A fábula acaba assim... |
Era uma vez um grande inquisidor, que montou uma implacável força-tarefa de caçadores de bruxas e a todas mandava para o cárcere, as torturas e, finalmente, a fogueira.
Uma delas, em meio a sofrimentos inenarráveis, delatou uma satanista que o grande inquisidor conhecia de vista.
Tratava-se de uma mulher bela e sensual, cuja simples visão já lhe despertava os mais impuros desejos.
Tal mulher passou a acolher o grande inquisidor em sua mesa e na sua cama; coincidentemente, aquela denúncia foi totalmente esquecida por uns tempos.
...mas, na vida real tudo é diferente. |
Até que alguém interceptou o manuscrito em que o grande inquisidor escrevera seus apontamentos sobre aquela sessão de tortura na qual sua nova parceira fora denunciada.
Os detalhes do caso passaram a ser de conhecimento geral e muita gente começou a suspeitar de que o dito incorruptível cedera às tentações do cargo.
Como o que estou contando é uma fábula, o grande inquisidor não só perdeu o cargo, mas também a liberdade. Foi fazer companhia aos satanistas corrompidos que antes perseguia.
Se isto acontecesse na vida real, mais precisamente no Brasil do século 21, talvez o grande inquisidor escapasse da merecida punição, alegando que seu manuscrito fora interceptado de maneira ilegal...
2 comentários:
A satanista, atualizando a fábula para a República de Banânia dos dias que correm, deve ser FHC o melífluo, a julgar pelos vazamentos da Força Tarefa da Operação Desmanche.
Gilson, fiz essa brincadeira a partir da seguinte notícia da "Folha de S. Paulo":
DELTAN FOI PAGO POR PALESTRA EM EMPRESA CITADA NA LAVA JATO
"O procurador da República Deltan Dallagnol fez uma palestra remunerada no valor de R$ 33 mil para uma empresa que havia sido citada em um acordo de delação em caso de corrupção na própria força-tarefa da Lava Jato, mostram mensagens e documentos obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados em conjunto com a Folha.
A firma do setor de tecnologia Neoway, que contratou Deltan, foi mencionada pela primeira vez em um documento de colaboração que foi incluído em um chat dos procuradores da operação em março de 2016, dois anos antes da palestra.
Além de participar do evento remunerado da companhia, em março de 2018, Deltan aproximou membros da Procuradoria e representantes da Neoway com o objetivo de viabilizar o uso de produtos dela em um trabalho da força-tarefa, da qual é coordenador em Curitiba.
O procurador também gravou um vídeo para a firma no qual enaltece a utilização de ferramentas tecnológicas em investigações, além de ter acionado um dos assessores do Ministério Público para avaliar seu desempenho na gravação..." (etc.)
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