domingo, 24 de junho de 2012

O PARAGUAI E SUA "OBSCENA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA"


É do veterano  correspondente internacional da Folha de S. Paulo, Clóvis Rossi, a melhor análise que encontrei na grande imprensa sobre o golpe paraguaio: A solidão que derrubou Lugo (acesse íntegra aqui). Confiram os trechos principais: 

"Sua vitória [a eleição de Lugo] foi um triunfo isolado, não de um movimento...

Teve que recorrer a um partido tradicional, o Liberal Radical Autêntico, para poder governar. Quando o PLRA o abandonou, caiu sem pena nem glória.

...Segundo problema que a América Latina não consegue resolver: a obscena distribuição da renda. No caso do Paraguai, dá-se que 1% dos proprietários rurais detêm 77% das terras, ficando apenas 1% para os 40% de camponeses donos de menos de cinco hectares.

Enquanto 350 mil famílias sem terra se tornaram 'carperas' (vivem em 'carpas', barracas de lona em espanhol), 351 proprietários são donos de 9,7 milhões de hectares.

Alguma surpresa que haja conflitos pela terra, um deles exatamente o que acabou sendo o pretexto para a deposição de Lugo, com a morte de 17 pessoas, policiais e sem-terra, na semana passada?

Se Lugo alguma culpa tem nessa história, não é a de ter ordenado ou provocado o incidente, mas o de não ter conseguido fazer a reforma agrária que prometeu ao assumir em 2008. Pretendia retomar para o Estado um total de 8 milhões de hectares, para depois dividi-los entre as famílias (300 mil então) que pediam a democratização do acesso à terra.

Se a tivesse executado, talvez caísse até antes, que os 'terratenientes' são impiedosos, mas talvez não estivesse tão solitário".

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