Tentando inutilmente evitar que as represadas crises cíclicas do capitalismo finalmente se desencadeiem com força total, gerando uma depressão pior ainda do que a da década de 1930, o Fundo Monetário Internacional começa a articular um socorro de algo entre € 40 bilhões e € 90 bilhões para os banqueiros espanhóis --o qual, claro, implicará terríveis sacrifícios para os cidadãos comuns mas apenas adiará a inevitável queda do castelo de cartas.
Não vou repetir pela enésima vez os motivos pelos quais são inúteis tais tentativas. Quem quiser conhecê-los poderá, p. ex., acessar meu artigo de outubro/2011, Reflexões sobre o capitalismo putrefato (clique aqui ).
Desta vez, prefiro deixar um comentário poético sobre o que está ocorrendo: o do grande compositor Sérgio Ricardo, numa premonitória e não notada canção de quatro décadas atrás, Bezerro de ouro. Os artistas são mesmo a antena da raça...
Não vou repetir pela enésima vez os motivos pelos quais são inúteis tais tentativas. Quem quiser conhecê-los poderá, p. ex., acessar meu artigo de outubro/2011, Reflexões sobre o capitalismo putrefato (clique aqui ).
Desta vez, prefiro deixar um comentário poético sobre o que está ocorrendo: o do grande compositor Sérgio Ricardo, numa premonitória e não notada canção de quatro décadas atrás, Bezerro de ouro. Os artistas são mesmo a antena da raça...
"Os bancos de caixa forte
que eram rochas, se quebraram
e um rio de dinheiro correu.
Os habitantes da Terra,
tão descuidados pescadores,
içaram velas ao vento
pra se afortunar.
Pesca o dólar,
pesca o rublo
e a libra esterlina.
Pesca as tranças
empenhadas
da pobre menina.
Pesca o amor, que foi vendido
protestando estima.
O dinheiro faz dinheiro,
esse rio multiplicou-se
e a Terra, submergindo, naufragou.
Os habitantes da Terra,
tão descuidados pescadores,
se afogaram no dinheiro
sem se aperceber.
Pesca o dólar...
Um banqueiro precavido,
dono da arca, pôde salvar-se,
levando remanescentes
para o amanhã:
umas tranças de menina,
tão empenhadas de esperança
e um bezerro de ouro,
lacrimejado em brilhantes.
2 comentários:
Celso,
Me impressiona uma (aparentemente) nova estratégia, feita para evitar a articulação das massas revolucionárias: Esconder para baixo do tapete as crises.
Há um tempo atrás, falava-se da Grécia e um possível calote. A crise por lá ainda não acabou, a Espanha entra nela agora e a hemorragia não foi estancada.
Contudo, não se fala disso. Nada de significativo parece estar acontecendo. O paciente padece de tuberculose, mas, para quem não é da família, fala-se que é um resfriado.
Essa fachada faz com que não nos movimentemos em solidariedade aos trabalhadores do Velho Mundo. Não se noticia direito o que acontece, e nós ficamos aqui, vendo o futebol.
É cruel que dependamos dos pulhas que controlam a mídia para nos movimentar. Assim, só soltaremos nossas vozes para as causas que eles permitirem.
Parabéns por nadar contra essa maré.
Abraços,
Ivan
Amigo,
Em 1929, durante a quebra da bolsa de NY, tamanha era a crise econômica nos EUA que muita gente dizia que o capitalismo tinha chegado ao fim, alguns anos depois ele ressurgiu e continuou sua tragetória de crises e ressurgimentos.
As pessoas já se acostumaram a esta verdadeira tábua-das-marés capitalistas.
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