quarta-feira, 16 de setembro de 2015

UMA HISTÓRIA SEMPRE ATUAL: OS ÚLTIMOS DIAS DE POMPÉIA.

Sem dúvida! Tanto que Pompéia foi reconstruída...
Nem só de destaques da sétima arte vive a seção filmes para ver no blogue: hoje apresentarei aqui uma curiosidade.

Trata-se do épico italiano Os últimos dias de Pompéia (1959), um dos produtos mais respeitáveis da Cinecittà numa fase em que os italianos exploravam com avidez o filão da história e lendas da Antiguidade greco-romana. 

Rolavam muitos filmes de Hércules, Maciste, Sansão, Golias, Ursus e outros heróis protagonizados por halterofilistas que davam um duro danado para, remotamente, parecerem atores; o mais conhecido era Steve Reeves, que atua neste aqui, tão majestoso que dá a falsa impressão de ter mais do que seus 1m85.

As produções eram toscas mas, pelo menos, as fitas não tinham a pompa das congêneres estadunidenses; faziam uma mistureba de fatos históricos com mitos e invencionices, jamais cometendo o pecado de levarem-se a sério. Roger Corman deve ter aplaudido em pé.

De quebra, este Os últimos dias de Pompéia marca a estréia na direção de Sergio Leone, que na década seguinte se tornaria o criador e expoente máximo do spaghetti-western. 

Ele já tinha 28 filmes no currículo, como assistente de direção e/ou diretor da 2ª unidade, e na época recebeu o crédito novamente --e apenas-- por estas duas funções; mais tarde, contudo, ficou esclarecido que o verdadeiro realizador havia sido Corbucci e não o veterano Mario Bonnard, tanto que a cópia francesa abaixo disponibilizada com legendas em português já o reconhece como diretor (único).

Mas, não nutram expectativa exagerada. Trata-se de um Leone ainda contido, apenas contando bem sua história. O mesmo aconteceria no épico seguinte (O colosso de Rodes, 1961) e no primeiro faroeste (Por um punhado de dólares, 1964). O estilo personalizado começaria a aflorar em Por uns dólares a mais (1965), preparando o grande salto de qualidade que Leone daria com Três homens em conflito (1966), o maior western de todos os tempos na minha humilde opinião.

O roteirista também viria a ser um dos maiorais do bangue-bangue à italiana: Sergio Corbucci, o diretor de Django (1966), Os violentos vão para o inferno (1968), O vingador silencioso (1968), O especialista (1969) e Companheiros (1970), dentre outros. 

5 comentários:

Valmir disse...

esse gênero, que tb me fez viajar na maioneses horas sem fim, no passado remoto foi instituído no fascismo como forma de glorificar os feitos nacionais de um passado de suposto poderio e hegemonia italiano na antiguidade clássica..a tosquice intelectual do fascismo contaminou irremediavelmente o cinema italiano que numa reação ate certo ponto dialética veio dar no neo realismo o que não foi pouca coisa né?

celsolungaretti disse...

Valmir, confesso que não tenho informações mais aprofundadas sobre tal filão, mas o verbete da Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Peplum) o situa entre os anos de 1958 e 1965.

SF disse...

Vi o filme e não entendi porque vc disse que ele teria algo de atual. Será que poderia socorrer minha ignorância?

celsolungaretti disse...

Estamos vivendo um clima de "últimos dias", você não sente?

Faz-me lembrar a calmaria que antecede as tempestades. Sabemos que algo significativo vai acontecer, independentemente da nossa vontade, e só nos resta torcer para que a coisa, afinal, não seja tão ruim assim.

SF disse...

Sim, agora entendi o sentido de sua afirmação.

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