sábado, 15 de junho de 2013

BLITZKRIEG SOBRE SAMPA: O XÍS DA QUESTÃO

A imprensa e os políticos reagiram exatamente como esperado à violência extrema que a Polícia Militar paulista desencadeou contra manifestantes, jornalistas, transeuntes e até fregueses dos botecos na  5ª feira negra: houve os que protestaram, houve os que justificaram, ordenaram-se investigações e é provável que um ou outro gato pingado venha a ser punido. Depois, o esquecimento.

Inconcebivelmente, nem a própria Folha de S. Paulo deu a devida importância à contundente denúncia do seu renomado colunista Elio Gaspari, de que  tudo transcorria de forma pacífica até que duas dezenas de policiais engendraram o caos:
"Num átimo, às 19h10, surgiu do nada um grupo de uns 20 PMs da Tropa de Choque, cinzentos, com viseiras e escudos. Formaram um bloco no meio da pista. Ninguém parlamentou. Nenhum megafone mandando a passeata parar. Nenhuma advertência. Nenhum bloqueio...
Em menos de um minuto esse núcleo começou a atirar rojões e bombas de gás lacrimogêneo... 
Atiravam não só na direção da avenida, como também na transversal..."
Em outras palavras, foi a provocação  da tropa de choque que deflagrou as agressões e o descontrole policial.

Então, o que tem mesmo de ser investigado é o seguinte: quem deu a ordem para eles agirem desta forma, e por quê?

Pois vários episódios anteriores já demonstraram que há uma  linha dura  dentro da PM, articulada em torno da Rota e composta por oficiais que tiveram a cabeça feita pela ditadura militar e até hoje atuam com espírito de Gestapo e não de polícia democrática.

Se nada for feito para identificar e expor esta corrente, outras provocações  virão, pois seu objetivo último é o de minar a democracia, abrindo caminho para um novo golpe de Estado. 

2 comentários:

José Geraldo Gouvea disse...

O argumento da segurança pública continua sendo brandido por aqueles que defendem a existência dessa milícia fascista, parida pela ditadura e mantida em seu lugar porque sucessivos governos civis não tiveram a coragem, ou o poder (sic), para ameaçar seus privilégios e, principalmente, para justificar aos seus verdadeiros comandantes qualquer medida democratizante.

O que houve em São Paulo, no centro da capital financeira do país, foi emblemático e não será esquecido, serviu como choque de realidade para quem acreditava que já fomos libertados dos grilhões da ditadura.

Estamos em um momento perigoso. O povo saiu às ruas, inicialmente insuflado pela direita e em nome de seus interesses, mas o movimento saiu do controle, começou a reivindicar coisas demais, e o resultado foi a própria direita ordenara a repressão.

Não sei você, Celso, mas sinto ares de 1963 no ar.

celsolungaretti disse...

Há uma diferença importante, meu caro Gouveia: desta vez o PT está do lado de lá, então os grandes capitalistas e os EUA não têm mostrado intenção nenhuma de se livrar dele.

Para que um novo golpe de Estado, se a polícia do Alckmin bate à vontade e o governo federal se omite?

O João Goulart não era um modelo de presidente corajoso, mas, comparado ao Lula e à Dilma...

E que falta nos faz um Brizola como o dos anos 60! A esquerda revolucionária até agora não forjou um líder sequer com tal envergadura.

Lamentavelmente. Se existisse, o PT não se deslocaria tanto para a direita, pois ele seria um pólo de atração dos militantes decepcionados.

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