domingo, 30 de outubro de 2016

ELIO GASPARI REPROVADO. OU EM TÉCNICA JORNALÍSTICA OU EM CONHECIMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A DITADURA...

Já seria um exagero reprovável se um foquinha qualquer afirmasse que nem na ditadura garotos eram algemados como em Miracema (título de uma nota segundo a qual "em Miracema, cidade a 78 km de Palmas, a PM algemou estudantes que haviam ocupado uma escola. Segundo o Ministério Público, o promotor ordenou que dois jovens fossem algemados porque resistiam à ação da polícia. Uma universitária que participava da invasão disse que foi algemada com um menor de 15 anos".). 

Afinal, desconhecimento da história do País não pega bem para jornalistas de qualquer idade.

Mas, em se tratando de um septuagenário que exerce a profissão há cerca de meio século e, ainda por cima, escreveu uma série de livros sobre a ditadura militar, pretendendo tê-la escancarado, tal rompante retórico é simplesmente indesculpável.

Pois, obviamente, garotos e garotas eram, sim, algemados pela repressão política nos anos de chumbo

Bestas-feras que executavam prisioneiros (teoricamente sob a tutela do Estado) a sangue-frio, que nos submetiam às piores torturas, que estupravam as nossas irmãs e companheiras, que maltratavam crianças para quebrar a resistência dos pais, que davam sumiço em cadáveres, lá gente dessa laia iria se deter diante de algo bem menos atroz, como algemar algum jovem?

Gaspari também tinha a obrigação de saber que o companheiro Ivan Seixas, preso aos 16 anos de idade, foi brutalmente espancado juntamente com o pai (Joaquim Alencar de Seixas), algemados um ao outro, tendo a selvageria sido tamanha que a algema se rompeu! 

Eis um relato saído no Portal Imprensa a este respeito:
"Seixas e seu pai foram espancados juntos, literalmente. Unidos por uma algema, os dois foram agredidos pelos agentes do DOI-Codi de tal forma que quem passava pelo local pedia clemência aos policiais, que respondiam com rajadas de metralhadora para o alto, pondo fim a qualquer tipo de protesto.
Pai e filho foram postos na mesma sala, cada em um instrumento de tortura diferente. Ivan Sanches pendurado pelos pés em um pau-de-arara, seu pai na chamada cadeira do dragão, inspirada nas cadeiras elétricas norte-americanas. Ele conta que não via a tortura de seu pai, mas podia ouvir seus gritos e xingamentos aos torturadores. Após uma noite de torturas e brutalidades, Seixas revelou onde morava por pensar que sua família (irmã e mãe) já tivesse fugido do local. Estava enganado. A polícia invadiu sua casa, agrediu sua família e saqueou tudo o que podia ser carregado". 
Ivan Seixas então e agora
A prisão de alguém tão jovem, submetido aos mesmos rigores dos adultos, indignou a opinião pública mundial (ainda mais por seu pai ter sido assassinado pelos verdugos),.

Várias campanhas foram realizadas no exterior para a libertação do Ivan, que mesmo assim permaneceu preso até os 22 anos. Até hoje padece de fortes dores nas costas em função da vértebra que os torturadores fraturaram.

Gaspari ignora tudo isto? Ou está precisando fazer afirmações bombásticas para atrair leitores?

4 comentários:

Anônimo disse...

Ai, ai... Ah, Celso, o tucano de chapéu 2 (o primeiro ramphastos chapeleiro é o Arruinaldo) deve ter falado sobre as fotos das detenções em Ibiúna, e outros momentos de repressão em público da ditadura contra o movimento estudantil. As masmorras são outra história...

A cobrinha já botou a língua para fora da casca... Os meganhas estão assanhados para demonstrarem fidelidade e lealdade à ditadura emergente.

celsolungaretti disse...

Que ditadura, Rebolla? Pra que eles precisariam da jagunçada fardada se estão deitando e rolando nas urnas, no Legislativo e no Judiciário? Enquanto tiverem a vida mansa que estão tendo agora, nem pensarão em bater na porta dos quartéis. Atrapalharia os negócios com o exterior.

Anônimo disse...

Não falo dos verde-oliva, mas da turma de cinza...

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Pois é. Enquanto o Amarildo era assassinado no Rio, sob o governo PMDB-PT, ninguém dizia que vinha a galope uma ditadura. Quando o Lula aparecia em defesa da política de segurança pública do Rio, dizendo que a polícia bate em quem tem que bater e tem toda a razão para fazê-lo, também não. Quando o governo Dilma, pela boca do Ministro Zé Eduardo, ofereceu a Força Nacional de Segurança ao Alckmin para descer o cacete no pessoal em São Paulo, em 2013, também ninguém dizia isso. Ninguém disse nada semelhante a isto quando Dilma, amparada pelo traíra do Delcídio (naquela época, ele prestava) fez passar a estranha Lei Antiterrorismo, ou quando figurões do PT em São Paulo, em 2014, fizeram uma campanha conclamando os torcedores da Gaviões da Fiel a espancarem quem quisesse se manifestar contra a Copa, no dia da abertura.

Agora, somos informados de que estudantes sofreram um pesado abuso policial, que obviamente jamais aconteceria no Brasil maravilha de Lula/Dilma. Como se alguma vez esses abusos deixassem de ocorrer, ou tivessem sido pelo menos coibidos, ou seriamente condenados, ao longo desta feia Nova República.

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