sexta-feira, 17 de agosto de 2018

AS INCOERÊNCIAS EM QUE O PT SE ENREDA AO SUSTENTAR O INSUSTENTÁVEL

hélio schwartsman
PRECISAMOS FALAR
 SOBRE O LULA
Partidos políticos competitivos operam com duas metas que são em certa medida contraditórias:
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1. eles precisam atrair o eleitorado, que vota muito mais com o coração do que com a razão, e também
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2. oferecer uma visão de país que, se não chega a configurar um programa de governo detalhado, seja mais do que um amontoado de delírios. 

Afinal, se a agremiação conquistar o poder, terá de fazer algo pelo menos assemelhado àquilo que propunha.

A estratégia do PT de seguir com a candidatura de Lula, embora sejam remotíssimas as chances de que a Justiça o considere elegível, até atende ao primeiro objetivo. O ex-presidente, apesar de tudo, ainda está nas graças de cerca de um terço do eleitorado. O problema é que ela fracassa miseravelmente no segundo intento.

Para dar uma aura de decoro à candidatura de um condenado por corrupção, o PT pinta Lula como um perseguido pela Polícia Federal, Ministério Público, Justiça (1ª, 2ª, 3ª e 4ª instâncias), imprensa e empresariado. 

Até seria verossímil que uma dessas instituições tivesse se voltado contra ele, mas será crível que todas o tenham feito ao mesmo tempo?

Manter o discurso do complô exige negar legitimidade ao Judiciário, um dos três Poderes da República, o que, obviamente, não pode fazer parte do projeto de um partido democrático. Não dá para solapar as bases do Estado que se pretende administrar. Note-se que Lula poderia perfeitamente questionar o resultado de seus julgamentos sem contestar a instituição, mas isso enfraqueceria sua retórica.
E essa é só uma das muitas incoerências em que o PT se lança ao sustentar o insustentável. 

O efeito colateral mais grave, a meu ver, é que a insistência em Lula impede o partido e a própria esquerda de acertar contas com os graves erros éticos e econômicos cometidos nas gestões petistas e de seguir em frente. 

Enquanto estiver algemado a Lula, o PT terá grandes dificuldades em atualizar seu projeto de país. (por Hélio Schwartsman)

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