terça-feira, 6 de agosto de 2019

O FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLA OS TUÍTES PROVENIENTES DA VIRGÍNIA

Toque do editor
Costumo ler os textos ao menos fundamentados de autores do outro lado do espectro político, pois deles extraio informações úteis para minhas análises. Só quem está inseguro quanto aos próprios valores evita tomar contato com opiniões que divergem das suas para não se contaminar. É o contrário: quanto melhor conhecermos nossos inimigos, mais eficazmente os combateremos.

Mas, não perco tempo com tosqueiras ideológicas, disparates e picaretagens, então jamais li nada que o Olavo de Carvalho tenha publicado ou colocado no ar, exceto os ataques contra mim na década passada, cujas respostas parecem tê-lo convencido a nunca mais me confrontar e nem mesmo citar meu nome. O que dele fico sabendo provém de notícias e artigos que outros escrevem a seu respeito.

Nesta 3ª feira (6), p. ex., a Folha de S. Paulo traz uma coluna do Ivan Marsiglia sarcasticamente intitulada de O horóscopo do doutor Olavo. Trata-se um jornalista e escritor que seleciona e analisa alguns destaques do que é publicado na imprensa nacional e estrangeira, bem como nas redes sociais.
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"A única solução para o hospício em que se transformou uma parte do Brasil dos Bolsonaros é Olavo de Carvalho, a piada que virou guru, aceitar que, como todos estão errados e só ele está certo, ele é anormal e merece trancar-se em algum hospício e jogar a chave fora" (Clóvis Rossi, que tanta falta faz!)
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E fiquei surpreso ao constatar que a mediocridade e o vazio intelectual do ideólogo do bolsonarismo são mais acentuados ainda do que eu supunha. O besteirol por ele tuitado no dia a dia, que faz a cabeça do rei, dos príncipes e de ministros da corte brasiliense, chega a ser constrangedor de tão patético. 

Reproduzo a coluna do Marsiglia para dar aos leitores deste blog uma ótima noção sobre qual o caldo de cultura que foi capaz de gerar um governo tão descerebrado e destrambelhado como o atual. (Celso Lungaretti)
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ivan marsiglia
O HORÓSCOPO DO DOUTOR OLAVO
Em seu perfil com 175,5 mil seguidores no Twitter, Olavo de Carvalho se define como “escritor, filósofo, autor de dois best-sellers e professor do Curso Online de Filosofia (COF)”. Fumante inveterado e colecionador de armas, o ex-astrólogo e jornalista, que trabalhou em veículos como Jornal da Tarde e O Globo e é considerado o principal ideólogo do bolsonarismo, dispara tuítes cáusticos e recheados de xingamentos de sua casa em Richmond, nos EUA.

Na semana que começou marcada por declarações ofensivas de @jairbolsonaro no Brasil —em especial sobre Fernando Santa Cruz, militante assassinado pela ditadura militar e pai do atual presidente da OAB— e terminou com sangrentos atentados no Texas e em Ohio, nos EUA, Olavo preferiu centrar fogo nos críticos, rivais intelectuais, na imprensa e até no Cinema Novo.

