quarta-feira, 12 de agosto de 2015

SERÁ A 'EMENDA QUALICORP' UMA RETRIBUIÇÃO POR DOAÇÕES DE CAMPANHA?

Fui dos primeiros a denunciar a iniquidade da proposta de cerceamento da ação do Judiciário para que este não possa mais coibir abusos da medicina mercantilizada, formulada pelo incorrigível Joaquim Levy e apresentada pelo boneco de ventríloquo Renan Calheiros no último regabofe de ministros com senadores. 

O competente jornalista Bernardo Mello Franco é o último: depois de sua coluna Um plano para os planos, nada sobrou para se dizer sobre mais esta abominação que os Frankensteins do Palácio do Planalto estão tentando trazer à vida. Esgotou o assunto, como vocês podem constatar abaixo:

"O pacote lançado pelo senador Renan Calheiros não deve tirar a economia do atoleiro, mas tem tudo para aumentar os lucros de alguns empresários. Um dos setores mais animados é o dos planos de saúde, cujo lobby se espalha como vírus nos gabinetes de Brasília.

A proposta prevê a 'proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS'. A ideia ganhou um apelido sugestivo no Congresso: 'Emenda Qualicorp'. Se virar lei, o paciente que paga a mensalidade na saúde e é abandonado na doença ficará impedido de recorrer à Justiça para garantir os seus direitos.

Os planos viram alvo de ações quando se recusam a cobrir cirurgias e tratamentos de alta complexidade. Por desrespeitar contratos, encabeçam os rankings de reclamação do consumidor. Se os pacientes dependessem só dos políticos, seria melhor rasgar a carteirinha e engrossar as filas dos hospitais públicos.

Um levantamento dos professores Mário Scheffer, da USP, e Lígia Bahia, da UFRJ, ajuda a explicar essa cumplicidade. Em 2014, os planos doaram R$ 54,9 milhões a 131 candidatos. Ajudaram a eleger a presidente da República, três governadores, três senadores e 29 deputados federais.

A Amil, recordista em doações, investiu R$ 26,3 milhões. A Qualicorp, que agora batiza um item da 'Agenda Brasil' de Renan, deu R$ 4 milhões à campanha de Dilma Rousseff e R$ 2 milhões à de Aécio Neves.

Como ensinou um ex-diretor da Petrobras, não existe doação grátis. Em fevereiro, o deputado Ivan Valente propôs uma CPI para investigar abusos dos planos. O pedido foi engavetado por Eduardo Cunha, que recebeu R$ 250 mil da Bradesco Saúde".

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