sexta-feira, 26 de abril de 2019

UM DOS MELHORES MÚSICOS BRASILEIROS POUCO RECONHECIDOS CHEGA AOS 80 ANOS

Com a política brasileira transformada num trem fantasma ou show de aberrações, é um alívio ter motivo para tratar de assunto mais aprazível neste post.

É que o extraordinário letrista e poeta Paulo César Pinheiro estará completando 80 anos neste sábado, 26.

Mais conhecido pelo grande público como viúvo da cantora Clara Nunes, ele compõe desde a idade de 14 anos e tinha 19 quando, em junho de 1968, sua "Lapinha" (parceria com Baden Powell) já vencia a Bienal do Samba da TV Record, na voz de Elis Regina.

Possui mais de 2 mil canções compostas e mais de mil gravadas, tendo trabalhado com cerca de 120 parceiros, entre expoentes da MPB mais sofisticada e sambistas de raiz.

O mais expressivo reconhecimento do seu enorme talento se deu quando a gravadora Emi-Odeon lançou em 1980 um disco-homenagem, tendo apenas seu nome como título e contando com uma produção mais esmerada; reuniu algumas de suas melhores composições, que ele interpretou em companhia de músicos famosos.

O destaque absoluto é a melhor de todas as versões da "Matita Perê", tema do filmaço Sagarana, o duelo (vide aqui) que tantos e tantos já gravaram. Com arranjo primoroso e um contraste incrível entre sua voz áspera/rouca e a voz suave de Antonio Carlos Jobim, é de arrepiar.
Também marcou época O importante é que a nossa emoção sobreviva, registro de espetáculos ao vivo de 1975 com ele e os cantores Eduardo Gudin e Márcia, carregados de alusões implícitas à ditadura militar. 

Era emocionante. Precisávamos muito disso naquela época tão carregada de horrores e inquietações – como, infelizmente, começa a se repetir nos dias de hoje.

Recomendo com entusiasmo aos leitores deste blog que percam um tempinho ouvindo estas pérolas de uma grande música que um dia fizemos por aqui e talvez nunca mais igualemos.

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