Uma semana antes, o guru do presidente voltara a um tema de caráter astral que, em maio, o transformou em memes que viralizaram na internet. Negou outra vez ser adepto do terraplanismo, ressaltando porém ter lá suas dúvidas sobre a redondeza do planeta: 
@opropriolavo “É óbvio que me chamar de terraplanista é analfabetismo funcional extremo. Nessa questão de terra plana tudo o que tenho são perguntas e problemas, nenhuma convicção firmada, e ainda levarei uns anos para ter alguma.”
Diante da insistência de seguidores, recorreu ao método cartesiano:
@opropriolavo “NÃO me escrevam, por favor, sobre outros aspectos da questão terraplanista. Só vou pensar nessas coisas daqui a uns anos. Sigo o conselho de Descartes: se você tem um problema grande, divida-o em vários pequenos e trate de um por um.”
Na 2ª feira (29), Olavo alvejou pensadores, em suas palavras, “que a mídia fabricou”, e que considera tributários de seu estilo: Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella, Luiz Felipe Pondé e Clóvis de Barros: 
@opropriolavo “Dos quatro pseudo-Olavos mais notórios que a mídia fabricou, o único do qual eu gosto um pouco é o Clóvis de Burros. Pelo menos ele é engraçado, o que está infinitamente acima da capacidade dos outros três.”
A um deles, desancou furiosamente:
@opropriolavo “Atenção, Pumdeu: fascista é o seu cu. Desafio publicamente o Pumdeu —ou algum outro igual a ele, que os há aos montes no Brasil— a encontrar em qualquer texto meu alguma defesa de regimes fascistas ou similares. Desafio mesmo.”
Na 3ª (30), entrou na mira o articulista do jornal Gazeta do Povo, Martim Vasques da Cunha, que o citara ao lado do filósofo conservador inglês Roger Scruton: 
@opropriolavo “Chamar a mim de ‘guru da direita brasileira’ já é uma palhaçada. Colar esse rótulo no Roger Scruton, então, é ideia que só poderia ocorrer a um bobão como o Mastim Vaca.”
FAMILY AFFAIR —  Na 5ª feira (1º), seu post sobre a forma como Hollywood retrata os valores familiares recebeu réplica contundente da filha, Heloísa: 
@opropriolavo “Nos filmes americanos de hoje em dia, a coisa mais normal do mundo é os filhos odiarem os pais.” 
@helomartinarrib Em resposta a @opropriolavo “Conta que por duas vezes você internou minha mãe no hospício jogou seus quatro filhos na casa da sua sogra pra poder ficar na boa vida, fugir das suas responsabilidades, seu falso cristão.”
Olavo não respondeu à filha. Preferiu torpedear, no dia seguinte, o manifesto divulgado em junho por ex-ministros da Educação: 
@opropriolavo “Que ex-ministros da Educação, criadores da maior e mais dispendiosa fábrica de analfabetos funcionais do universo, tenham o desplante de reunir-se e dar palpites, é para mim uma simples OBSCENIDADE.”
Voltaria, porém, ao tema da religião no sábado (3): 
@opropriolavo “Tanto o catolicismo quanto o judaísmo estão infiltrados de satanistas. Enquanto estes não forem identificados, denunciados e expulsos, os católicos e judeus continuarão levando as culpas de males que jamais praticaram.”
Para, em seguida, descer de volta ao mundano e fustigar o deputado Alexandre Frota, ex-aliado que se tornou crítico do guru e do próprio presidente Bolsonaro: 
@opropriolavo “O Fruta, por décadas, viveu decentemente de mostrar pinto e cu. Ficou obsceno quando começou a mostrar opiniões.”
CHANCHADA NOVA — Na 2ª feira (5), Olavo de Carvalho exercitou novamente seus dotes de crítico de cinema. O foco, desta vez, foi o cinema nacional:
@opropriolavo “Chanchadas da Atlântida ainda nos divertem, mas do Cinema Novo não sobrou porra nenhuma que valha a pena de assistir. Quem é o Glauber Rocha perto do Mazzaropi?”
Algumas horas depois, no mesmo dia, rebobinou —com um travo incomum de desalento — seu velho filme anticomunista:
@opropriolavo “A época certa para impedir a ocupação do país pela gangue comunolarápia foi de 2000 a 2010. Agora tudo ficou tão imensamente difícil que raia a impossibilidade.”
Até o fechamento desta coluna, na tarde de 2ª (5), nada havia tuitado sobre os 34 mortos e 53 feridos dos atentados nos EUA. (por Ivan Marsiglia)

Esta canção satiriza a crassa ignorância de episódios notórios e termina com a
proclamação da escravidão. Tudo a ver com o indivíduo que tanto avacalha
os nomes alheios, daí merecer ser chamado de Palpalvo de Emporcalho...

Um comentário:

Glauber Souza disse...

Olavo Realmente é uma comédia... Me divirto muito com as frases dele!

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