domingo, 19 de fevereiro de 2012

O DIAGNÓSTICO DE TOSTÃO SOBRE A MEDIOCRIDADE DO NOSSO FUTEBOL

Os jornalões quase nada trazem de importante, que mereça ser comentado, neste domingo de carnaval.

A exceção ficou por conta do outro ex-craque da bola que agora nos brinda com atuações magníficas no teclado: Tostão.

Semelhante a Sócrates pela maneira inteligente de jogar, pela profissão fora dos gramados (ambos médicos), pelas posições políticas esclarecidas, por ter o que dizer e saber expressar-se muito bem.

Brilhou no futebol quando uma ditadura terrível estava no auge. Talvez por isto, talvez por ser naturalmente tímido e discreto, Tostão nunca deu declarações contundentes nem subiu a palanques. 

Mas, com sua extrema dignidade, é um exemplo de homem que não se deixou distorcer pelos holofotes. Continua mineiramente transmitindo sua sabedoria a quem tem o privilégio de o escutar.

Sua coluna dominical, cujos principais trechos reproduzo, é um dos melhores diagnósticos que já li sobre os motivos pelos quais o melhor futebol do planeta hoje se joga na Espanha e o Brasil está seriamente ameaçado de novo fiasco no Mundial que sediaremos:
"...quando, onde e como começou o fascínio dos técnicos pelo jogo aéreo, pelos chutões, pelos lançamentos longos e outros detalhes?
Imagino que os treinadores, influenciados pelo tecnicismo mundial em todas as áreas, pela busca de conhecimento científico que poderia desvendar os segredos de um jogo, e pela busca do ouro, do prestígio e do poder, características do ser humano, adotaram uma maneira de jogar mais segura, previsível e mais fácil de ser treinada e repetida.

Todos os técnicos passaram a fazer e a falar as mesmas coisas. Criaram milhares de conceitos e chavões repetidos por torcedores e imprensa.

Com isso, passaram a ter o controle das partidas e dos jogadores. O sonho dos treinadores é transformar o futebol em um jogo programado, sem surpresas. Isso os torna mais importantes. Os comentaristas passaram a analisar todos os jogos a partir da conduta dos técnicos.

É mais seguro dar um chutão, para se livrar da bola, e fazer um lançamento longo, mesmo para um companheiro marcado, do que trocar passes no meio-campo, ainda mais na defesa. Isso evita perder a bola e levar o contra-ataque.

É mais fácil cruzar a bola na área do que fazer triangulações. Para isso, basta ensinar jogadores medianos a cruzar e a cabecear bem. Daí, surgiram os 'cai-cais', que tentam cavar faltas, enganar os árbitros, para jogar a bola na área.
 É mais seguro colocar zagueiros encostados à grande área, para diminuir os espaços nas costas, do que adiantá-los. Por outro lado, aumentam os espaços entre zagueiros e volantes. Se esses ficam muito atrás, o time fica muito longe do outro gol quando recupera a bola.
Por essas e várias outras condutas, os técnicos tomaram conta do jogo e se tornaram estrelas do espetáculo. Quanto mais rígida a estratégia, mais difícil é formar jogadores inventivos e habilidosos. Com menos craques, há menos chances de mudar a maneira de jogar. Cria-se um círculo vicioso negativo.

A única justificativa para tanta mediocridade era e é o resultado, como se, para vencer, fosse essencial jogar feio e com menos riscos. Nem o resultado mais existe".
Se queres um monumento, olha para as últimas competições importantes: o Campeonato Brasileiro foi vencido pelo Corinthians, que deve ter entrado para o Guiness como recordista de vitórias por 1x0, enquanto no Mundial de Clubes o Barcelona goleou o Santos por 4x0, numa partida cujo placar mais justo seria 7x1.

2 comentários:

ismar disse...

Meu caro Celso,

Li seu artigo como se fosse uma justa homenagem ao Tostão, a quem eu não vi jogar, mas comecei a admirar depois de ler os artigos que escreve sobre futbol e vendo os videos da copa de 1970. Naquela copa ele foi um dos grandes dentro de campo.

Eu acho que na época (1970) quando a dkitadura começou a assassinar qualquer tipo de opositor mais contundente, era muito dificil criticar. Mesmo Sócrate se estivesse jogando em 1970, não faria as mesmas contestações ou fez em 1980; se fizesse seria preso ou morto com certeza.

Legal o teu artigo.

Anônimo disse...

"Esse..." daí meus amigos, conhecido como Tostão, surgiu no gigante da Pampulha onde um dia, por inveja, Paulo Machado de Carvalho soutou essa: que o Mineirão seria um elefante branco...inveja porque São Paulo não conseguiu fazer um estádio como o Mineirão tanto é que o elefante branco participou das Confederações e vai sediar também jogos na copa de 2014. E o Morunmbi paulistas? vai sediar o que? Tostão surgiu com outros grandes craques que aqui dentro do BRASIL morrem de inveja como por exemplo, Dirceu Lopes, Reinaldo, Cerezo, Nelinho, Zé Carlos, Piazza, Luizinho, Éder, Joãozinho, Evaldo, Hilton Oliveira, Natal, Vanderlei do Galo, Lola, Humberto Ramos, Spencer, Grapete, Vantuir...Pedro Omar, Juca Show, Amauri, Jair Bala...e aí? Dario o peito de aço...não era um Pelé mas todo jogo guardava a bola nas redes...lembram paulistas do que o Cruzeiro fez com o Santos em 1966? Pois é...e o elefante branco vai ser sede da COPA NO BRASIL...E O MORUMBI paulistas?

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