matias spektor
SENADOR AMERICANO PROPÕE BARGANHA INÉDITA A BOLSONARO
Marco Rubio é chefe de facto da política externa dos Estados Unidos para a América Latina. Como senador do Partido Republicano pelo estado da Flórida, ele tem ascendência sobre a Casa Branca por força do voto latino, capaz de virar resultados numa eleição presidencial.
Rubio não dá ponto sem nó e apostou todas as fichas em virar líder da oposição à ditadura venezuelana. Com persistência ímpar, ele vem conseguindo empurrar o presidente Trump na direção que deseja.
As duas últimas vitórias foram acachapantes. Primeiro, conseguiu fazer com que os EUA liderassem uma coalizão internacional para negar reconhecimento a Nicolás Maduro. Segundo, transformou Juan Guaidó, jovem político desconhecido e sem experiência relevante, em rosto da oposição.
Agora, Rubio está concentrando seu esforço no Brasil, país que quer ver como aliado. O processo começou durante a viagem de Eduardo Bolsonaro a Washington, mas chegou a seu ponto de inflexão na terça (29).
Em artigo de opinião publicado pela CNN, Rubio fez a proposta mais audaciosa já apresentada por um líder político americano em décadas. Se vingar, afetará em cheio a posição do Brasil no mundo.
Rubio argumenta que os Estados Unidos deveriam fazer uma grande barganha diplomática com o Brasil.
O esquema funcionaria assim: os americanos ofereceriam um pacote de concessões ao governo Bolsonaro em troca de ajuda brasileira em temas de interesse geopolítico para Trump.
Na prática, o governo americano jogaria todo o seu peso para garantir a ascensão do Brasil à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, um pleito que, se efetivado, produziria enorme impacto positivo nas políticas públicas brasileiras e elevaria o status de Bolsonaro.
Na proposta do senador, a Casa Branca também se empenharia em fazer decolar os planos brasileiros para a base aérea de Alcântara. Com ela, viria uma enxurrada de oportunidades de negócios na área militar.
Em troca, o Brasil assumiria um papel maior na gestão da crise da Venezuela, que deve piorar muito durante os próximos meses e poderá criar instabilidade e insegurança na região. Rubio quer apoio brasileiro para atravessar a turbulência, que já está contratada.
O senador também pede ao Brasil um papel central no afastamento de China, Irã e Rússia, inimigos da democracia, da América Latina. A medida forçaria a diplomacia brasileira a dar uma guinada em relação aos Brics.
Mas o argumento está feito e a bola, em campo brasileiro. (por Matias Spektor, professor de relações internacionais na FGV)
2 comentários:
Celso,
Qual a chance de isso dar certo?
O governo trapalhão, mas perigoso de Bolsonaro tem alguma chance de ser protagonista?
Só se for com o Mourão na presidência.
Ah, aqui vai uma dica: sei que anda na correria, mas aprecio bastante seus comentários. Os adendos são sempre bem-vindos.
Abraço
Cássio,
o que se nota é uma disposição das Forças Armadas em não deixarem o Brasil enveredar pelo caminho das maluquices que a extrema-direita delirante gostaria de trilhar. De certa forma, eles voltaram a atuar como uma espécie de Poder moderador.
Apesar das fanfarronices do Maduro, eu até acredito que os fardados brasileiros prevaleceriam sobre ele numa guerra... mas a um custo enorme de vidas.
Não os vejo dispostos hoje a pagá-lo, tirando as castanhas do fogo para o Tio Sam não queimar as mãos.
Hoje a participação brasileira na 2a Guerra Mundial é lembrada de forma seletiva. Foi um morticínio desnecessário de brasileiros. Oficiais ávidos de glória comandavam ofensivas contra alemães entrincheirados e os soldados, atacando ninhos de metralhadora, eram abatidos como moscas.
O Alto Comando Aliado fazia o que podia para evitar esses desperdícios de vidas.
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