mostra a necessidade indispensável de passar
uma reforma política no Congresso”
(Michel Temer, o Presidente Temerário)
Quando se analisam os governos outrora eleitos (carregados de esperança!) e os seus desempenhos governamentais, vamos verificar que todos eles se desgastaram ao longo do tempo. É o que se constata a partir de um breve apanhado histórico das eleições municipais de São Paulo e seus respectivos governos municipais nos últimos 35 anos:
– em 1982, favorecido pelo desgaste da ditadura militar, foi eleito Mário Covas (PMDB), com um discurso de defesa dos postulados democráticos;
– Jânio Quadros (1986/1988), do PTB (ou seja, a bordo de um partido pseudo-trabalhista que no passado lhe fizera ferrenha oposição) com o velho discurso de combate à corrupção e abusando de factoides politiqueiros;
– Na esteira na decepção com Jânio Quadros e da ascensão dos movimentos populares e trabalhistas, veio o crescimento do PT, com suas bandeiras vermelhas e estrela do socialismo, que venceu com a equivocada (quanto às ilusões eleitorais) Luíza Erundina (1989/1993). Resultado? Não emplacou um segundo mandato;
Jânio Quadros, o folclórico homem da vassoura. |
– em seguida foi eleito um candidato com um discurso oposto ao da Erundina e egresso da ditadura Militar. O sucessor da política do Adhemar de Barros, do rouba, mas faz. O Paulo Maluf (malufar virou significado de roubar), que realizou a proeza de fazer seu sucessor:
– Celso Pitta (1997/2000 e 2000/2001, com breve afastamento, quando foi substituído pelo seu vice Régis Oliveira), e que terminou por sumir nas brumas de um presente sem passado e sem futuro, desmoralizado pelas acusações de corrupção partidas de sua própria ex-esposa;
– Como novo contraponto ao conservadorismo malufista, veio a recém-socialista, com seus belos vestidos vermelhos estrelados do PT, a outrora sexóloga da Rede Globo Marta Suplicy (sobrenome que já não expressava a verdade quando disputou a eleição e que preferiu manter ao tornar-se oficialmente a sra. Favre...), cujo desgaste levou ao governo;
– José Serra, um tucano de bico longo, outrora um combativo presidente da União Nacional dos Estudantes, depois convertido em neoliberal desde criancinha, que sem maior brilho cedeu o seu lugar de prefeito;
José Serra, vulgo Nosferatu. |
– Gilberto Kassab, um político da linha oportunista conservadora no qual cabe como uma luva a máxima “não sou eu quem muda, quem muda são os governos, eu permaneço sempre governista”. Até ontem era dilmista, mas antes mesmo do impeachment já pulara para o barco de Michel Temer, o Presidente Temerário (este também, até ontem, aliado confiável do PT);
– após o tradicional desgaste dos governantes sob o capitalismo, voltou a brilhar a estrela vermelho-fosco petista de Fernando Haddad, cuja tentativa de reeleição foi coroada com a pior votação de um candidato do PT a prefeito paulistano até agora;
– João Dória, o político do PSDB, que diz não ser político, ou seja, já começa mentindo para se eleger com um discurso oportunista baseado na ojeriza do eleitor à política. Será mais um pouco do mesmo.
Somando-se os votos do Ninguém (abstenções, brancos e nulos) aos votos do apolítico João Dória, chegaremos a uma esmagadora maioria de rejeição ao voto, porque o povo está cansado de tanta farsa (e, logo, logo, desiludir-se-á com o pseudo-apolítico Dória).
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O ENGODO DO VOTO
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O carrasco disse a um condenado à morte que ele teria o direito de escolher entre dois modos de execução: a injeção letal ou a cadeira elétrica. O condenado respondeu: "Eu prefiro a vida!”
Esta parábola, mutatis mutandis, aplica-se à questão do voto, como ela é, hoje, colocada. Dizem os submissos carrascos da vida mercantil que ao cidadão é concedida a escolha entre dois modelos: a ditadura ou a democracia, essa última exercida por meio do voto. Diante disto, o que resta ao indivíduo social comum, tornado cidadão democrata? Abster-se de votar ou votar em branco ou nulo.
