quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

DE THERESA MAY E DONALD TRUMP PARA JAIR BOLSONARO: "EU SOU VOCÊ AMANHÃ!"

Toque do editor
Pelé nunca imaginou que um dia seria alvo de tantas e tão contundentes críticas: sua afirmação de que o brasileiro não sabia votar, feita em pleno regime militar, soou como uma justificativa da imposição de ditadores escolhidos pelo oficialato para substituírem os presidentes saídos das urnas.  

O que estamos presenciando ultimamente deveria fazer-nos pedir humildes desculpas ao rei dos estádios. 

Os brasileiros, tangidos pela indignação cega e pelas manipulações ilícitas que os cegaram mais ainda (enquanto TSE e STF fingiam que nada tinham a ver com a encrenca...), não souberam mesmo votar em 2018 e elegeram um dos presidentes mais despreparados e inapetentes para as tarefas de governo em toda a nossa História. Está sendo escrita, sob nossos olhares perplexos, a crônica do desastre anunciado.

Mas, se ficou provado sem nenhuma margem para dúvida que os brasileiros, em determinadas circunstâncias, cometem monumentais lambanças na hora do voto, também se constatou que estadunidenses e britânicos estão sujeitos às mesmíssimas obnubilações momentâneas das quais se arrependem amargamente depois. 

Trump e o Brexit, opções tão irracionais e inconsequentes como Bolsonaro, deixavam desde o primeiro dia a certeza absoluta de que não poderiam dar certo... e não estão mesmo dando certo! 

Pior: suas desgraças levam todo jeito de serem um trailer das crises que nos esperam adiante.

Foi o que nos demonstrou, numa abordagem predominantemente econômica, o Dalton Rosado no seu post desta 4ª feira (16) e é o que nos demonstra, num enfoque político, o Bruno Boghossian no seu artigo de hoje (17) da Folha de S. Paulo. (por Celso Lungaretti)

O ABISMO DA POLÍTICA E OS GOVERNOS ZUMBIS
O Reino Unido tem uma líder morta-viva, segundo a oposição. Theresa May continua no cargo de primeira-ministra, mas sofreu uma derrota humilhante em sua articulação para tirar o país da União Europeia. “Não há dúvida de que este é um governo zumbi”, disse Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista.

O impasse a que chegaram os britânicos e a paralisia provocada nos EUA pelo conflito sobre a construção do muro na fronteira com o México são exemplos práticos de choques de expectativas políticas.
May se tornou primeira-ministra depois da surpreendente votação a favor do brexit. Donald Trump ganhou tração entre os americanos com seu discurso anti-imigração. Os dois tomaram impulso nas urnas e tentaram um salto, mas havia um abismo entre a plataforma eleitoral e as medidas concretas.

Parecia decidido que o Reino Unido daria uma guinada em 2016, quando 51,9% dos eleitores decidiram que o país deveria deixar o bloco europeu. May assumiu o poder para implantar o processo de saída, mas não conseguiu entregar o produto.

Após dois anos de derrotas e embates com o Parlamento, a população se frustrou. Atualmente, 59% dos britânicos dizem que preferem ficar na UE, segundo pesquisa do YouGov.

Resultados eleitorais podem dar a governantes vitoriosos uma sensação prazerosa de onipotência, mas o duro trabalho de negociação e o próprio sistema de contrapesos da política costumam quebrar o encanto.

Trump emergiu da eleição como um líder improvável, mas popular. Agora, enfrenta a maior paralisia de serviços públicos da história dos EUA devido à recusa do Congresso em dar aval a uma de suas mais emblemáticas promessas de campanha: a construção do muro de US$ 5,7 bilhões entre o país e o México.

A vitória de Jair Bolsonaro foi comparada aos triunfos do brexit e de Trump, já que o brasileiro também explorou a plataforma de rejeição ao establishment para se eleger. Britânicos e americanos mostram que é preciso enfrentar o mundo da política. (por Bruno Boghossian)

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