segunda-feira, 5 de junho de 2017

ASSISTIMOS A UM DERRETIMENTO AMPLO, GERAL E IRRESTRITO.

Sob governo fraco, em meio a uma recessão econômica, tudo derrete e se desconstrói.

Derrete o governo, tão corrupto quanto o anterior e qualquer outro que as forças da política convencional constituam, pois a corrupção é intrínseca ao capitalismo e alguma vantagem sempre espera obter quem se presta ao patético papel de fingir governar enquanto é governado pelo poder econômico.

Derrete o Legislativo, que chafurda no mar de lama e ainda se omite vergonhosamente quando os outros Poderes usurpam suas atribuições.

Derrete o Judiciário, principalmente o Supremo Tribunal Federal, que, diante de uma escalada de arbitrariedades por parte dos promotores da Operação Lava-Jato e do procurador-geral da República, cala e consente.

Derrete a dita Procuradoria, cada vez mais parcial e tendenciosa, tendo chegado ao cúmulo de aceitar uma prova obtida ilegalmente por um acusado ansioso por favores judiciais, sem sequer submetê-la a perícia para verificar se não havia sido forjada, e ainda por cima conceder benefícios exageradíssimos ao criminoso por seus préstimos

Derrete a Lava-Jato, ao se desviar da finalidade que a fazia respeitada e aclamada –o combate à corrupção, passando a priorizar objetivos políticos e a gerar factoides em função dos ditos cujos.

Derrete a imprensa, com um dos maiores jornais do País servindo como abre-alas de uma ação concertada para derrubar presidente, enquanto outro começou denunciando abusos e acabou resignado a seja lá o que ocorra, só batendo pé na necessidade de se dar continuidade às reformas exigidas pelo grande capital.

Derrete a esquerda majoritária, ao tomar partido numa pendenga que não é sua e apenas decide se o presidente da República continuará sendo a mediocridade atual ou outro que as forças de direita venham a colocar como substituto, para cumprir a mesmíssima função; e também por não perceber que o maior perigo para si está no êxito da armação Janot-O Globo (com Fachin como cúmplice ou como inocente útil), que precipitaria também a prisão do Lula como contrapeso.

Aonde isso vai levar, é impossível saber neste instante. Mas, parece cada vez mais claro que o derretimento amplo, geral e irrestrito está gerando uma situação em que todos os atores da crise se anulam mutuamente e a coisa parece caminhar na direção apontada pelo jornalista Igor Gielow:
"É disso que se trata a entropia, o conjunto de forças destruidoras num sistema de troca de energia que inexoravelmente marcha para a devastação completa".

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