Meninas
estudantes nas ruas de São Paulo -meninas!-, que coragem a de vocês,
enfrentando de peito aberto temíveis policiais militares encarregados de
desencorajarem com brutalidade sua luta pacífica pelo não fechamento de suas
escolas. Do alto dos meus 80 anos nunca fui assim iluminado e proclamo: que inveja dessa coragem que eu nunca
tive! Confessar covardia, esta coragem eu tenho...
Gatinha, olha essa
bomba de efeito moral que explodiu ao seu lado! Essa bomba de gás lacrimogênio!
Esse gás de pimenta nos seus olhinhos! Você não tem medo, garotinha?
(Não tem medo
não, a danadinha!)
Que inveja da
coragem daqueles meninos e meninas a teimar que uma democracia não é lugar para
posturas autoritárias. Que lição de
democracia essa, dos pequeninos e pequeninas! São de boa estatura, alguns, mas
na idade e na cabeça são estudantes crianças. A polícia já constata que foram
bandidos, alguns até mascarados, que aproveitaram a oportunidade para depredar escolas e furtar bens. E tem
de concordar que só em democracia se faz festas.
Trajetória negativa: de médico bonachão a aprendiz de ditador. |
Na história de Alice no Pais das Maravilhas, a menininha enfrenta uma rainha ditatorial que esbraveja repetidamente durante toda a historinha infantil de terror sua deixa de morte: cortem-lhe a cabeça!
As menininhas e menininhos nos protestos da Avenida Paulista enfrentam um duque absolutista que, durante toda essa sua historinha adulta de terror, dá vazão à sua sanha ditatorial contra crianças, a esbravejar, espumando de ódio: reprima-se!
A rainha ordena,
sem mais nem menos, que um tal gatinho, bichinho querido das crianças, seja
decapitado, por pertencer à Duquesa, que ela odeia. O governador Geraldo
Alckmin, com seu ódio a uma duquesa chamada democracia, põe na rua policiais militares
para derrubar, algemar crianças e levá-las para a delegacia.
Crianças! Que
instantâneo nauseante das sobras da última ditadura brasileira! Mais algumas
lufadas de despotismo como esse e a nossa esganada democracia vai perder o
fôlego de vez.
Para justificar a suspensão do seu projeto de alcance medíocre em favor da educação Alckmin se escudou nas palavras do papa Francisco que recomenda diálogo para resolver diferenças. Para dizer o nada que disse, Alckmin fez um solene, espetaculoso discurso de meio minuto diante de uma selva de microfones. Falou pouco, virou as costas e fugiu de perguntas dos jornalistas.
Ora, governador
Geraldo Alckmin, faz tempo, faz 6 mil anos, surgiu na região onde se situa
hoje o Irã, a Síria e o Iraque, o movimento para opor o diálogo à opinião única
dos tiranos, movimento esse então chamado de democracia de assembleia. Não
precisava esperar tanto tempo e se agarrar em Francisco para deixar sua ficha
cair. [Não, a democracia não surgiu na Grécia. Lá ela se fanatizou.]
Até agora só deu
PM de Alckmin em cima de estudantes que protestam na USP, PM de Alckmin em cima de professores
grevistas, PM de Alckmin em cima de
qualquer um que protesta nas ruas. Tudo bem, dá-lhe, PM! é a rotina do governo
Alckmin. Mas agora, o que acontece?
Tudo bem, todos sabem que o PSDB, há 21 anos no governo, é o
responsável pelo fracasso da educação em São Paulo; e também já se tornou de domínio público que os estudantes não aceitam agora a falácia de sua chamada reestruturação do
ensino. No entanto, encurralado,
fingindo-se de democrata, Alckmin se oferece para o diálogo com os estudantes e
seus pais durante todo 2016.
Cuidado, o inimigo
da Duquesa nos dá o direito de suspeitar que ele vá desferir sem dó em 2017 o
golpe de misericórdia para executar ditatorialmente, sem a concordância dos
alunos, seu insignificante e predador
projeto de reduzir custos para a educação.
Ou antes até, passo a passo, em
doses homeopáticas em meio às férias escolares, um pouco aqui, outro ali. De grão
em grão a galinha acaba na panela. Alerta!
Em todo caso,
quando vocês, menininhos e menininhas iluminados, e seu papais, não
vislumbrarem a mínima possibilidade de salvação e a vontade absoluta de Geraldo
Alckmin vencer, aí é que vocês deverão apelar para todas as suas forças, erguer
a cabeça orgulhosamente e gritar bem alto, com voz possante, segura, para que o
mundo inteiro os escute:
socooooooooorrrrrrooo!!!
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