Não é só quando cai em pegadinhas do tipo Tomás Turbando que o advogado da presidente afastada Dilma Rousseff faz triste figura. As falas de José Eduardo Cardozo também são desastrosas quando, ainda que mais cautelosas, se destinam a leitores com um mínimo de espírito crítico, como os da Folha de S. Paulo.
Assim, em entrevista publicada nesta 2ª feira, 4, ele primeiramente declarou que a perícia das contas de Dilma a teria inocentado (faltando com a verdade: elas configuram, sim, crime de responsabilidade, mas de um tipo que costuma ser tolerado ao invés de punido), daí se dizer esperançoso de que os senadores a recoloquem no Palácio do Planalto:
"Confio no Parlamento. Não creio que deva ser o Judiciário que barre um julgamento dessa natureza, mas que a classe política reconheça. Não é possível que, diante dessas provas todas, se queira consumar uma situação desse tipo. Provamos que o que eu estava dizendo estava correto: não há dolo da presidente".
Logo em seguida, contudo, antecipou que não vai aceitar a derrota e, a qualquer momento, poderá recorrer ao STF para questionar a "justa causa" do impeachment ou a "constitucionalidade dos decretos".
Ou seja, ele só confia verdadeiramente no Parlamento quando seu lado sai vitorioso, mas não hesitará em tentar provocar um conflito de Poderes na eventualidade de um fracasso.
Então, fez questão de deixar no ar uma grave ameaça, em tentativa extremamente canhestra de intimidar os senadores.
E subestimou de forma grotesca a possibilidade de os simplórios leitores da Folha captarem o recado que ele, o çábio, estava mandando nas entrelinhas.
Se a Dilma queria encontrar um patrono à sua imagem e semelhança, acertou na mosca. Ambos, cada vez que abrem a boca, ou dizem besteiras, ou tropeçam em cascas de banana ou dão tiros no pé.
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