segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

"A GRANDE CRISE DO CAPITALISMO VIRÁ QUANDO CHEGAR A CATÁSTROFE AMBIENTAL"

Os pesadelos da ficção-científica virarão realidade?
"A grande crise do capitalismo virá quando chegar a catástrofe ambiental. Penso que haverá desastres cada vez mais frequentes e profundos. Haverá um momento de virada na história, uma espécie de barbárie ou alguma forma de regulação global dos mercados. (...)

Não sei quando isso acontecerá, mas essa será a crise de fundo do capitalismo: destruir as condições de sua própria existência, destruindo o ambiente, modificando condições que nunca deveriam ter sido modificadas."

A previsão é de Michael Burawoy, presidente da Associação Internacional de Sociologia.

Fez-me lembrar a tese soturna de Friedrich Engels: se uma classe dominante consegue perpetuar relações de produção condenadas, que estão travando o desenvolvimento das forças produtivas, acaba ensejando o advento da barbárie.

Assim, quando a escravidão se tornou anacrônica e contraproducente, era Spartacus e seus gladiadores que encarnavam a possibilidade de, mediante sua erradicação, o Império Romano ascender a um degrau superior de civilização. Ao derrotá-los, Roma tirou de cena os únicos sujeitos históricos capazes de darem uma resposta positiva à contradição existente.
A estagnação ensejou a barbárie

Detida a revolução que a transformaria  por dentro, fazendo-a evoluir, sobreveio a estagnação, o enfraquecimento e, finalmente, a destruição por parte dos que vinham  de fora  e expressavam um estágio de desenvolvimento há muito superado por Roma. O relógio da História andou para trás.

Agora, podemos estar diante de uma situação semelhante. O capitalismo se torna cada vez mais pernicioso e destrutivo, porque esgotou seu papel histórico e tem sobrevida parasitária.

Desenvolveu enormemente as forças produtivas, permitindo que a humanidade finalmente ultrapassasse a barreira da necessidade; hoje estão dadas as condições para a produção de tudo aquilo de que cada habitante do planeta necessita para uma existência digna.

Mas, tendo como prioridade máxima o lucro e não o atendimento das necessidades humanas, desperdiça criminosamente tal potencial, impõe uma desnecessária e embrutecedora penúria a parcela considerável da humanidade, provoca turbulências econômicas cada vez mais frequentes, multiplica as agressões ambientais e malbarata os recursos naturais finitos dos quais depende a sobrevivência de nossa espécie.
Sopa dos pobres na Grande Depressão

Por enquanto, graças aos mimos que proporciona aos que participam do sistema (ao preço da exclusão de tantos outros seres humanos), à avassaladora eficiência tecnológica e à manipulação científica das consciências por parte de sua nefanda indústria cultural, tem conseguido evitar a revolução -- cada vez mais necessária e premente. Até quando?

Marcuse acreditava numa resposta provinda de quem estivesse fora do sistema, não submetido à sua lógica unidimensional, que exclui alternativas e veda o espírito crítico.

É exatamente o que começa a suceder, como, aliás, está bem caracterizado nestas outras afirmações do sociólogo Burawoy:
"Estive em Barcelona e vi os indignados. Agora também em Wall Street. São muito similares. Resistem a se engajar no sistema político, em levantar temas políticos...
Burawoy: momento de virada da História.
Todos esses movimentos refletem uma era de exclusão. (...) O centro de gravidade desses movimentos são os excluídos, os desempregados, estudantes semi-empregados, juventude desempregada, até membros precários da classe média. É um conglomerado de grupos diferentes todos vivendo um estado de precariedade porque foram excluídos da possibilidade de ter uma posição estável [dentro do sistema, pois esta se tornou] um privilégio para poucos. 
...É um movimento muito fluido e flexível. (...) Há espontaneidade, flexibilidade. É fascinante. Aparecer, desaparecer. É parte de sua força e de sua fraqueza.
...os participantes são de esquerda, são radicais democratas participativos, que preferem estruturas horizontais a verticais. Protestam contra o capitalismo que enxergam ao seu redor".
Mas, esses pequenos Davis serão suficientes para derrotar o terrível Golias dos dias atuais? Provavelmente, não.
Catástrofes levarão seres humanos a se unirem

No entanto, a barbárie também ronda as fronteiras do império --não mais na forma de contingentes humanos, mas sim das forças de destruição que o capitalismo engendrou contra si, mas se abaterão sobre nós todos.

As catástrofes ambientais que assolarão o planeta nas próximas décadas certamente levarão os seres humanos a unirem-se na luta pela sobrevivência.

Isto para não citarmos outros pesadelos, como os terroristas islâmicos, que em tudo e por tudo lembram as invasões bárbaras, pois corporificam o retrocesso histórico, a volta a um estágio inferior da evolução da humanidade. E poderão causar imenso dano se, p. ex., voltarem seus ataques suicidas contra instalações nucleares. Em se tratando de fanáticos religiosos, tudo é possível.

O certo é que, se escaparmos da destruição total, será o momento em que os seres humanos remanescentes, obrigados a tomar seu destino nas mãos, poderão dar um novo rumo à economia e à sociedade, que vão ser obrigados a reconstruir.

Por enquanto, o futuro é uma completa incógnita --inclusive a existência ou não de um futuro para a humanidade. A única certeza: assim como na canção célebre de Neil Young, estamos saindo do azul e entrando nas trevas.

Quiçá saiamos delas regenerados.

10 comentários:

Jorge Rebolla disse...

Criaram um mito e ele se tornou verdade, não exatamente, na realidade virou um dogma. Um dos seus nomes é aquecimento global antropogênico, mas pode chamar também de mudanças climáticas causadas pelo homem.

Nas últimas décadas arrebanhou milhões de seguidores pelo mundo, transformou-se numa seita: o aquecimento global dos homens dos últimos dias. Possui duas correntes. A majoritária é composta pelos humanicidas globalistas. Reúne grande corporações capitalistas, a imprensa livre (da verdade), cabeças coroadas e uma infinidade de tolos. A vertente minoritária é formada pelos socialistas da nova utopia, aqueles que acreditam nas mesmas ilações dos outros, porém sugerem uma receita diferente para a solução do problema, algo tipo transformar o planeta numa gigantesca Albânia hoxhaniana.

Os registros naturais como sedimentos lacustres, fósseis de árvores e outros mostram uma oscilação periódica da temperatura do planeta. Dependendo da era a média do oscila em torno de 5 graus Celsius, de mais ou menos 9 graus até em torno de 15 graus, isto mesmo quando o planeta não possuía humanos caminhando sobre a sua superfície.

O culto à nova Gaia surgiu, com os padrões atuais, na década de 1980. O primeiro pontífice foi Maurice Strong e seus co-celebrantes recrutados na burocracia da ONU. Um dos seus aliados iniciais de peso foi o homem que vendeu a URSS: Mikhail Gorbachev. Uma aliança entre o capitalismo corporativo e a então nova esquerda. A partir daí surgiram muitos outros sacerdotes. Dos humildes lobos com pele de cordeiro, como Marina Silva, até os vociferantes como o ex-presidente americano Al Gore.

Esgotei o espaço. Caso queiram continuo

celsolungaretti disse...

Jorge,

cientistas de aluguel, a soldo da Igreja do Sagrado Lucro, tentam tapar o sol com a peneira, contradizendo o que se evidencia de forma gritante, tanto em termos científicos como, até, empíricos.

Já tivemos um trailer do que está por vir quando o tsunami no Japão, afetando uma instalação nuclear, quase dizimou o povo nipônico inteiro.

Suponho que vc e eu sejamos poupados de tudo isso, pois será na segunda metade deste século que a coisa vai degringolar de vez.

Mas, espanta-me sua indiferença com relação às novas gerações. Ao acreditar nessa propagandaiada imunda das corporações predadoras, você está apostando a vida dos que virão depois. É uma opção terrível.

celsolungaretti disse...

Por coincidência, entrei em seguida na página do UOL e eis a notícia da Ansa que encontrei em destaque:

"O mês passado foi o novembro mais quente desde 1880, ou seja, desde quando há dados disponíveis.

Segundo a Nasa, no período em questão a temperatura do planeta ficou 1,05ºC acima da média. Além disso, nove dos 11 meses de 2015 até aqui estabeleceram um recorde nos termômetros mundiais.

Com isso, parece cada vez mais certo que este será o ano mais quente na Terra desde 1880, confirmando as previsões da Organização Meteorológica Mundial, ligada à ONU".

Jorge Rebolla disse...

Celso

Você já ouviu falar em GHCNM? Não? Acompanhe cada uma das suas versões a partir da 1, já deve estar na 3 ponto alguma coisa. Vai ver que o passado é cada vez mais frio...

Como dizer que um mês qualquer de 2015 é mais quente que um de 1880 com certeza científica? Quantas estações climatológicas existem a mais hoje que há 135 anos? Sem falar que quase todas que estão em operação durante todo o período hoje são afetadas pelas ilhas de calor urbano.

A exceção de algumas poucas regiões do EUA, Reino Unido e Europa Ocidental os registros de temperatura do século XIX não passam de curiosidade. Quantos locais no Brasil, por exemplo, possuíam estações com termômetros aferidos e operadas por pessoal qualificado em 1880?

O tsunami não serve como trailer para o tal do AGA, afinal foi provocado por um terremoto, como os demais. Já imaginou se tivéssemos vídeos do causado pela explosão do Krakatoa?

Outro detalhe verifique a concretização ou não das previsões climáticas feitas a partir da década de 1980 com o resultado observado na natureza, qual deles se concretizou?

A questão aqui não é capitalismo x socialismo, vai muito além. Afinal a grande maioria das grandes corporações capitalistas embarcaram de corpo e alma no golpe do AGA, e boa parte da esquerda não.

Deixe de lado não só as manchetes da imprensa, também os textos e se fixe nas fontes do relatórios de humanicidas como a Figueres, você vai rolar de rir. Apesar de feitos por pessoas com currículos acadêmicos os resultados são forçados.

Valmir disse...

Não tem um negocio meio obvio escamoteado nessa pauta???? Se tem um tema tabu para todos os frequentadores de todos os espectros ideológicos (ou religiosos que é a mesma coisa)é a questão do excessos gente no mundo...cada rebento que grita ao sair do útero da mãe pressupõe um plus de poluição (de todo tipo)..ele vai querer um carro, produzir lixo, comer carne, consumir energia a rodo., Chineses e indianos já entraram nessa e a humanidade dobra seu numero a cada cinquenta anos. O desmatamento e a devastação produzem uma nova doença fatal praticamente todo dia: a natureza já entendeu: sua perdição e desgraça é a humanidade; e já começou tomar providencias..doravante a vida humana vai estar cada vez mais ameaçada; e se a humanidade tivesse um pingo de juízo passava a evitar ativamente a própria reprodução até a extinção voluntaria total em uma geração. Não doí, ninguém sofre e o mundo se salva.

celsolungaretti disse...

O Jorge se refere à Global Historical Climatology Network-Monthly, ou GHCN-M. Mas, é de supor-se que a Nasa não tire conclusões no chutômetro, com base em registros que "não passam de curiosidade".

Quanto à intensificação da ocorrências de terremotos, maremotos, tsunamis, furacões, etc., a possibilidade de que decorra das alterações climáticas é fortíssima.

E, tendo ou não o que afetou a usina de Fukushima sendo influenciado pelas alterações, o certo é que colocou em destaque um pesadelo: a tendência é que as catástrofes climáticas sejam cada vez mais frequentes e devastadoras. Agora, não mais podemos ignorar que podem, ademais, provocar terríveis acidentes nucleares.

Quanto à velha esquerda carcomida, é mais conservadora ainda do que a direita. Caso da Dilma, dá uma solene banana para os riscos ambientais e só vê os pré-sais das vida como fonte de grana para o governo torrar. Se dependermos dessa gente, não haverá século 22.

Jorge Rebolla disse...

Claro que as tragédias climáticas afetam cada vez mais gente, nunca tivemos tantos habitantes no planeta. Uma inundação que no século XVIII ficaria restrita à vida selvagem hoje afeta populações humanas.

A mais segura medição da temperatura em escala global é a efetuada por satélites, iniciou-se há menos de quarenta anos. Em seguida temos as marítimas, que somente após a segunda guerra começaram a se multiplicar por todos os oceanos. Antes disso os registros mais confiáveis resumem-se a pequenas áreas. Antes de 1850 pode-se considerar apenas os registros históricos de fontes confiáveis e as pesquisas paleoclimatológicas. Nenhum deles com precisão real de décimos de grau Celsius.

Quanto à Nasa, diga-me quem a financia, que interesses ele possui e direi se considerarei como verdade inabalável suas conclusões...

Quanto aos modelos climáticos, diga-me quem os alimenta com dados e se as suas ponderações representam o peso exato de cada variável atuante no sistema climático terrestre, que sabemos ser caótico...

Quanto ao aquecimento ser nefasto, temos certeza disso? Todos os resultados alarmistas são obtidos rodando modelos matemáticos... por toda a história da humanidade as culturas prosperavam em períodos de ótimos climáticos e decaiam nos momentos de arrefecimento... um bom assunto para você pesquisar...

Quanto as pesquisas científicas... se você quer receber verbas fartas, ter reconhecimento na imprensa especializada e alguma notoriedade pública... prove a culpa do homem nas mudanças climáticas... caso contrário se tornará um pária sem tostão. Claro que alguns poucos vivem em simbiose com o setor de energia fóssil, porém são quantos? O Molion é um deles para você?


Jorge Rebolla disse...

Valmir

Qual é o excesso de gente no mundo? Temos uma análises sobre recursos disponíveis X consumo... no entanto todos sabem que isto não serve como parâmetro para a população mundial, se não quantos sudaneses valem um americano?

Outra coisa, a natureza sempre viveu em guerra com a humanidade, vivemos devido a ela e em geral, no passado, éramos mortos por ela.

Para os que pregam a despopulação tenho um conselho: inicie o processo por você mesmo!

SF disse...

Comprem três termômetros de medir temperatura ambiente. Da mesma marca, do mesmo lote e na mesma loja.
Vá até uma floresta que faça divisa com um pasto.
No centro da floresta coloque um termômetro. Na borda da floresta, outro. E o terceiro no meio do pasto.
Anote durante apenas um ano as temperaturas regristradas nos três termômetros: do alvorecer, do meio do dia e do ocaso.
Após tabule os dados e veja onde é maior a variação de temperatura.
Isso é Ciência!

Mas se prefere ficar citando agências ou filosofando...
Pense que podemos fazer lindos e imensos pomares e jardins. Com flores, frutos e também campos de cereais intermeiando esses lugares belos.
Sem cercas e com livre acesso ao alimento.
Cultivados em mutirão.
Produzindo localmente quase tudo o que precisamos, regionalmente o que se adapta a isto como aço, por exemplo.

Poderiamos ter... mas o o que temos? Cidades sujas, máquinas barulhentas e fedorentas, comida envenenada e comprada. Pessoas neuróticas, encurraladas em latas e caixas de concreto. E muita droga.

Seja o aquecimento provocado ou não pelo ser humano, é através da maneira pela qual gerencia a natureza que poderia diminuir, ou mesmo reverter, o aumento de temperatura.

Ah, as medições do experimento floresta/pasto já devem ter sido feitas e parece que descobriram que florestas são termostatos que mantêm a temperatura e o ciclo das águas bem boas para nós.

Criar pastagens e campos onde haviam florestas, pode não ter sido uma idéia tão genial assim.
Talvez foi uma estupidez, quem sabe...

Valmir disse...

"Para os que pregam a despopulação tenho um conselho: inicie o processo por você mesmo"
Pol Pot mandou lembranças..

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