"A solidariedade é o sentimento que melhor expressa
o respeito pela dignidade humana" (Franz kafka)
.
Costumo dizer aos que me questionam pelo fato de criticar o dinheiro, mas, ao mesmo tempo, batalhar diariamente para obtê-lo com o exercício da advocacia (como se isto fosse um paradoxo entre o que eu digo e o que faço) que o Instituto Butantan de São Paulo precisa do veneno da cobra para produzir o soro antiofídico que neutraliza tal veneno e salva vidas.
Destarte, não há nenhuma contradição entre obtermos o dinheiro necessário aos nossos intentos e sobrevivência, e, ao mesmo tempo, criticá-lo. É que a sociedade do capital, confirmando o caráter onívoro da mediação social pelo dinheiro que tudo atrai para si e a tudo e a todos submete, nos obriga ditatorialmente a buscar dinheiro para vivermos.
Para levarmos adiante a luta contra este modo de mediação social em decomposição orgânica (que ocorre por seus próprios fundamentos contraditórios e irracionais), necessitamos de recursos em dinheiro para combatê-lo de modo eficaz; e também precisamos saber como fazê-lo, o que não é tão simples assim.
O blogue Náufrago da utopia, para manter a sua independência diante do mercado, não veicula propagandas comerciais, pois isto significaria uma capitis deminutio na liberdade de dizer e conscientizar a partir de seus pressupostos revolucionários; e muito menos aceita qualquer subvenção de governos e de entes a eles vinculados, que significaria uma dependência em relação ao Estado que tanto criticamos (o segmento político institucional é sempre correia de transmissão e legitimação da opressão estatal).
Denunciamos a nossa tragédia social ao mesmo tempo em que buscamos a análise de suas causas e modo de superação.
Temos hoje, no Brasil, cerca de 13,5 milhões de desempregados. Considerando que se trata da chamada mão-de-obra economicamente ativa, e que quase todos os trabalhadores desempregados têm uma família deles dependente, isto significa que quase ¼ da população brasileira (quase 50 milhões de pessoas) não tem como obter recursos para o custeio das suas necessidades. Esse é o caldeirão no qual se processam as mais aviltantes maquinações do diabo.
O aumento vertiginoso da violência urbana deriva da miséria social decorrente das estatísticas de desemprego, alarmantes mesmo segundo os nem sempre confiáveis dados oficiais. Estamos todos ameaçados, pois a vida já vale menos que um celular.
A falência econômica do Estado decorre da depressão econômica (local e mundial) e implica o abandono, pelo Estado, do atendimento das demandas sociais básicas (educação e saúde). Dito Estado agora se fixa apenas no provimento e custeio daquilo que lhe é essencial, ou seja, do financiamento das instituições (parlamento, judiciário e força militar). Assim, vamos vivendo de perdas em perdas e tentando sobreviver a elas.
Denunciamos tudo isso porque não aceitamos passivamente tal estado de coisas como se fosse a resultante de determinismo histórico imutável.
Teimamos em mudar o curso da história de sangue e dor de humanidade e isto implica uma concepção teórica e prática somente possível de ser encontrada a partir de uma discussão dialética e aberta, desde que circunscrita ao campo da análise dos nossos infortúnios sociais e não da sua justificativa de acomodação.
Quem denuncia tal estado de coisas e se propõe criticamente à formulação de alternativas de vida social sem apelar para o mercado ou às tetas do estado paga um preço muito alto. Estamos dispostos a pagar tal preço como contribuição revolucionária.
Buscamos uma saída e haveremos de encontrá-la.
.
UM APELO SOLIDÁRIO
.
A elaboração de um blogue com artigos reflexivos e ilustrações explicativas que ajudam na correta interpretação e suavização a leitura, requer um esforço intelectual de elaboração E pesquisa, além de físico, que demanda muito tempo. E como quem escreve artigos contra o capital quase sempre não detém capital ou renda dele derivada, consome o seu tempo sem ter uma receita que promova o seu sustento. Como sabemos, no capitalismo sob o qual vivemos tempo é dinheiro.
Neste sentido (como em todos os outros), é de suma importância a prática da solidariedade entre aqueles que compreendem a importância do esforço emancipatório e podem promover e contribuir para emancipação social com gestos e ações que, por mais simples que sejam, somam com todas as outras na direção da construção de um novo tempo de vida fraterna, na qual não sejamos todos adversários de todos.
Isto é solidariedade.
O blogue Náufrago da utopia tem atingido índices de acesso contributivos para a conscientização daquilo que está na base dos nossos infortúnios sociais de modo aberto e dialético. Já ultrapassamos a casa dos 2 milhões de acessos e certamente temos contribuído para um arejamento do pensar, incomodando os recalcitrantes defensores do status quo da conservação ou reforma que nada muda, ou muda pouco para não transformar nada.
Precisamos manter, ampliar e acrescentar outros elementos à nossa luta, de modo a criarmos uma vertente de conscientização teórica e prática que nos conduza à saída do labirinto que nos prende à segregação social histórica; e, para tanto, solicitamos a ajuda dos leitores que se dispuserem (e puderem) contribuir financeiramente.
Tomei a iniciativa, com a anuência do Celso, fundador e editor do blogue, de elaborar o apelo ora publicado em razão das dificuldades financeiras inerentes à condição de combatente do seu fundador.
Aquele(a) que se dispuser a contribuir financeiramente deverá depositar qualquer valor disponível e ao seu critério, de uma única vez, na conta corrente nº 001-00020035-2, agência 2139, da Caixa Econômica Federal (banco 104), em nome de Celso Lungaretti (CPF 755.982.728-49). Posteriormente o blogue exporá o quantitativo de valores arrecadados e correspondente prestação de contas da destinação.
Desde já, recebam um abraço agradecido do blogue Náufrago da utopia.
Até a vitória!
(por Dalton Rosado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário