segunda-feira, 19 de agosto de 2019

VEJA NO CIRCO DOS HORRORES DO BOZO: IMPUNIDADE, CINISMO, PICARETAGENS AMPLAS, GERAIS E IRRESTRITAS!

celso rocha de barros
APARELHAMENTO BOLSONARISTA
Aparentemente, a maneira de parar a Lava Jato era fazê-la de otária. Nada dessa coisa da esquerda de confrontá-la abertamente, nada de tentar desmontá-la em silêncio, como tentou Temer. 

O negócio era se eleger como campeão da luta contra os corruptos, colocar Moro no Ministério da Justiça, prometer-lhe uma vaga no STF, convocar passeata todo domingo contra a corrupção, e, enquanto isso, aparelhar os tribunais, a polícia, a Receita, o Coaf, todos os órgãos que foram responsáveis pelas investigações de corrupção da última década.

Bolsonaro conseguiu que Toffoli neutralizasse o Coaf, e não deixou que Moro nomeasse gente sua para o órgão. Fez tudo isso enquanto convocava manifestações dizendo que o Coaf era a coisa mais importante de todos os tempos, que se o Coaf não ficasse com Moro o mundo acabaria. No fim, quem tirou o poder de Moro sobre o Coaf foi o próprio Bolsonaro.

Bolsonaro já deixou claro que só nomeará para procurador-geral da República quem aceitar ser submisso ao presidente. A tradição de escolher o mais votado da lista tríplice, defendida pela turma da Lava Jato, acabou, não tem mais, morreu, vai ver era comunismo aquilo.

E qual vai ser a desculpa para descartar todo e qualquer nome que não aceite acobertar esquemas? A moral, é claro.

Cada vez que um candidato der sinais de que tem alguma mínima restrição às picaretagens dos bolsonaristas, eles vão inventar algum esquerdismo para o sujeito. Lembrem-se: o perfil oficial do presidente da República compartilhou um texto que diz que Deltan Dallagnol é tão de esquerda quanto o PSOL. 

Se você for honesto, não se candidate à PGR sob Bolsonaro: em 15 minutos, sua tia vai receber mensagem no WhatsApp dizendo que você defende distribuir mamadeira de pinto em creche.

E deixo aqui meus parabéns para quem foi domingo protestar contra o STF: começou a dar certo, o Toffoli já parou a investigação do Flávio.

Na semana passada, o desmonte se acelerou na Receita e na Polícia Federal.

O superintendente da Receita no Rio de Janeiro, Mário Dehon, foi atacado por autoridades investigadas e prontamente afastado por Bolsonaro, que também declarou que a Receita persegue sua família.

O superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, foi afastado por não interferir nas investigações sobre Flávio Bolsonaro. Bolsonaro achou que houve abusos na investigação, foi lá, afastou o cara —tudo isso enquanto seus apoiadores estão nas redes sociais pedindo para fechar o Congresso por causa da lei do abuso de autoridade.

E o Moro? Essa é a jogada mais impressionante, pela ousadia. Vários políticos tentaram neutralizar Moro, mas só Bolsonaro foi arrojado o suficiente para neutralizá-lo dando-lhe um cargo.

Desde então, Moro só perdeu poder, teve que silenciar sobre o caso Queiroz e é ridicularizado pelo presidente da República sempre que possível. 

Moro, pare de prestar atenção no Lula, esqueça o Greenwald: quem está te derrubando é o Jair.

Ainda não se sabe se o aparelhamento bolsonarista será bem-sucedido. A Polícia Federal, a Receita, os procuradores vão reagir. E parece cada vez menos provável que Moro termine o ano no cargo de ministro. 

Mas, em termos de popularidade presidencial, talvez não dê em nada: talvez a indignação toda tenha sido mesmo só cinismo. (por Celso Rocha de Barros)

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que somos mesmo um povo macunaíma, heróis sem nenhum caráter, cujo governo é mais ou menos um espelho ?

celsolungaretti disse...

Sem dúvida, o governo é um espelho do que há de pior no nosso povo. Mas, não da maioria do nosso povo. Felizmente, a coisa ainda não chegou a tal ponto.

Existe, contudo, um traço negativo que é majoritário, na minha opinião: a pusilanimidade. Tanto no passado como no presente, os brasileiros refugaram na hora de travarem as lutas obrigatórias.

Os inconfidentes foram traídos e abandonados, a independência só aconteceu porque a Inglaterra garantiu, a ditadura do Getúlio acabou por pressão dos Estados Unidos e a dos generais porque a economia estagnou e eles não sabiam mais o que fazer, então resolveram devolver o abacaxi para os civis.

Em 1968 alguns milhões de brasileiros participaram das manifestações de protesto em todo o país. Veio o AI-5 e só travaram a luta armada uns 3 mil abnegados. Tal disparidade já me chocava quando eu era um desses 3 mil. Invejava os argentinos e os uruguaios, muito mais combativos.

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