domingo, 16 de junho de 2019

O LIVRO É DOS HERÓIS DA PÁTRIA OU DAS TRAPALHADAS HISTÓRICAS?

Por Celso Lungaretti
Já estava atravessada na minha garganta a mesquinhez (vide aquide Dilma Rousseff, que, quando presidente, alterou de 50 anos para 10 anos após a morte o prazo necessário para que um cidadão pudesse ter seu nome incluído no Livro dos Heróis da Pátria

Ela fez isto com o único objetivo de poder homenagear seu ídolo Leonel Brizola, ao mesmo tempo em que se omitia vergonhosamente a respeito do reconhecimento do heroísmo expresso no sacrifício extremo de Carlos Lamarca e Carlos Marighella. Lamentável!

Agora ficamos sabendo que, nessa relação na qual não cabem dois dos três maiores heróis que este país já produziu (o terceiro é Tiradentes), cabem personagens fictícias!

É o que revelou Ana Lúcia Araújo no site do Intercept Brasil, conforme os leitores podem constatar no resumo abaixo do artigo Dandara e Luísa Mahin são consideradas heroínas do Brasil – o problema é que nunca existiram  (para acessar a íntegra, clique aqui): 
Até o ano de 2018, nenhuma mulher negra havia sido inscrita no livro de aço do Panteão da Pátria. Mas no dia 27 de março de 2019, o Senado Federal aprovou o projeto de lei 55/2017 inscrevendo no livro os nomes de Dandara dos Palmares e Luísa Mahin. 

Dandara dos Palmares é descrita como sendo noiva de Zumbi dos Palmares. Em matéria recente, referem-se a ela como tendo lutado “junto do esposo, Zumbi, no Quilombo dos Palmares”. 
O ridículo foi ao ponto de criarem imagens de quem não existiu
Luísa Mahin, descrita como sendo a mãe de Luis Gama, “liderou os escravos malês na Bahia, tendo participação decisiva na Sabinada”.

Pelo que se tem notícia, o projeto de autoria da atual secretária de políticas para as mulheres Tia Eron foi elaborado sem consultar nenhum historiador da escravidão. 

Ainda assim, a inclusão das duas figuras legendárias no Panteão da Pátria foi aplaudida por políticos de todos os espectros políticos, inclusive pelos senadores petistas Paulo Paim e Jacques Wagner.

Ao contrário de todas as figuras inscritas no livro até aqui, nenhum historiador corrobora a existência de Dandara dos Palmares e Luísa Mahin. Como bem coloca Nei Lopes, o grande escritor, compositor e estudioso das culturas africanas e afro-brasileiras, Dandara emergiu como um personagem literário no romance Ganga-Zumba de João Felício dos Santos, publicado pela editora Civilização Brasileira em 1962, dois anos antes do início da ditadura militar no Brasil. 

...Luísa Mahin também é um personagem fictício. Sua aparição em registros escritos data do final do século 19 quando o abolicionista Luís Gama escreveu uma carta a seu amigo Lúcio Mendonça onde descreve sua mãe como sendo uma africana escravizada nascida no Golfo do Benim, que teria participado da Revolta dos Malês de 1835 e na Sabinada (1837-1838). 
Este existiu mesmo, mas é preciso ter caráter para homenageá-lo

Luísa Mahin também foi recentemente imortalizada como personagem principal do romance épico Um Defeito de Cor, da escritora Ana Maria Gonçalves. Mesmo assim, Luísa Mahin não aparece na documentação conhecida sobre a Revolta dos Malês. 

O historiador João José Reis, até hoje a maior estudioso dessa rebelião, afirma categoricamente na edição revisada e ampliada de seu livro Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, que “o personagem Luísa Mahin, então, resulta de um misto de realidade possível, ficção abusiva e mito libertário”.

Apesar de serem há muito reconhecidas como personagens legendárias e não como figuras históricas, a chegada da internet tornou Dandara e Luísa Mahin ainda mais populares no imaginário brasileiro... (por Ana Lúcia Araújo)

2 comentários:

Anônimo disse...

Fruto do protagonismo dado pela esquerda namastê, cirandeira de jogral, aos pauteiros identitários, que são cavalos de troia incrustados na esquerda. Vide as feminazis que abundam na esquerda parlamentar. Deem asa a cobras, deem comida a corvos, tratem crocodilos com amor e carinho. Amanhecerão na cova, e com cal virgem por cima, ainda, para se decomporem mais rapidamente.

Anônimo disse...

Pauteiros identitários são cavalos de troia inseridos na esquerda, assim como aquela dupla de lobos em peles de cordeiros a serviço de interesses inconfessáveis e a soldo de sabe-se lá a quem, do site Duplo Expresso. Enganaram, e ainda enganam, muita gente boa do lado de cá da trincheira do bom combate.

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