segunda-feira, 18 de setembro de 2017

JANOT TENTOU DERRUBAR TEMER APENAS PARA EVITAR QUE RAQUEL DODGE, SUA DESAFETA POLÍTICA, O SUCEDESSE NA PGR.

Ângelo Goulart Villela, talvez um bode expiatório.
Eis alguns trechos da entrevista publicada nesta 2ª feira (18) pela Folha de S. Paulo, do procurador da República Ângelo Goulart Villela, que foi acusado pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot de vazar informações por dinheiro e depois libertado após passar 76 dias preso, havendo possibilidade de ter sido apenas um bode expiatório nesse imbroglio todo.

Sua versão vem ao encontro de tudo que os cidadãos perspicazes já suspeitavam a respeito das verdadeiras motivações de Janot: 
"A JBS abriu duas frentes de [tentativa de fechar um acordo de] colaboração, uma mais tímida, comigo e Willer [Tomaz, advogado da empresa]. Depois, eles batem na porta do Anselmo Lopes [procurador que atua na Greenfield] para uma reunião com a PGR e conseguem. Isso tudo em fevereiro. O áudio da gravação do Temer foi em 7 de março e do Aécio Neves, no fim do mês.
O que me chamou a atenção são os personagens ocultos dessa história, o que vem sendo revelado agora. Uma advogada [Fernanda Tórtima], um ex-colega [Marcelo Miller] e um modus operandi idêntico ao de outras delações. Cito os casos de Nestor Cerveró, Sérgio Machado e Delcídio do Amaral. Todos eles com vazamentos antes das homologações.
O Rodrigo quis usar uma flecha para obter duas vitórias. A gente sabia que Raquel seria a pessoa indicada. Eu fui tachado por Rodrigo como se tivesse me bandeado para o lado dela. Esse era um alvo da flecha. 
Janot, que, constata-se agora, tinha mesmo muito a esconder.
 O outro era que, derrubando o presidente, e até o nome da operação era nesse sentido –Patmos, prenúncio do apocalipse–, ele impediria que Temer indicasse Raquel [noutros trechos, Villela afirma que Janot se referia a ela como bruxa e teria dito que 'a minha caneta pode não fazer meu sucessor, mas ainda tem tinta suficiente para que eu consiga vetar um nome'].
Não tenho dúvida alguma que houve motivação para me atingir porque, assim, ele [Janot] lança uma cortina de fumaça, para mascarar essa celeridade de como foi conduzida, celebrada e homologada uma delação tão complexa, em tempo recorde.
...Rodrigo, valendo-se da informação que estava no Congresso no sentido de que a indicação de Raquel era dada como certa, viu na JBS a oportunidade de ouro para, em curto espaço de tempo, derrubar o presidente da República e assim evitar que sua principal desafeta política viesse a ocupar a sua cadeira.
Ele tinha pressa e precisava derrubar o presidente. Ele tinha mais cinco meses de mandato, e faz, então, um acordo extremamente vantajoso ao Joesley, de imunidade, diante de um material que levaria à queda do presidente.
Raquel Dodge: Janot virou o país de pernas pro ar...
Essa pressa, para ficar mascarada, vem com um discurso de que a atuação imparcial de que estava cortando da própria carne. Ele me coloca ali como bode expiatório e me rifa. Nem quis me ouvir. Fui preso com base em declarações contraditórias de dois delatores, em uma pseudoação controlada. 
...Não quero aqui entrar no mérito das acusações, mas apenas destacar que a motivação de Rodrigo, neste caso, conforme cada vez mais vem sendo relevado, foi eminentemente política. O Rodrigo tinha certeza de que derrubaria o presidente".
* * *

Este blogueiro leva muito a sério a missão que assumiu, de revelar a verdade a seus leitores, livrando-os da teia de mistificações e falácias em que tentam enredá-lo tanto os tentáculos da indústria cultural quanto as redes sociais de uma esquerda desvirtuada que abdicou dos ideais revolucionários e se tornou, na prática, mera linha auxiliar do capitalismo, ajudando a perpetuar a dominação burguesa ao invés de organizar os explorados para lutar contra ela e dar-lhe fim.

Como voz que clama no deserto, o Náufrago é desqualificado por muitos (quase sempre na surdina, pois essa gente foge do debate franco como o diabo da cruz...) e incompreendido por outros tantos. Mas, quando vêm à tona a verdade sobre episódios importantes, invariavelmente se constata que as intuições deste blogueiro eram corretas e que aqui se atuava com integridade jornalística, e não com o intuito de enfiar versões convenientes na cabeça dos prosélitos.
...só para evitar que ela se tornasse a nova procuradora-geral.

Foi o que se deu quando as Organizações Globo vazaram com enorme estardalhaço as informações que deveriam estar sob sigilo de Justiça, de uma delação premiada que deveria servir como justificativa para o impeachment de Michel Temer.

Coerente com a posição de que o grande vilão brasileiro não é o serviçal do capitalismo que esteja num dado momento envergando a faixa presidencial, mas sim o poder econômico (que maneja os cordões nos bastidores, determinando qual deva ser a decisão do chefe do governo nos assuntos realmente importantes e enxotando do Palácio do Planalto qualquer presidente que não o esteja atendendo satisfatoriamente), coloquei-me contra os revanchistas ansiosos por verem Temer sofrer o mesmo que Dilma sofrera. Política não se faz com bílis. 

Alertei e provei que seria apenas uma troca de seis por meia-dúzia, sem proveito real nenhum para a esquerda, já que apenas proporcionaria alguns meses de mandato presidencial para Rodrigo Maia e outros tantos para um presidente-tampão a ser eleito pelo Congresso Nacional e que acabaria governando no período em que a campanha eleitoral monopoliza todas as atenções dos políticos.

Isto ao preço de perpetuar as incertezas nacionais, alongando a recessão econômica e o sofrimento dos coitadezas, que há anos vêm comendo o pão que o diabo amassou.
Pior vexame da Globo desde o fracasso do complô contra Brizola

Além de ser um salto no escuro, pois a participação da Globo no golpe certamente embutiria outras mazelas além dos benefícios que a dita suja esperava colher fazendo o próximo presidente (todos sabemos que, em termos empresariais, a Globo vai mal das pernas). 

Conhecíamos o sócio principal, e era o mais execrável possível. O que poderíamos esperar dos sócios ocultos, cuja identidade só viria à tona depois do êxito do golpe? 

Finalmente, desde o primeiro momento deu para perceber claramente que a denúncia premiada dos açougueiros analfabetos tinha mais furos jurídicos do que uma peneira, indicando que fora um documento produzido a toque de caixa a fim de servir de estopim para o golpe. E isto também ficou comprovado agora. 

"Aqueles a quem os deuses querem destruir, primeiramente os enlouquecem", disse Eurípedes há quase dois milênios e meio. Janot não leu.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails