"O ocioso viverá do outro lado"
(verso d'A Internacional, o hino dos
trabalhadores comunistas e socialistas)
"O trabalho liberta"
(frase afixada pelos nazistas na entrada
do campo de concentração de Auschwitz)
Quando se diz “não ao trabalho” parece que se está a dizer uma estultice; algo assim como se disséssemos: “não ao ar que respiramos”.
É que num processo surgido desde a reforma protestante do início do século XVI, com Martinho Lutero e suas 95 teses, elevou-se a categoria trabalho a uma divindade mítica, adaptando-a sub-repticiamente à expressão bíblica “comerás o pão com o suor do teu rosto”. Era o início da revolução iluminista que iria submeter o mundo aos critérios da produção do valor (dinheiro e mercadorias) e com ele a formação dos estados nacionais e a intensificação das guerras de domínio militar pelas armas de fogo e sujeição de todos à escravidão da mais-valia.
A categoria capitalista trabalho foi propositalmente, semanticamente e equivocadamente entendida como sinônimo da natural e ontológica interação metabólica do homem com a natureza no sentido da obtenção do seu sustento; um erro histórico aclamado por todos como algo virtuoso e que somente o curso inexorável da história iria desmentir: o trabalho enquanto princípio abstrato produtor de valor nega, agora, o próprio trabalho, denunciando a sua inviabilidade e auto-destrutibilidade irreversível enquanto forma de mediação social irracional.
É que num processo surgido desde a reforma protestante do início do século XVI, com Martinho Lutero e suas 95 teses, elevou-se a categoria trabalho a uma divindade mítica, adaptando-a sub-repticiamente à expressão bíblica “comerás o pão com o suor do teu rosto”. Era o início da revolução iluminista que iria submeter o mundo aos critérios da produção do valor (dinheiro e mercadorias) e com ele a formação dos estados nacionais e a intensificação das guerras de domínio militar pelas armas de fogo e sujeição de todos à escravidão da mais-valia.
A categoria capitalista trabalho foi propositalmente, semanticamente e equivocadamente entendida como sinônimo da natural e ontológica interação metabólica do homem com a natureza no sentido da obtenção do seu sustento; um erro histórico aclamado por todos como algo virtuoso e que somente o curso inexorável da história iria desmentir: o trabalho enquanto princípio abstrato produtor de valor nega, agora, o próprio trabalho, denunciando a sua inviabilidade e auto-destrutibilidade irreversível enquanto forma de mediação social irracional.
Mas houve quem discordasse da unanimidade burra (e não foi entendido ou não foi aceito): Karl Marx, um filósofo e pensador do século XIX, que estudou a natureza da economia política e descobriu a negatividade intrínseca da categoria trabalho como célula germinal da sociedade capitalista e denunciou o seu caráter social segregacionista, destrutivo e autodestrutivo.
Isso não evitou que fosse negado ou mal compreendido por seus seguidores, que, por comodidade, covardia ou ignorância, elegeram o trabalhador e o seu correspondente móvel existencial, o trabalho, como sujeitos de uma revolução pretensamente anticapitalista que começava justamente por endeusar aquilo que dá vida ao capitalismo. Não é por menos que os marxistas tradicionais de todos os matizes estabeleceram como simbologia nas suas insígnias a foice (representando o trabalho no campo) e o martelo (representado o trabalho industrial).
O marxismo tradicional ao optar pela manutenção das categorias capitalistas (endeusando o trabalho abstrato) e se fechar num capitalismo de estado circunscrito ao seu território como proteção ao nível de produtividade externo ocidental, opção que deu razoavelmente certo até um dado momento, teria que mais cedo ou mais tarde se abrir para a economia de mercado para ter uma sobrevida dentro dessa lógica. Foi o que aconteceu na Rússia, na China e agora começa a acontecer em Cuba, todos adotando um capitalismo de mercado em fim de festa.
Isso não evitou que fosse negado ou mal compreendido por seus seguidores, que, por comodidade, covardia ou ignorância, elegeram o trabalhador e o seu correspondente móvel existencial, o trabalho, como sujeitos de uma revolução pretensamente anticapitalista que começava justamente por endeusar aquilo que dá vida ao capitalismo. Não é por menos que os marxistas tradicionais de todos os matizes estabeleceram como simbologia nas suas insígnias a foice (representando o trabalho no campo) e o martelo (representado o trabalho industrial).
O marxismo tradicional ao optar pela manutenção das categorias capitalistas (endeusando o trabalho abstrato) e se fechar num capitalismo de estado circunscrito ao seu território como proteção ao nível de produtividade externo ocidental, opção que deu razoavelmente certo até um dado momento, teria que mais cedo ou mais tarde se abrir para a economia de mercado para ter uma sobrevida dentro dessa lógica. Foi o que aconteceu na Rússia, na China e agora começa a acontecer em Cuba, todos adotando um capitalismo de mercado em fim de festa.
O mundo vive agora o momento da obsolescência do trabalho, e isso acarreta a falência de toda a lógica capitalista e dos seus construtos imanentes. Por mais que a política e os políticos queiram encontrar soluções imanentes à lógica mercantil não têm conseguido e não conseguirão. Trata-se da exaustão de um modelo, previsto por Marx em 1858, quando afirmou:
"O próprio capital é a contradição em processo [pelo fato] de que procura reduzir o tempo de trabalho a um mínimo, ao mesmo tempo em que, por outro lado, põe o tempo de trabalho como única medida e fonte da riqueza.
Por essa razão, ele diminui o tempo de trabalho na forma do trabalho necessário [tempo de trabalho remunerado pelo capital ao trabalhador] para aumentá-lo na forma do supérfluo [ou tempo de trabalho excedente, não remunerado]; por isso, põe em medida crescente o trabalho supérfluo como condição – questão de vida e morte – do necessário.
Por um lado, portanto, ele traz à vida todas as forças da ciência e da natureza, bem como da combinação social e do intercâmbio social, para tornar a criação da riqueza [relativamente] independente do tempo de trabalho nela empregado. Por outro lado, ele quer medir essas gigantescas forças sociais assim criadas pelo tempo de trabalho e encerrá-las nos limites requeridos para conservar o valor já criado como valor.
As forças e as relações sociais - ambas aspectos diferentes do desenvolvimento do indivíduo social –aparecem somente como meios para o capital, e para ele são exclusivamente meios para produzir a partir de seu fundamento acanhado. De fato, elas constituem as condições materiais para fazê-lo voar pelos ares" (Grundisse, Editora Boitempo, 1ª edição, 2011).
São os organismos do mundo capitalista, como a Organização Internacional do Trabalho (agência multilateral da ONU), que divulgam a crescente estatística do desemprego estrutural, que ascendeu a 6% da população economicamente ativa mundial em 2013, e com previsão para 7,4% em 2018. São centenas de milhões de pessoas desempregadas mundo afora que se somam a outras a cada dia (principalmente de jovens) e que se tornam supérfluas para a sociedade do valor e tratadas como párias sociais, e ainda carregando um sentimento de uma culpa que não têm, e por desconhecerem a natureza do problema (a culta Europa tem taxa de desemprego de dois dígitos).
Agora se constata que as taxas de desemprego são menores justamente nas regiões em que se torna efetivo o binômio: salários de fome e atividades produtivas em que se requer grande volume de força de trabalho sem qualificação. São exemplos disso: a Índia com seus 1,3 bilhões de pessoas e 4,9% de desempregados e a China com outros 1,3 bilhões de pessoas e 4% de desempregados. Ambas aliviam as estatísticas oficiais mundiais de modo ilusório.
É que com seus salários de fome esses países produzem mercadorias baratas (fenômeno da dessubstancialização do valor, previsto por Marx) e, embora gerem empregos miseráveis nesses países, iludindo as já precárias estatísticas oficiais, decretam a redução drástica da massa global de valor anunciando o colapso do emprego mundo afora e de toda a chamada economia real (e, por consequência, do sistema financeiro e do Estado). Os crescimentos dos PIBs da Índia e da China (já em desaceleração) correspondem ao chamado crescimento rabo de cavalo: para baixo.
Agora se constata que as taxas de desemprego são menores justamente nas regiões em que se torna efetivo o binômio: salários de fome e atividades produtivas em que se requer grande volume de força de trabalho sem qualificação. São exemplos disso: a Índia com seus 1,3 bilhões de pessoas e 4,9% de desempregados e a China com outros 1,3 bilhões de pessoas e 4% de desempregados. Ambas aliviam as estatísticas oficiais mundiais de modo ilusório.
É que com seus salários de fome esses países produzem mercadorias baratas (fenômeno da dessubstancialização do valor, previsto por Marx) e, embora gerem empregos miseráveis nesses países, iludindo as já precárias estatísticas oficiais, decretam a redução drástica da massa global de valor anunciando o colapso do emprego mundo afora e de toda a chamada economia real (e, por consequência, do sistema financeiro e do Estado). Os crescimentos dos PIBs da Índia e da China (já em desaceleração) correspondem ao chamado crescimento rabo de cavalo: para baixo.
Estão dadas as condições para um impasse social gigantesco e somente a sua crítica consciente aliada a uma práxis emancipatória pode proporcionar a sua superação de modo racional. Diante de tal desafio, a política, impotente e submetida à falta de soberania de vontade, restringe-se à discussão sobre como melhor administrar a escassez de recursos de um poder estatal que sucumbe juntamente com o objeto a que serve: a economia.
Um comentário:
Muitos problemas tem nosso Brasil, que leva a cada vez mais ao desemprego e a falta de gente qualificada para assumir os cargos públicos e políticos. A gestão publica é um fiasco. Como pode gerar mais emprego? E o conceito de mais valia? que vale oque e quando? lamentável mesmo. Vamos ter fé e trabalhar é o que resta. Obrigado!
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