"Ficou escancarado o recurso obsceno usado pela presidente que enfrenta a possibilidade de um impeachment. Ela teve tempo para testar os ministros que nomeara ao tomar posse numa data anterior.
Para contentar os congressistas que poderiam cassá-la das funções presidenciais, ela organizou um grupo de auxiliares comprometidos com os partidos que a defenderão em plenário.
Pessoalmente, não vejo necessidade de um impeachment. Mas Dona Dilma de tal maneira se avacalhou, que não mais merece a função de presidir um país bichado pela obscenidade de um governo em falência." (Carlos Heitor Cony, jornalista e escritor)
4 comentários:
Você e este que nunca se candidatou é que são os únicos honestos, os únicos de esquerda? Você quando nada disputou uma eleição, teve 300 votos, e o outro nem isto. Se acham os representantes do povo sem votos... Evidente que seria uma tragédia se pessoas como você e o outro ocupassem o poder pois seriam ditadores em nome de uma auto-representação do povo.
Falam em nome da moral e do povo sem votos, com se fossem os únicos honestos. Ninguém é de esquerda por se dizer de esquerda mas dentro de uma conjuntura. E você e o outro coincidem na gana pela cassação do mandato da Presidenta com os mais variados argumentos golpistas e desrespeitosos aos 54 milhões de votos que a elegeram.
Esquerda, qual esquerda? Você e o outro estão lá com a direita em uma jogada oportunista por um terceiro ou quarto turno da eleição. Você por razões estritamente pessoais e o outro por ignorância e do que seja a política prática: o vagabundo nunca se candidatou e ainda desrespeita quem foi eleito e os eleitores. Vagabundo, inimigo da soberania popular, golpista.
Celso quero levantar uma questão que pode dar um post. Como a esquerda deverá ressurgir de seus escombros? Fico enojado ao ver algumas posições de petistas que se dizem de esquerda, são comentários dignos de um reaça. O PcdoB seguiu os passos do PC italiano, o PT é a representação perfeita do 'novo ' trabalhismo britânico (que agora elegeu um reformista como presidente, e que vem sendo tratado como um terrorista,pela mídia e até por membros do partido). Venho acompanhando as posições dos quatro partidos da esquerda legítima, há muitas divergências e nenhuma unidade programática. O PSOL admite a tentativa golpista mas não considera uma possibilidade real de queda do governo. O PSTU (assim como o PCB) também não acredita na queda, mas defende abertamente a derrubada do governo. O PCO não só considera uma grande chance do governo cair como se mobiliza contra o golpe. Há várias mobilizações da esquerda, mas nenhuma anima pra valer, o PT e a CUT defendem a maravilhosa "democracia" -ainda mais maravilhosa quando se está no governo- vale ressaltar que a CUT assistiu passivamente a aprovação da terceirização, o PCO e PSOL participaram deste ato. Já PSTU/PCB realizaram um ato 'contra tudo o que está aí, e o que pode vir', um ato confuso mas que teve seus méritos, por ter defesa dos trabalhadores como ponto fundamental. PCO e PSOL não participaram, ou seja não há convergência entre essas organizações, são grupos que juntos não somam 2 milhões de votos no país todo, mas que poderiam unir forças neste momento. Muito se fala da crescimento evidente da direita mas o que a esquerda brasileira tem feito? Vejamos a esquerda internacional, o Syriza venceu as eleições duas vezes (tudo bem que traiu os anseios populares,mas...) o KKE grego também cresceu muito, em Portugal a Frente de Esquerda teve um crescimento exponencial, a mesma frente vai bem na Argentina. O desafio está aí. Como unir forças?
Luiz,
o Carlos Heitor Cony tem 89 anos, foi um grande nome da resistência jornalística ao golpe de 1964 e um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. É insuspeito de simpatias pela direita. Apenas, não se conforma com o desespero da Dilma em evitar o impeachment de qualquer jeito, mesmo se avacalhando por completo.
