Bolsonaro em vídeo gravado há um ano em Miami |
matias spektor
BOLSONARO PREPARA ALINHAMENTO A TRUMP
Jair Bolsonaro prometeu seguir a Casa Branca de Donald Trump a reboque em temas de política internacional.
Se conseguir fazê-lo, será a guinada de política externa mais significativa dos últimos 20 anos.
Esse capítulo começará a ser escrito na semana que vem, quando Eduardo Bolsonaro desembarca em Washington para uma agenda que pode incluir encontros com o vice-presidente Mike Pence e com o secretário de Estado Mike Pompeo.
O Brasil tentou alinhamento a Washington em cinco ocasiões. As duas primeiras tiveram êxito retumbante e deixaram legados positivos de longo prazo. As três seguintes foram fiascos.
Vale a pena lembrar:
Vale a pena lembrar:
1. Em 1889, a turma que derrubou o Império buscou o governo dos EUA para dar um cavalo de pau na diplomacia de Dom Pedro 2º, pondo monarquistas na defensiva e selando o apoio da nova elite republicana. Com ajuda de Washington, o novo regime garantiu as fronteiras sem ter de ir à guerra por elas e se defendeu da Argentina sem ter de gastar as burras com rearmamento naval. Operando o alinhamento com grande destreza em público e nos bastidores, o barão do Rio Branco elevou a prática ao status de doutrina.
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2. Em 1941, Getúlio Vargas negociou seu alinhamento junto a Franklin D. Roosevelt. Ele abandonou a Alemanha nazista e trocou a base aérea de Natal pelos recursos necessários para comprar a adesão dos militares e industrialistas dos quais sua permanência no governo dependia. O país saiu da guerra do lado dos vencedores.
3. Em 1961, João Goulart buscou em John F. Kennedy o apoio necessário para fazer frente à tigrada que não queria vê-lo empossado como presidente. Apesar de desconfiar do colega, Kennedy investiu na relação. Frustrou-se rapidamente e o esquema desandou, levando a Casa Branca a desestabilizar o governo Jango até derrubá-lo.
4. Em 1964, o marechal Castello Branco montou um plano de aproximação a Washington em troca de apoio ao regime. Tropeçou na turma que não queria nada disso no Conselho de Segurança Nacional e na caserna. Em menos de dois anos, a relação entre os governos azedou.
5. Em 1989, Fernando Collor de Mello ensaiou um alinhamento. Dando-se conta do alto custo político embutido nessa empreitada, o próprio presidente a abandonou.
Quem estuda os casos em detalhe aprende uma lição.
O alinhamento só funciona quando a Casa Branca enxerga utilidade geopolítica no governo brasileiro. E quando este é capaz de usar a relação com os estadunidenses para alimentar as forças políticas que o sustentam.
Dessa equação dependerão Bolsonaro e Trump. (por Matias Spektor, professor de relações internacionais na FGV)
"Somos da crise, se ela vier/ Bananas para quem quiser"
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