terça-feira, 22 de novembro de 2016

SEMENTES ESPALHADAS COM CARINHO NA WEB, TORCENDO PARA QUE FRUTIFIQUEM...

Por mero acaso, dei-me conta de que este blogue vai completar 100 meses de existência no próximo dia 8. Depois, em janeiro, apagarei 10 velinhas como blogueiro.

Inicialmente, durante 2006, eu postava meus artigos no Orkut e os divulgava por e-mail; eram publicados por muitos portais e sites. 

Parceiro de primeira hora foi O Rebate, do guerreiro José Milbs. Generosamente, ele forneceu apoio técnico para que se criassem blogues de todos os colaboradores. Assim nasceu o Celso Lungaretti - O Rebate, em 14/01/2007. Nele eram arquivados apenas os artigos que saíam n'O Rebate.

Mas, a grande imprensa se fechara definitivamente para mim (o macartismo vive!). E, mesmo no território aparentemente livre da internet, algo semelhante ocorria: como nem sempre o que eu escrevia agradava aos guardiães da linha justa (aqueles que não toleram as diferenças de opiniões no campo da esquerda), fui sendo excluído de vários espaços, sempre da noite para o dia, sempre sem receber nenhuma explicação. Freud não explica, mas Stalin sim...

Minha resposta foi lançar um blogue convencional, com textos postados diariamente, para ter um espaço próprio, que ninguém pudesse jamais censurar. Assim nasceu, em 08/08/2008, este Náufrago da Utopia.

Mas, inexperiente, foi quase um mês depois que resolvi postar uma declaração de princípios, explicando a que vinha o blogue e quais compromissos assumia. Está logo abaixo, até para os leitores de hoje avaliarem se suas propostas foram cumpridas... ou não.

MEIO CAMINHO ANDADO. E AGORA?
Nunca tive fascínio especial por ser blogueiro. Meu objetivo foi apenas o de reagir à blindagem da grande imprensa, que já não abre espaço nem fornece tribuna aos articulistas de esquerda.

No entanto, como em tudo que faço, estou procurando desempenhar bem este papel que me atribuí.
Os parâmetros que sigo no meu blogue são os mesmos que sigo em minha vida:
  • Sou e sempre serei um homem de esquerda, ou seja, considero que os objetivos maiores da humanidade são irrealizáveis sob o capitalismo.
  • Portanto, não estou empenhado em aprimorar ou moralizar o capitalismo, mas sim em criar uma sociedade nova que concretize as aspirações milenares de liberdade e justiça social.
  • E o que eu quero ver criado é exatamente o "reino da liberdade, para além da necessidade" prometido por Marx, no qual cada indivíduo tenha garantido o necessário para uma sobrevivência digna e possa, livre dos grilhões da necessidade, desenvolver plenamente suas potencialidades.
  • Acredito também na verdade dialética de que meios e fins estão em permanente interação, de forma que um fim nobre não pode ser atingido por meios indignos, mas, pelo contrário, o recurso aos meios indignos contamina e desvirtua o fim.
  • Então, o respeito aos direitos humanos deve permear todo o processo revolucionário, se o que se pretende construir é uma sociedade de homens verdadeiramente livres e plenos.
  • O stalinismo é uma distorção e uma aberração que até hoje contamina a esquerda, com sua prática autoritária de impor uma posição como a única aceitável, enquanto todas as demais favoreceriam o inimigo.
  • O pensamento crítico é a alternativa a essa prática de rolo compressor, adotada por grande parte da esquerda organizada e aparelhista.

Então, este blogue se define como um espaço para os ideais de esquerda, para o exercício do pensamento crítico e para a defesa intransigente dos direitos humanos, sem priorizar nenhuma destas três linhas-mestras.

Pois, só tornaremos realidade os sonhos dos grandes revolucionários (anarquistas inclusos) se conseguirmos fazer com que esses valores sejam complementares e simultaneamente concretizados. Jamais excludentes.

Quem pretender criar uma sociedade com justiça social mediante práticas autoritárias e por meio da arregimentação de fanáticos, na verdade estará engendrando um monstro. (por Celso Lungaretti)
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Um comentário:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

É isso aí, Celsão. Tenho divergências contigo, algumas grandes, e a verdade é que teria menos interesse por você se não tivéssemos divergências! Esta nossa época anda numa caretice que, ó, vou te contar. E os mais caretas, sempre de péssimo humor e com a verdade na ponta da língua, são justamente aqueles que se julgam arautos da liberdade, desde que ninguém os contrarie. Mas diz que é assim mesmo, não é? O que eu sei é que virá, qualquer hora dessas, um tremendo cansaço dessas relações humanas que temos visto e vivido. Tenho para mim que o que há de empurrar o capitalismo para a sepultura é principalmente isto, o rumo das relações humanas. A certa altura a violência extrema das relações torna-se insuportável. O ser humano é plenamente capaz de passar por isto, mas não evoluiu e não continuará evoluindo para isto. Venceremos.

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