sábado, 16 de setembro de 2017

A PRESSA ERA TANTA QUE JANOT FEZ A FLECHA COM BROTO DE BAMBU

Se algum site de apostas aceitasse palpites sobre a inépcia ou não da segunda denúncia do Rodrigo Janot com o objetivo de derrubar Temer, os vencedores obteriam retorno ínfimo, coisa de apostarem R$ 50 para receberem de volta R$ 51. Pois era o chamado óbvio ululante.

Deus e todo mundo percebiam que o trabalho estava sendo feito aos trancos e barrancos, pois Janot queria porque queria conclui-lo antes do último dia de sua desastrosa gestão à frente da Procuradoria Geral da República. E a pressa é inimiga da perfeição, ainda mais em questões legais, nas quais uma única palavra mal escolhida pode determinar a derrota ou vitória na causa.

Míseros dois dias depois e já se constataram erros primários.

Assim, p. ex., a denúncia contra Temer e outros seis peemedebistas por participação em organização criminosa se baseou em pelo menos 15 fatos ainda em investigação, segundo notícia da sucursal de Brasília da Folha de S. Paulo.
"Os relatos de executivos e ex-executivos da Odebrecht e as mais recentes revelações do operador Lúcio Funaro e do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, são as delações mais usadas por Janot.
Nenhum dos 76 inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal devido à colaboração dos executivos e ex-executivos da empreiteira teve a investigação finalizada.
No caso de Funaro, ainda não houve nem pedido de abertura de inquéritos. Sua delação foi homologada no início deste mês, mas está em sigilo no STF...
De acordo com a lei, a delação serve como um meio de obtenção de prova e não como prova em si. Os delatores são requisitados a ajudar com o envio de documentos que possam corroborar os fatos narrados, e a polícia e procuradores tomam medidas para avançarem na apuração.
Nos casos da Odebrecht, a Polícia Federal já apontou problemas que devem impedir que vários casos sejam comprovados, por fragilidade nos depoimentos, entre outros fatores".
Ou seja, como seu timing foi ditado por uma obsessão pessoal e o bambu não estava amadurecido para ser transformado em flecha, Janot quis fazer seu projétil com broto de bambu. Se não tem tu, vai tu mesmo. 

Com isto, não só deixará de obter o resultado imediato que almejava, como vai dificultar a futura condenação de Temer, depois que ele perder a imunidade. Perda total.

Já os advogados de Temer alegam que "quase todos" os fatos criminosos imputados ao dito cujo são anteriores ao seu mandato, infringindo o princípio constitucional que impede a responsabilização do presidente em exercício por acontecimentos anteriores. Está no parágrafo 4º do artigo 86 da Constituição Federal:
"O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções".
Será que Janot perdeu até a noção do tempo, a ponto de incluir fatos ocorridos desde 2006 numa denúncia que deveria versar unicamente sobre o que rolou a partir de 31 de agosto de 2016? O erro necessariamente seria capitalizado pela parte contrária, que já requereu ao STF a devolução da denúncia à PGR, para retirada das excrescências.

A soma dos pequenos detalhes que passaram despercebidos a Janot e sua equipe em meio à sofreguidão dos últimos dias de Pompéia deverá ter, como resultado, uma grande derrota. 

Deveriam ter mantido o foco original da Operação Lava Jato – o combate à corrupção –, ao invés de a colocarem a serviço de projetos golpistas. Deram um passo maior do que a perna e se esborracharam no chão.

Plim, plin.

2 comentários:

Alessandro Alcântara disse...

Acho interessante como em qualquer político, as denúncias não têm prazo de validade: se cometeu há oito anos atrás, continua sendo criminoso, e não poderia (mesmo que só em teoria) continuar no poder. Só o senhor mesmo pra dizer que, só porque é denúncia de administração antiga, logo não é válido, que Janot estaria fazendo merda... Sinceramente Celso, qual é o seu real motivo de desdém contra o cara? É porque ele tá atacando o Temer? Já não basta ele ser defendido por toda a Direita e possuir costas largas, ter pessoas de esquerda dizendo que é pra esperar ele completar o mandado (depois de fazer todas as merdas contra a população) é demais! Outra: tudo contra esse canalha do Temer é "broto de bambu" se formos analizar, porque, todos sabem, ele é muito bem protegido pela quadrilha que é o próprio Estado - se isso fosse motivo pra desmerecer quem "bate de frente" contra ele, também seria o caso de desmerecer seu passado combatendo o regime militar.

celsolungaretti disse...

Alessandro,

eu sempre baseei as minhas conclusões no ESPÍRITO da Justiça e não na LETRA da Justiça, uma vez que considero a Justiça burguesa uma Justiça de classe. Mas, um procurador-geral da República não pode fazer o mesmo, ele é obrigado a respeitar a letra da Justiça, caso contrário o seu trabalho será invalidado pelo Supremo Tribunal Federal. É o que acontecerá com a denúncia do Janot, no que ele tenta utilizar partes de investigações não concluídas.

De resto, se você lesse toda a minha sequência de artigos e não apenas este, saberia que eu defendo uma volta da esquerda a uma posição REVOLUCIONÁRIA, ou seja, que ela volte a organizar os explorados para a luta contra o capitalismo ao invés de desperdiçar tempo com os podres Poderes da sociedade burguesa.

Então, para mim tanto dá quanto tanto deu o nome do presidente, todos eles, sob o capitalismo, são obrigados a defender os interesses da burguesia.

O PT tenta convencer as massas que, apesar de a Dilma ser enxotada da Presidência por um piparote parlamentar, vale a pena continuar acreditando em eleições.

Eu tento convencer as massas que, elejamos quantos presidentes venhamos a eleger, eles serão consentidos enquanto estiverem agradando ao grande capital e serão botados pra correr se incomodarem os donos do PIB.

"Fora Temer!" é palavra de ordem de quem ainda acredita no capitalismo e na democracia burguesa.

A minha é "Fora capitalismo!", seja quem for o presidente. E, nas eleições, voto nulo para todos os cargos.

Afora o fato de que jamais acreditarei em que uma tentativa golpista da qual a Globo participe possa beneficiar o povo. Então, não serei eu quem vai colocar azeitona na empada da Globo.

Por último: as reformas econômicas que o Temer está promovendo, a Dilma também tentou implantar e qualquer presidente que assumir também tentará. A reforma previdenciária é mesmo desumana. Mas, numa sociedade capitalista quem manda são os capitalistas. A única forma de determos a reforma previdenciária será acabando com o capitalismo. Tentar lutar só contra ela não adianta, a derrota é certa.

Abs.

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