Estamos num momento decisivo da nossa História, com o Brasil à beira do abismo, olhando para baixo e sentindo forte tentação de mergulhar. Só a Justiça tem, neste instante, poder para evitar a desgraça coletiva a que um povo desesperado está sendo conduzido.
Se nossas autoridades judiciais não retomarem, com um ato de coragem, o controle da situação, o que virá em seguida vai ser o pior dos mundos possíveis: caos político, uma depressão econômica como nunca vimos e inevitável derramamento de sangue.
O fato é que a campanha presidencial de Jair Bolsonaro é, em tudo e por tudo, uma aberração, pois em nenhum momento ele deixou de pregar o ódio, as atrocidades e a utilização desmedida da força para esmagar os que se opõem a seus planos ou contrariam suas convicções pré iluministas.
Em vários países da Europa, ele estaria encarcerado por defender abertamente a tortura e o extermínio de seres humanos, assim como lá são presos os que negam ter existido o Holocausto.
Aqui, Bolsonaro louvou um personagem-símbolo das monstruosidades ditatoriais perante uma audiência de dezenas de milhões de telespectadores brasileiros e nem sequer perdeu o mandato por quebra do decoro parlamentar.
Talvez porque fosse um dos personagens mais insignificantes da nossa política, veio sendo poupado até hoje de responder por atos e falas que mereciam punição.
Antes, contudo, o Exército não o tratara com a mesma condescendência: prendeu-o, processou-o, condenou-o e, embora acabasse finalmente por absolvê-lo em 1988, decerto lhe fez perceber que sua carreira estava arruinada, daí a decisão por ele tomada, de passar no mesmo ano à reserva.
Antes, contudo, o Exército não o tratara com a mesma condescendência: prendeu-o, processou-o, condenou-o e, embora acabasse finalmente por absolvê-lo em 1988, decerto lhe fez perceber que sua carreira estava arruinada, daí a decisão por ele tomada, de passar no mesmo ano à reserva.
Agora, surgem evidências gritantes de que Bolsonaro foi o candidato mais votado no 1º turno da eleição presidencial utilizando ao máximo modernas técnicas de manipulação psicológica dos eleitores para efetuar uma espécie de lavagem cerebral em massa (vide aqui), com a disseminação avassaladora de mentiras sobre os adversários e financiamento ilegal por parte de empresários.
Ou seja, foi cometido abuso econômico (pois estão proibidas doações de pessoas jurídicas) para a ampla divulgação de "fatos sabidamente inverídicos" (fake news). De quebra, tais recursos não foram declarados como gastos de campanha e passou-se por cima da proibição do uso de listas de contatos compradas para espalhar conteúdos.
Salta aos olhos que um esquema desses pode comprometer irremediavelmente o resultado eleitoral.
Comprovadas as denúncias, Bolsonaro deverá ter seu registro cassado, se a decisão judicial se der durante a campanha; a proclamação impedida, caso seja eleito e a decisão se der antes do próximo dia 1º de janeiro; ou o mandato cassado, se já estiver exercendo o cargo.
Aí é que mora o perigo. Depois de Dilma Rousseff ter sofrido impeachment por estelionato eleitoral (maquilagem das contas públicas para evitar que, às vésperas da eleição, o eleitorado percebesse a gravidade da recessão econômica prestes a desencadear-se), a lavagem cerebral de Bolsonaro, uma vez confirmada, não poderá ser relevada, sob pena de o Estado brasileiro avacalhar-se de vez e perder o tiquinho de credibilidade que lhe resta.
Ademais, nada indica que um presidenciável useiro e vezeiro em lançar ameaças veladas de que poderia, em tais ou quais circunstâncias, virar a mesa, vá acatar tão passivamente a destituição como o fez Dilma Rousseff. Nem que suas hordas selvagens de seguidores desperdicem a oportunidade para tentarem novamente forçar uma intervenção militar, como já fizeram durante a paralisação dos caminhoneiros.
Ou seja, quanto mais tardar a palavra final da Justiça, mais se estará favorecendo os que apostam numa solução de força –a qual, ao invés de pacificar o país, levaria a novos conflitos e confrontos, de forma que aos anos já perdidos desde a malfada eleição de 2014 se acrescentariam outros, muitos outros.
Os que utilizam a tragédia humanitária da Venezuela para insuflar alarmismo demagógico esquecem de acrescentar que há muitas formas de um país chegar a penúria tão extrema; e que o Brasil pode, por outros caminhos, chegar ao mesmíssimo resultado, se não detivermos a atual marcha da insensatez.
A única saída sensata para o Tribunal Superior Eleitoral, neste momento, é adiar o 2º turno e apurar rapidamente as responsabilidades pela avalanche de fake news no 1º turno, de forma que o resultado seja homologado em definitivo ou anulado em definitivo.
Só assim o processo eleitoral poderá seguir sem indefinições, seja repetindo-se o 1º turno com a exclusão de candidato(s) culpado(s), seja realizando-se o 2º turno com os eleitores não tendo mais dúvidas sobre se estarão votando em alguém com condições legais para cumprir até o fim o mandato.
5 comentários:
É curioso o q vc faz nesse blog, propor soluções sensatas q ninguém vai seguir. NEsse tipo de situaçao a justiça eleitoral nunca faz nada nem qnd o cabo eleitoral do meliante compra voto. A Polícia nem vai investigar direito e o tse nao adiar as eleiçoes.
Celso, tinha prometido a mim mesmo me afastar de tudo pois estou cheio de eleição. Não votei em Bolsonaro no primeiro turno. Mas depois de ver tua postagem começo a pensar a votar no mesmo. Foi um das mais barbaras teorias . Fomentada pela esquerda radical e pela Folha esse tipo de idéia só alimenta os amigos de Bolsonaro. Tipo "golpe Comunista", Já começa a correr a internet este tipo de comentário. Se não houver eleição, aí sim haverá guerra civil e os tanques voltarão. Anular a eleição, se não for por fraude nas urnas não vai colar. A pesquisa de hoje disse, dos 58% de votos válidos( em Bolsonaro) 41 % votam por convicção. Portanto é suicidio essa idéia. Lembrando que já se notou um " recuo" no site do UOL. Abraço.
Lucas,
uma coisa em que eu não mudei desde a luta armada é a lutar até o fim.
No caso presente, o que estou propondo é realmente o certo. Não só o Haddad como todos os outros candidatos foram, de uma forma ou de outra, prejudicados pela lavagem cerebral modernosa que o Bolsonaro introduziu na sua campanha. Então, a única forma de desfazer o prejuízo causado por esse jogo sujo e ilegal é anular o 1º turno.
Se ninguém seguir minha sugestão, eu vou ficar com a consciência tranquila. Pelo menos eu terei cumprido meu papel.
Abs.
Orth,
pesquisas eleitorais, num país de eleitores inconsequentes e inconsistentes, não flagram a verdade. Se, p. ex., o Lula seguisse o exemplo do Getúlio Vargas, tirando a vida e deixando uma carta-testamento dramática, os 58% "votantes por convicção" poderiam tornar-se 29% num piscar de olhos.
Quanto ao tipo de fraude cibernética e abuso de poder econômico cometido pelo Bolsonaro, é flagrantemente pior do que aquele alegado para cassarem a Dilma (e eu, pelo menos, jamais aleguei que a letra da lei não havia sido respeitada, apenas constatei que até então ela nunca fora aplicada com tamanho rigor).
Outra: nem os petistas pegaram em trabucos para não deixarem a Dilma ser desalojada do Palácio do Planalto e o Lula ser preso, nem o povo brasileiro lutaria pelo Bolsonaro, afora alguns milhares de trogloditas que seriam rapidamente dominados.
Por último: nem que o UOL, a Folha, o PT e seja lá quem for recuem, eu defenderei esta ideia até o fim. Parafraseando o Vandré, "porque sou forte e tenho razão".
"Não votei em Bolsonaro, mas depois de ver tua postagem começo a pensar a votar no mesmo." Acho uma graça essas intimidações e ameaças embusteiras que esses bolsominions fazem, tentando proibir os outros de criticarem o amado político de estimação deles! Tá na cara pelo teor da fala que a criatura votou no Bozo no primeiro turno, pra tar se revoltando tanto contra as denúncias e xingar a realidade que bate na porta de "esquerda radical" (E como se fosse xingamento ser de esquerda radical, rsrsrs...). Opinião de internet é irrelevante deste que passaram a serem forjadas por robôs pagos pra passarem seriedade em bobagens de teorias da conspiração. Guerra civil, o Bolsonazi já está causando. E concordo com o Celso, além de ser muito ridículo uma "revolta" nas ruas em apoio a um político safado como o Bozo!
Postar um comentário