quarta-feira, 24 de outubro de 2018

MACAQUICE DE UMA DEMOCRACIA JOVEM

ruy castro
GOLS CONTRA
A frase é do jornalista, escritor e polemista americano H. L. Mencken (1880-1956) —e olhe que ele não viveu para ver Donald Trump na Presidência dos EUA. 

Se a democracia mais sólida e experiente do mundo produziu Trump, era talvez inevitável que a nossa, tão jovem e ingênua, gerasse um Bolsonaro. 

A sorte dos americanos é que, em volta de Trump na Casa Branca, há homens dedicados a esquecer-se de cumprir suas ordens e esperar que ele também se esqueça —maneira discreta de neutralizar seu risco à paz mundial, ao comércio internacional, à defesa do ambiente e à própria democracia. Mas duvido que possa haver gente assim em volta de Bolsonaro no Planalto. 

Pelas amostras, o que teremos será justamente o contrário. 

Quando um dos membros de seu núcleo duro —os filhos, o general vice, o economista, o coordenador da campanha— abre a boca, as instituições tremem. Um ameaça fechar o Supremo, outro fala em autogolpe e em revogar o 13º salário, o terceiro ameaça com novos impostos e o último quer extinguir cargos que não existem. 

Ao ser avisado sobre esses disparates, é o próprio Bolsonaro que sai correndo para apagar o incêndio. Mas, se tivermos de contar com Bolsonaro para a casa se manter de pé, convém sair de baixo. Afinal, já sabemos suas opiniões sobre ditadura, tortura, estupro, desmatamento, armas, gays, negros e mulheres.   

Com tudo isso, Bolsonaro continua a ser levado a sério por empresários, economistas e militares supostamente responsáveis, para não falar na Regina Duarte e nas multidões que, bem provável, o elegerão neste domingo. 

Dali até 1º de janeiro, dia da posse, ele e seus conselheiros terão o direito de dizer e desdizer quantos absurdos quiserem. 

Mas, a partir daí, cada gol contra cometido por ele ou por um dos seus irá para o placar. (por Ruy Castro)

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