souza Coelho)

3 comentários:

Anônimo disse...

Isso tudo faz parte da guerra comercial China-EUA.

O Reino Unido apoiou um pacto de investimento entre China e UE, e muitas empresas chinesas instalaram filiais no Reino Unido a fim de aproveitar o acesso sem tarifas ao mercado europeu em geral.

É claro que também o Reino Unido era um cavalo de troia dos EUA na UE.

A geopolítica mundial envolve necessariamente EUA-China-Rússia.

À Rússia interessa o enfraquecimento da OTAN com o Brexit...

Há também a guerra das moedas: dólar, euro e yuan.

De fato, é um xadrez geopolítico muito complicado e com muitas variáveis.

Enquanto isso, vamos vivendo o nosso mundinho bolsonárico e ignaro...

Luiz C. Barbosa disse...

O que os ingleses podem esperar da oposição representada pelo Partido Trabalhista? O governo desse partido no passado traz toda desconfiança por traição ao povo.

O Partido Trabalhista foi "remodelado" por Tony Blair que,no poder, como primeiro-ministro trabalhista , continuou com a política econômica de Margaret Tatcher aprofundando a desigualdade social, desmantelando os serviços sociais, médicos, aposentadoria,etc.

Blair foi mais além, aliou a Inglaterra aos EUA nas infames guerras do imperialismo estadunidense: Guerra contra o Kosovo em 1999, contra o Afeganistão em 2002 e contra o Iraque em 2003.
Contra o Iraque, a mais infame de todas, tinha como motivo a falsa alegação de "armas de destruição em massa" possuídas por Saddam Hussein.

Blair, em audiência, em fevereiro de 2002, não convenceu nem o conservador papa João Paulou II das razões da guerra.

Num futuro não tão longínquo, a não ser por ser possuidora de armas nucelares, a Inglaterra terá menos relevância política, militar e estratégica do que a atual Turquia do antigo império otomano que durou bem mais que o império inglês.

celsolungaretti disse...

Parece que a sina de partidos que fazem referências ao "trabalho" no seu nome é a de servirem à burguesia como forças auxiliares...

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