Além dos bumbuns femininos, duas preferências nacionais são as novelas e as teorias da conspiração. Haverá muito de ambas nos próximos dias.
Teori Zavascki, o ministro do STF que era o relator da Operação Lava-Jato, morreu numa queda de avião, assim como ocorrera em agosto de 2014 com o Eduardo Campos (candidato do PSB-PPS-Rede à eleição presidencial daquele ano).
Da mesma forma, não parecia haver então força política que se beneficiasse tanto com a morte de Campos a ponto de envolver-se numa trama de assassinato. E continua em pé até hoje a conclusão oficial de que foi apenas acidente.
A menos que surjam evidências em contrário, agora também foi só acidente.
Zavascki era um ministro do Supremo que procurava agir sempre como ministro, tomando decisões técnicas e apresentando-as em arrazoados praticamente indestrutíveis, sem o estrelismo de um Marco Aurélio Mello nem a tendenciosidade de um Ricardo Lewandowski (ou, pior ainda, a exacerbação dos dois defeitos que se constata em Gilmar Mendes).
Com ele, era praticamente certo que, em algum momento do futuro, Lula seria condenado como corrupto, com o aval do STF .
Em termos estritamente legais, ele está além de qualquer possibilidade de salvação; suas melhores chances de escapar das grades são uma prisão domiciliar ou um ato de clemência das autoridades, mas o Lula ainda não caiu na real e o PT dá sobejas mostras de preferir tê-lo como mártir trancafiado do que como um aposentado da política desfrutando a velhice ao lado da família.
Bom negócio para o partido, que continuará tendo um agônico trunfo eleitoral; mau para o Lula, pois a cana é dura aos 71 anos.
Embora o PT tenha o esqueleto do Celso Daniel no seu armário, não acredito que o partido e os lulistas em geral sejam tão desatinados a ponto de correrem o risco de que o Gilmar Mendes se torne o relator da Lava-Jato.
Pois, se a presidente do STF Carmen Lúcia seguir estritamente as regras, o novo relator vai ser quem Temer indicar para a vaga de Zavascki; e a alternativa, face à urgência da escolha, seria um sorteio entre os remanescentes da 2ª turma do tribunal, à qual pertencia o falecido: Lewandowski, Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli. Ou seja, o primeiro simpático a Lula, o segundo francamente contrário a ele e os outros dois tendentes a condená-lo como Zavascki faria.
Donde concluo: mão do PT no acidente, só se for de algum energúmeno como Gregório Fortunato, o guarda-costas de Getúlio Vargas que pensou em ajudar o patrão atentando contra a vida do Carlos Lacerda e acabou, isto sim, levando-o ao suicídio. Repito: não acredito.
Mão da direita também seria uma estupidez sem tamanho. O baralho estava exatamente do jeito que ela queria, mas agora surge a possibilidade de a cavalaria salvar o Lula no fim do filme.
[Depois do casuísmo que Lewandowski inventou para evitar a perda dos direitos políticos da Dilma no apagar das luzes do impeachment, dele se pode esperar qualquer coisa. Direitista que não tenha QI de ameba preferiria Zavascki a 25% de chance de dar Lewandowski no sorteio.]
Os empresários mutreteiros? Difícil. Falta-lhes coragem para tanto.
Eu apostaria todas as minhas fichas em mero acidente.
Quem viver, verá.
Um comentário:
A direita nesta república bananeira não passa de um arremedo, um lixo entreguista sem um projeto de nação...
Em compensação, a esquerda é só um copo cheio de mágoas, masoquista...
É difícil transcender nestes tristes trópicos.
Resumindo: o povo brasileiro é grande e valente anestesiado, mas a intelectualidade brasileira é muito cínica para lhe apontar um destino altivo.
Delenda globo et caterva...
Postar um comentário