sábado, 26 de novembro de 2016

PEDRO CARDOSO: MANDADOS DE PRISÃO SOBEM DE HIERARQUIA NO RJ.

Garotinho chegando no reformatório e Cabral descobrindo a prisão
Até nas prisões de ex-governadores o Rio de Janeiro se tornou pioneiro. Na semana passada, dois fluminenses foram presos: Sérgio Cabral pela Operação Lava-Jato e Anthony Garotinho sob a acusação de compra de voto. 

Antes, ninguém do andar de cima era alcançado pelas leis ou pela justiça. O mensalão foi um divisor de águas entre a impunidade reinante e a punição de gente graúda. Até os ministros do Supremo Tribunal Federal demonstravam perplexidade.

Num passado não muito distante, vez ou outra era condenado um prefeito ou um vereador de cidadezinhas nos grotões do Brasil.  Tudo acabava em cestas  básicas.
Nenhum limão é azedo demais para se fazer limonada...

Operação Lava-Jato, a assombração de Brasília, fez o brasileiro acostumar-se com a prisão de gente grande, além de fazer escola junto aos demais juízes de primeira instância. 

Os tribunais superiores só demonstraram ciumeira. Já que não mudaram por iniciativa própria, deveriam ter aprendido a lição. Mas, vale mais o orgulho de seus ministros e o argumento de dizer apenas que não têm processo demais, mas sim não têm perfil para esse ou aquele julgamento. Além de coroarem com o argumento de que a demora eterna resulta em julgamentos perfeitos.

Neste episódio das prisões dos peixes grandes, ficou estranha a coincidência entre a prisão de Garotinho e uma gravação de voz atribuída a ele no Fantástico, em que se mostra satisfeito por seu processo ter ido para uma relatora  do Tribunal Superior Eleitoral.  

Quando a gravação foi ao ar, ela já havia determinado a transferência de Anthony Garotinho para um hospital particular – seria um castigo demasiado ele ser tratado numa daquelas pocilgas que deixou para a população quando era governador – e, pouco depois, ganhou prisão domiciliar.
A verve dos cariocas nunca falha

Como o caso ficou mal com essa coincidência entre gravações do beneficiado e o resultado que ele pretendia, o plenário do TSE deveria agilizar o julgamento desta liminar ou do mérito.  

Da mesma forma deveria ter agido o Supremo Tribunal Federal, com relação ao fatiamento do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Preocupam, apenas, os novos artifícios que os tradicionalmente impunes decerto adotarão, agora que quem aprontou está começando a pagar.

Nós, sociedade, deveríamos botar o bloco nas ruas, como em 2013, para evitar que esses assombrados aprovem leis engessadoras para ficarem livres de possíveis acertos com a Justiça. Aqueles do andar de cima que coloquem as barbas de molho.

Se ex-governadores, ministros e senadores não saírem mais como cordeirinhos, aumentará a força da mais eficiente Polícia Federal do mundo.

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