Quanto a mim, não fui candidato por acreditar que precisava da "benção" dos votos populares, longe disto. É que fui convidado pelo PSOL e, sabendo que o partido dificilmente faria uma bancada influente, avaliei que eu era dos mais aptos para, mesmo com o partido elegendo poucos ou apenas um vereador, produzir fatos políticos marcantes, embaraçosos para os governos estadual e municipal, e lançar lutas que repercutissem com mais intensidade, projetando o partido.
Passei a minha vida inteira envolvido com polêmicas na mídia (tanto por causa das minhas convicções revolucionárias quanto por ter atuado profissionalmente como administrador de crises), então aprendi a tirar coelhos da cartola e já obtive vitórias muito improváveis.
Encarei, portanto, o convite como uma MISSÃO que eu poderia cumprir melhor do que os outros. E, careca de saber que por mim mesmo nunca conseguiria me eleger, confiei que o partido o fizesse por mim, como era uma tradição da esquerda de outrora: o PCB escolhia quais de seus quadros seriam melhores para o representarem e instruía a militância a votar neles. A eleição de vereadores e deputados era verdadeiramente decidida na reunião do Comitê Central, Estadual ou Municipal, a ida à urna não passava de detalhe.
Mas, houve qualquer movimento contrário a mim nos bastidores e o PSOL não só deixou de me dar a ajuda com que eu contava, como até boicotou meu acesso a listagens de endereços (físicos e de e-mails) que eram vitais para mim, pois meu maior talento sempre foi a escrita.
Resumo da opereta, nem eu me elegi nem o eleito está conseguindo projetar o partido. Voce sabe quem é? Quase ninguém sabe.
Perdemos ambos. E eu avalio aqueles meses desperdiçados como uma das maiores roubadas em que entrei na vida.
Talvez isto tudo te choque, mas é como nós, revolucionários, encaramos a democracia burguesa. Para nós, as eleições e mesmo a conquista de uma presidência da República não passam de objetivos TÁTICOS. Só nos servem se ajudam a abrir caminho para a revolução, que é nosso objetivo ESTRATÉGICO.
Quando o PT se aburguesou e passou apenas a gerenciar o capitalismo para os capitalistas, sem fazer a revolução avançar um milímetro sequer, a Presidência passou a valer nada para nós, já que nem sequer cumpre sua função tática. Por isto, salvar o mandato da Dilma é a última das prioridades.
Muito à frente está salvar a imagem da revolução, que é duramente atingida quando um partido de esquerda adota uma política econômica de direita. Entre salvar Dilma ou expelir o Levy, muito mais importante para nós é livrarmo-nos do Levy, cuja associação com o governo do PT será uma mancha na imagem da esquerda por anos e anos vindouros. A direita jamais perderá uma oportunidade para nos atirar na cara de que, na hora do salve-se quem puder, adotamos até as diretrizes de nossos piores inimigos.
Pablo, meu caro, o que você quer que eu diga?
Em 1968 era a mesmíssima agonia, as tendências contrárias disputavam com tanto fervor a liderança do movimento de massas que até "esqueciam" quem era o verdadeiro inimigo. No congresso da UNE em Ibiúna, o esquema de segurança alertou que a repressão estava chegando, mas a tendência que estava ganhando contrapôs que era golpe para melar sua vitória. Enquanto discutiam se debandavam ou não, a repressão chegou.
Depois, a partir do segundo semestre de 1969, quando a luta armada foi se tornando cada vez mais adversa para nós, aprendemos a somar forças, até por necessidade: muitas eram as tarefas que um agrupamento já não tinha efetivos e recursos para cumprir sozinho.
Talvez a contundente derrota que se esboça e a subsequente hegemonia da direita levem a esquerda a calçar as sandálias da humildade, redescobrindo o imperativo da solidariedade revolucionária.
E está muito claro que a esquerda tem de renascer "nas escolas, nas ruas, campos, construções", como diria o Vandré, e não na disputa sôfrega e até canibalesca por posições em diretorias e por mandatos eletivos. Temos de voltar às origens, fazendo exatamente o contrário do que o PT fez nas duas últimas décadas, principalmente.
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