segunda-feira, 7 de outubro de 2019

COMPANHEIROS NO BOM COMBATE

Caro Celso, 

temos a mesma idade e os mesmos objetivos de vida: a luta por uma sociedade emancipada. 

Na nossa trajetória enfrentamos os percalços de andarmos sempre na contramão da correnteza acomodada que diz sim à segregação social, ou procura apenas reformar aquilo que deve ser superado em sua essência e conteúdo.

Você, mais do que eu, desde muito cedo pagou um alto preço por esse posicionamento que lhe deixou sérias sequelas físicas e traumas, mas que nem por isso lhe fizeram recuar do caminho escolhido. Essas são as circunstâncias que o inserem no rol dos revolucionários imprescindíveis, como dizia Bertold Brecht.

Sou-lhe muito grato por difundir as minhas ideias, que são difíceis de serem assimiladas por representarem a ruptura necessária com o velho que insiste em permanecer causando desespero para a maioria da população. 

Isto porque ela é constituída por pessoas cuja inconsciência da natureza do mal que infelicita suas existências as torna incapazes de se rebelarem contra as injustiças sociais a elas impostas.

O blog Náufrago da Utopia, criado por você, é hoje um instrumento de conscientização que a cada dia ganha maior importância e comprova a sua competência como profissional do jornalismo.

Essa, atualmente, deve ser a sua maior trincheira de luta, à qual me integro prazerosa e destemidamente.

Parabéns por sua história de vida e que você possa trilhar por muitos anos mais essa estrada que nos impõe sacrifícios, mas que nos conforta por sabermos estar travando o bom combate.

Um abração do Dalton Rosado.

5 comentários:

celsolungaretti disse...

Dalton, amigo e companheiro,

agradeço as palavras generosas, mas quero acrescentar que, face ao que companheiros estimados sofreram, as sequelas e traumas a que você se referiu foram bem secundárias.

Quis o acaso que eu sobrevivesse às situações em que poderiam também ter morrido e, até porque era muito jovem, haver conseguido me adaptar a algumas limitações físicas e superar os traumas psicológicos.

Perto de tudo que vi acontecer, não posso nem de longe me queixar. Temi que minha vida fosse terminar ali e já se passou meio século desde então, permitindo-me travar novas lutas e ter grandes satisfações, como a de ser pai de duas meninas que enchem minha vida de alegria.

Nunca esqueço que o pobre Eremias Delizoicov, que eu conhecia desde o curso primário e depois se tornou amigo e companheiro de luta, jamais pôde montar casa com uma mulher, nem ter filhos, nem realização profissional, nem tanta coisa que a vida lhe destinava. São esses, mais do que todos, os que devem ser lamentados.

Quanto ao espaço para a divulgação de suas ideias, eu seria um incoerente se não o fornecesse, pois desde meus primeiros passos na esquerda aprendi a somar forças com os companheiros com propostas revolucionárias afins, na nossa luta desigual contra o capitalismo.

A visão da minha geração era de que tínhamos tudo a ver com os que coincidiam com nossos objetivos estratégicos e deveríamos encarar cordialmente e tentarmos trazer para o nosso lado aqueles com quem tínhamos discordâncias estratégicas, mas também se posicionavam contra as injustiças sociais e o arbítrio.

Inimigos irreconciliáveis a quem deveríamos combater sem trégua eram, para nós, só os defensores do capitalismo e/ou da ditadura.

Infelizmente, esse espírito se perdeu e hoje as tendências de esquerda competem umas com as outras encarniçadamente.

Mas, como eu me mantenho fiel às convicções que me moldaram, só poderia abrir-lhe as portas do blog. E sua contribuição não só acabou sendo das mais ricas, como até se tornou parte da identidade da nossa humilde página virtual.

Luta que segue, um abração!

André Luiz disse...

Parabéns! Não sabia que seu aniversário era seis de outubro. O meu foi um dia antes. (40 anos no meu caso, como passa...). Desejo boa sorte e saúde para manter esse espaço. E, claro, agradeço pela experiência de ter contato com textos tão importantes. Valeu!

celsolungaretti disse...

Prezado André,

nunca dei muita bola para essas datas. Mas, o intervalo entre outubro/2018 e outubro/2019 foi tão cheio de acontecimentos marcantes que, para mim, ganhou um significado especial.

Mal acabava de fazer 68 anos e um regime de índole fascista se estabelecia no Brasil, causando-me muitas apreensões. Eu sabia que, em médio e longo prazo, ele não se sustentaria. Mas, poderia produzir enormes estragos enquanto durasse.

Então, comemorei agora 69 anos com dois espantalhos afastados: o governo Bolsonaro derreteu muito mais depressa do que eu esperava e está emparedado pelas Forças Armadas, STF e Legislativo. Não tem os instrumentos para tentar dar um golpe de Estado com mínima chance de sucesso.

E eu passei pela pior crise pessoal desde os anos (para mim) terríveis de 2004 e 2005, quando, de uma tacada só, perdi emprego, esposa e filha, passando a viver numa precariedade quase total, até arrancar minha anistia em Brasília e dar a volta por cima.

Desta vez, pelo menos ainda tinha fonte de renda (a pensão de anistiado) e as minhas duas filhas me visitando e apoiando.

Noutras circunstâncias, eu teria seguido a regra jornalística de que, no caso de quem está nesta altura da vida, só é noticia quando se completa mais uma década.

Um abração, luta que segue!

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu aniversário de Seis de outubro, Celso.
É o que te deseja um aniversariante de um dia após o Seu.

Forte abraço do Hebert.

celsolungaretti disse...

Valeu, Hebert! E que nossos aniversários sejam bem melhores no ano que vem! Tenho motivos para acreditar que serão.

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