segunda-feira, 6 de maio de 2019

UM POUCO DE NOSTALGIA FUTEBOLÍSTICA: O 5x4 DESTE DOMINGO E OS DO PASSADO.

Só o velho lugar comum de que o futebol é uma caixinha de surpresas pode explicar o desastre que o Grêmio sofreu neste domingo (5) na sua arena, quando foi atropelado pelo mediano time do Fluminense, entrando como leão (com 21 minutos de jogo já estava ganhando por 3x0) e saindo como cão (conseguiu perder por 5x4).

Mas, à parte a chuva de gols, a péssima jornada do goleiro Júlio Cesar (quanta saudade a torcida gremista deve estar sentido de Danrlei, que pendurou as chuteiras e agora é deputado federal!) e o tento da vitória marcado nos acréscimos, este 5x4 perde longe, em qualidade futebolística, para o 5x4 que o Flamengo aplicou no Santos no Brasileirão de 2011, em plena Vila Belmiro.
Eram dois timaços e, tendo Ganso para servi-lo, Neymar arrebentava, inclusive fazendo um gol de placa naquela noite. 

Mas, o canto do cisne de Ronaldinho Gaúcho prevaleceu sobre o brilho da estrela que subia. Ele marcou três (com direito a humilhar a defesa santista ao cobrar uma falta por baixo da barreira que pulava) e foi quem deu números finais ao placar.

De quebra, Elano enterrou o Santos ao desperdiçar um pênalti quando seu time ainda vencia por 3x2. Tentou deslocar o goleiro Felipe com uma cavadinha, mas este não foi na onda e, calmamente, matou no peito e fez embaixadinhas, antes de dar um chutão para a frente.
Meu 5x4 inesquecível, contudo, é outro: o que o Corinthians impôs à Portuguesa de Desportos no Torneio Rio-São Paulo de 1966. Ouvi pelo rádio e, empolgado, assisti ao teipe que começou em seguida, mesmo perdendo hora de sono.

Era o pior momento da história corinthiana: não conquistara nenhum título importante após ser campeão dos centenários em 1954 e tinha de suportar zombarias por causa do tabu contra o Santos. Mas, estava montando um time forte, promovera a revelação Rivellino para a equipe principal e seu centroavante gaúcho Flávio chegava a ser comparado com o cabecinha de ouro da década anterior, Baltazar.

A Portuguesa tinha como goleiro o Félix (que viria a ser campeão mundial em 1970) e também sua grande revelação, o garoto Ivair.
Após ter marcado dois gols relâmpagos, o Corinthians cedeu o empate; fez 3x2 e 4x3, mas a lusa continuou igualando; até que, aos 42 minutos do 2º tempo, Flávio cobrou uma falta de muito longe e acertou um tirambaço na forquilha de Félix. Aí, finalmente, a Portuguesa sossegou...

Com parte desse time e um reforço considerável (Paulo Borges), o Corinthians afinal quebraria o tabu em março de 1968, derrotando o Santos por 2x0, após 11 anos e 22 partidas sem vencer o time de Pelé em partidas pelo Paulistão. O título de campeão paulista, contudo, só viria em outubro de 1977, após uma seca de 23 anos. 

Quantas saudades daqueles tempos em que o Brasil era o país do futebol – e não o maior fornecedor de pé-de-obra do planeta! (por Celso Lungaretti)

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia Celso, tudo bem?!

Aqui, é o Hebert.

Creio que ontem tenha sido a vitória não apenas do bom futebol,
mas também a vitória da possibilidade de se jogar bem e ganhar,
algo infelizmente impensado, para alguns "entendidos" de bola,
com suas "verdades absolutas", que lamentavelmente acabam virando
ditos populares como: "- Melhor jogar feio e ganhar, do que jogar
bonito, e perder.", ou "- Ganhar é bom, empatar é mais ou menos,
e peder é ruim."
Vitória de trabalhos feitos por pessoas como Fernando Diniz,
jorge sampaoli, do próprio Renato, que deixou seu lado "fanfarrão",
apenas na falacia das coletivas e entrevistas.
Vitória daqueles que fazem algo, com elencos limitados, que tornam
os tais "professores" em saia justa, com elencos milionários,
sempre a mercê do talento individual.
Vitória sobre o pragmatismo impregnado e raivoso, quando apontado
na sociedade brasileira ( toda ela ), vitória da autocrítica.
Sendo eu, Flamenguista e carioca, espero que isso traga ( mesmo a
revelia ), alguma mudança, não apenas no futebol, como também na
visão pueril da imprensa esportiva local, e muito parcial com
relação a certos trabalhos e técnicos.

Forte abraço e ótima semana.

celsolungaretti disse...

Concordo, claro. Para sairmos desse fundo do poço em que até no futebol nos encontramos, precisamos mesmo partir para a ousadia.

Tendo bons espetáculos, quem sabe o público volta; e voltando, quem sabe consigamos segurar uma parte das nossas revelações por aqui, ao invés de as vermos bater asas mal se destacam durante alguns meses.

Infelizmente, hoje a maioria dos torcedores quer mesmo são vitórias, nem que conquistadas por 1x0, com gol roubado, nos acréscimos.

Assim, o horroroso Felipão, que leva nó tático de qualquer dos técnicos de ponta do futebol mundial, continua na ativa e em clube grande por aqui.

Ganha campeonatos porque seu clube tem grana para manter dois times competitivos enquanto os adversários são obrigados a poupar jogadores para não estourá-los, mas nos grandes jogos mostra todas as suas limitações. Aquela eliminação para o Boca Juniors foi patética!

E mesmo técnicos competentes como o Fábio Carille são obrigados a entrar na onda do "ganhar jogando feio", para poderem trabalhar em paz, sem as pressões dos trogloditas organizados.

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