Caso os indivíduos sociais tivessem consciência da negatividade do enquadramento jurídico-institucional-estatal-mercantil inserido no contexto do voto, ele responderia tal qual o exemplo da parábola acima: Eu prefiro a vida! O voto é a legitimação representativa do poder jurídico-institucional-estatal opressor e regulador do capitalismo, e é por isto que consideramos a democracia antidemocrática, se tomarmos o termo como sinônimo da vontade soberana do povo.
A questão que ora se coloca para uma população descrente nos políticos e na política é a superação do sistema produtor de mercadorias, por mais que isto, aos olhos do indivíduo social comum, pareça algo impossível de acontecer. Aos incrédulos dizemos que impossível é vivermos sob a égide da mediação social pela mercadoria, e que só a sua superação poderá viabilizar a vida social no atual estágio do desenvolvimento tecnológica da sua produção.
Obviamente, a superação do sistema produtor de mercadorias passa indiscutivelmente pela rejeição das instituições que lhe dão suporte, entre elas estando o exercício do voto, pilar de sustentação da legitimidade institucional capitalista e da assunção aos cargos governamentais e legislativos.
Que o Presidente Temerário se preocupe ou diga preocupar-se com a expressiva percentagem de abstenções, votos brancos e nulos, e proponha uma reforma política para que tudo continue como está, lá isto é compreensível, posto que tal postura do eleitorado nas eleições municipais de 2016 representa a negação daquilo a que ele dedicou a sua vida: a politicagem.
7 comentários:
depois do PT..."esquerdista" vai soar para o povo apenas como ladrão canhoto...
RESPOSTA ENVIADA PELO DALTON:
Caro Valdir,
certamente vão se juntar aos tradicionais ladrões destros, a quem se aliaram e copiaram, embora sem a mesma experiência e tradição.
Dalton Rosado
Janio não foi eleito pelo PTB..LOTT era do PTB..Na ânsia de atacar você desconheceu a história
LOTT era do PTB..Janio da UDN
RESPOSTA ENVIADA PELO DALTON:
Caro leitor,
o seu reconhecimento funciona como combustível para quem escreve procurando colocar em palavras a análise crítica da nossa tragédia humana objetivando alcançarmos uma práxis social libertadora. Ainda que possamos eventualmente cometer erros na nossa análise, e certamente eles existirão (não há verdade absoluta), será sempre o confronto dialético de ideias adaptadas ao empirismo dos fatos sociais que poderão nos dar o caminho para a emancipação da humanidade de sua barbárie histórica e promover a existência de um ser humano digno desse nome.
Um abraço agradecido, Dalton Rosado.
Desta vez o comentário é meu mesmo.
O Jânio Quadros elegeu-se presidente da República em 1960 pela coligação PDC-PL-PR-PTN-UDN. A UDN era a força principal.
E elegeu-se prefeito de São Paulo em 1985 pelo PTB, contando, ainda, com o apoio de sociedades ultradireitistas como o Opus Dei e a TFP.
Eu não entendo por que alguém ainda faz afirmações de orelhada numa época em que há tanta facilidade para obter informações pela internet.
DALTON ENVIOU MENSAGEM ESCLARECENDO MELHOR O ASSUNTO MELHOR O ASSUNTO:
Caro Anônimo,
a eleição de Jânio Quadros à Prefeitura de São Paulo em 1985, para um mandato tampão de 3 anos (1986/1988) teve o seguinte resultado: Jânio Quadros, PTB da Ivete Vargas, que fora premiada pelo General Golbery do Couto e Silva (do SNI), com a sigla para tirá-la do trabalhismo histórico de Brizola, e ganhou a eleição com 37,53% dos votos; Fernando Henrique Cardoso, PMDB, (que se sentou na cadeira de Prefeito antes da hora, e perdeu a eleição com 34,16% dos votos); e o valoroso (mas equivocado com a crença no PT) Eduardo Suplicy, PT, com 19,75% dos votos.
Portanto a minha informação esta correta. Talvez você esteja confundindo com a eleição para Presidente de 1960, na qual Jânio ganhou e frustrou o Brasil com uma renúncia até hoje sem explicação convincente.
Eu poderia ter me confundido, mas não foi o caso. Minha observação serviu para demonstrar quão inconsistentes, do ponto de vista programático e ideológico, são os partidos políticos brasileiros e seus integrantes. Jânio não fugiu à regra.
Não tenho ânsia de atacar ninguém, mas é obrigação de quem estuda as ciências sociais alertar o povo para os engodos a que é submetido historicamente.
Um abraço, Dalton Rosado.
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